“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CONVICTOS
Livre
arbítrio – “Possibilidade de decidir, escolher em função da
própria vontade, isenta de qualquer condicionamento”.
Convicção
–
“Crença ou opinião firme, inarredável, a respeito de algo com base em provas,
razões íntimas ou como resultado da influência ou persuasão de outrem”.
O
livre arbítrio permitiu à humanidade escolher seus
caminhos e disso resultou em última análise a civilização. Chegamos ao que
somos porque assim o decidimos. Houve percalços no caminho, enveredamos por
vezes – e ainda o fazemos – por caminhos tortuosos que envergonham os que com
isenção estudam a História.
Escravidão, a “Santa Inquisição”, guerras fratricidas,
crime organizado, terrorismo e outros que tais se incluem no contexto do
passado, alguns subsistem.
A
convicção pode ser a antítese do livre arbítrio, é o resultado
da influência persuasiva de outrem ou de um contexto predominante. Conduz
frequentemente a crenças dissociadas do bom senso e podem nos levar a cometer
atos destituídos de racionalidade. Acreditar nas aleivosias incutidas por quem
tem influência suficiente para tal. Pode ser uma autoridade ou uma crença
entranhada ao extremo. Um homem-bomba, por exemplo, tem de ser convicto. Quem
acredita nas “Guerras Santas” também. Ouvir um alto dirigente dizer que é o
homem mais honesto do Brasil e acreditar nisso só um convicto, quem afirma que
seu líder é o Messias redivivo é também um convicto.
Outra maneira de espraiar as convicções é a “grenalização”
que campeia solta, bolsomínions e petralhas são convictos antípodas.
O perigo é que essa dicotomia nos direciona para um
comportamento mais próximo do ódio que da solidariedade, anos-luz afastado da
razão. Uma forma autodestrutiva de agir, de se comportar, de votar. Não elege
um candidato pelo que ele é, opta pelo que ele não é! Elegeu Bolsonaro porque é
a antítese de Lula e elegeu Lula porque não suportava os Sarneys e Collors da
vida. Era tão arraigada essa aversão que
nem levaram em conta Itamar-FHC, representantes do meio termo, que inclusive
domaram a inflação (2.477,15% ao ano em dezembro de 1993 – IPC).
A Síndrome de Estocolmo explica como uma pessoa
sequestrada, torturada e mantida cativa, em vez de execrar seus captores passa
a se considerar parte do bando, se apaixona por elemento componente do mesmo,
algo completamente incompreensível para alguém normal. Patrícia Hearst,
milionária, em 1974 foi vítima do mais famoso episódio da Síndrome de
Estocolmo. Aderiu ao Exército Simbionês de Libertação e, inclusive, participou
ativamente de assaltos a bancos até ser presa, julgada e condenada a sete anos
de prisão. Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos mandou suspender a pena
de reclusão.
Instigante um estudo sobre uma Síndrome de Estocolmo,
que afeta pessoas, muitas, a ponto de se comportarem como admiradoras
incondicionais de Governantes não merecedores de estima, muito ao contrário.
O então presidente Collor anunciou, em 16 de março de
1990, que as poupanças seriam confiscadas. Na prática só seria permitido sacar
até 50 mil cruzados novos. Qualquer quantia acima desse limite ficaria retido
por 18 meses. Os bancos permaneceram fechados por três dias e a medida agravou
ainda mais uma crise econômica já existente. O país enfrentava uma inflação
fora de controle. Os bancos ficaram fechados por três dias e a medida agravou
mais ainda uma crise econômica já existente, o país enfrentava uma inflação
fora de controle.
Apesar de ter perdido os direitos políticos por oito
ano, o eleitorado de Alagoas, convicto,
o elegeu como senador em 2007, 2015 e 2019. O ex-presidente Fernando Collor usou o seu Twitter nesta segunda-feira (18/05/2020)
para pedir desculpas pelo confisco da poupança realizado no seu governo.
Ante o temor da
repetição de atos dessa natureza, em 2001 foi votada a Emenda Constitucional 32/2011, que em seu Art. 62 estipula que é
vedada edição de medidas provisórias sobre a matéria. Medidas extremas que
visem detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer ativo
financeiro dependem de aprovação do Congresso Nacional.
Mas, e há sempre
um mas, em 2012 o Banco Central alterou a remuneração das poupanças brasileiras
durante o governo da presidente Dilma Rousseff... e perpetrou-se mais um ataque
aos planos de poupança dos que pretendiam um futuro mais confortável após a
aposentadoria. Vamos aos fatos: Os rendimentos da Caderneta de Poupança até 03 de maio de 2012 eram de
0,5% ao mês (6,12% ao ano), mais Taxa Referencial, livre de Imposto de
Renda. Era um porto
seguro para você e milhões de brasileiros. O que mudou com a MP 567, de 03
de maio de 2012? Apenas um detalhe, que faz toda a
diferença. A regra agora é condicional. Com a
taxa de juros da economia (Selic) aci 17% + TR. Com
a Selic de 8,5% para menos, a rentabilidade cai para 70% da Selic + TR (= a
zero). Com
a Taxa Selic atualizada em 3%, o rendimento da caderneta de poupança anual se
reduz a 2,1%, abaixo da inflação. Perda
de 4,O7% anual + a TR não zerada. Tem de ser muito convicto para suportar
sem ressentimento.
Ante uma
situação tão desfavorável aos pequenos poupadores, apenas a eles, visto que os
juros cobrados pelos bancos continuam estratosféricos, só resta dizer: “Que o universo se cale e me ouça
falar” (Jean-Jacques Rousseau).
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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