domingo, 28 de junho de 2020

ART. 5º,XV - CONSTITUIÇÃO FEDERAL




http://www.litoralmania.com.br/art-5-xv-da-constituicao-federal-jayme-jose-de-oliveira/


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


Art. 5, XV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão. Não é liberdade de destruição da democracia, das instituições, da honra alheia”. (Alexandre de Moraes, Ministro do STF)
Podemos e devemos usar a mesma régua quando nos referimos às manifestações públicas, de protesto ou apoio, em espaços públicos. Como o próprio nome indica são espaços públicos e sua usurpação por multidões, sob qualquer pretexto, afronta o direito de ir e vir definido no Art. 5, XV, da Constituição Federal de 1988, o qual menciona ser livre a locomoção no território nacional em tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, permanecer ou sair dele com seus bens.
Uma aglomeração que impeça o trânsito ou a locomoção individual, inclusive pelas calçadas, é uma desobediência à Constituição. Ponto.
Mas, dirão os desconformes, também está explícito o direito de permanecer. Elementar meu caro Watson, permanecer, nunca trancar, obstruir. Quem obstrui, seja por que motivo for, impede que ambulâncias transportem doentes – e isso é de extrema gravidade -, médicos e funcionários do Serviço da Saúde compareçam aos hospitais, trabalhadores aos seus empregos, estudantes a estabelecimentos de ensino, transeuntes circulem, tudo isso é inconstitucional. Sempre lembrando que o interesse coletivo prepondera sobre o individual.
“Os interesses coletivos, como direito à vida e à segurança devem prevalecer sobre os individuais”.  (Correio Forense – 29/12/2018)
“No quadro de mudanças da Constituição da República de 1988 se impõe o Direito Administrativo Brasileiro e merece atenção o olhar de importantes autores sobre a supremacia do interesse público sobre o interesse privado, ideia chave do regime administrativo”. (Celso Antônio Bandeira de Mello, Hely Lopes e Maria Sylvia di Pietro). Acrescentam: “A supremacia do interesse público sobre o particular consubstancia um princípio do ordenamento jurídico brasileiro, ainda que não esteja expressamente contemplado em nenhum texto normativo”. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, “A prevalência dos da coletividade sobre os interesses particulares é pressuposto lógico de qualquer ordem social estável e justifica a existência de diversas prerrogativas em favor da Administração Pública”.
Mutatis mutandis, o legítimo direito de manifestação, consolidado na Constituição de 1988 também deve se jungir ao direito dos não participantes. Cumpre deixar à disposição um corredor para uso desses segmentos da população. Temos a considerar, também, que manifestações pacíficas e legítimas habitualmente são utilizadas como escudo e proteção para grupos estranhos ao movimento para depredar, vandalizar, causar confusão e alvoroço. Não pode ser admitido o efeito colateral de destruição e prejuízo causado a terceiros que nada tem a ver com a situação,  frequentemente acarreta debacle financeiro irrecuperável aos atingidos.
Finalmente, o mais grave resultado possível – causado por aglomerações nestes tempos de pandemia – nem é o perigo de contágio (quem procura acha, como diria Brizola), a disseminação incontornável às pessoas que entrarem em contato com esses irresponsáveis, poderia dizer e o faço sem receio de exagero: são irresponsáveis, repito, e os considero culpados pelas mortes que venham a decorrer do contágio provocado.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


terça-feira, 23 de junho de 2020

ERATÓSTENES





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ERATÓSTENES
O potencial do nosso cérebro – a maravilha suprema do universo conhecido – nos leva a crer na possibilidade infinita do progresso e isso é fácil de compreender. Na mega sena são escolhidos conjuntos de seis números de um grupo de sessenta. Quantas as combinações possíveis? Nada menos de 50.063.860, mais de cinquenta milhões. Possuímos 86 bilhões de neurônios, cada um pode realizar sinapse (contato entre neurônios). Quantas combinações possíveis? Um matemático pode calcular usando uma fórmula, se quiser discriminar com algarismos não encontrará espaço para tanto. Todas as estrelas do Universo não atingem esta quantidade.

O conhecimento é semelhante a uma escada, cada degrau corresponde a uma descoberta e cresce continuamente. Nossos antepassados legaram seus conhecimentos, Eratóstenes calculou a circunferência da Terra 200 anos antes de Cristo. Errou por 75 quilômetros. Incrível precisão, se considerarmos os recursos disponíveis na época. A ilustração permite uma percepção da forma como solucionou a questão.




Carl Sagan na série “Cosmos” dedicou um episódio, no qual relata a experiência de Eratóstenes:
ERATÓSTENES – Vídeo da série COSMOS de Carl Sagan – 6min38seg
Cérebros exponenciais descobriram o que sabemos hoje. Sermos o que somos devemos a Eratóstenes, Euclides, Arquimedes, Copérnico, Pasteur, Newton, Einstein, Volta, Asimov, Fermi e tantos que impossível citar. Por outro lado, somos seres também espirituais e a religião, os costumes e a civilização foram criados e difundidos por Cristo, Maomé, Buda, Lutero, Mandela, Luther King, Gandhi...

Somos o que somos por sermos o produto desses cérebros.  
  

O formato e dimensões do planeta Terra foram alvo da curiosidade dos homens desde a antiguidade. As mais diversas teorias foram aventadas, terraplanismo e esfericidade coexistiram durante séculos, atualmente, não restam dúvidas sobre a esfericidade, salvo para grupos recalcitrantes. Nenhuma evidência científica é apresentada por eles.
Nos pensamentos primitivos egípcio e mesopotâmico, o mundo era retratado como um disco flutuando no oceano. Um modelo semelhante é encontrado no relato homérico do século VIII a.C. em que "Oceano, o corpo de água personificado que envolve a superfície circular da Terra, é o engenheiro de toda a vida e possivelmente de todos os deuses".
Os israelitas também imaginavam a Terra fosse como um disco flutuando nas águas; um firmamento arqueado separava a Terra dos céus. Como a maioria dos povos antigos, os hebreus acreditavam que o céu era uma cúpula sólida com o Sol, a Lua, as estrelas errantes (planetas) e as estrelas embutidas nela.
O terraplanismo é um movimento cuja tese fundamental é a alegação de que a Terra é plana, em oposição à visão comprovada de que a é esférica. Traços desta crença são encontrados em tempos remotos (por exemplo: os sumérios, os babilônios, os antigos egípcios, os hebreus primitivos e a maior parte dos gregos). Mesmo na Grécia antiga, esta tese já havia sido questionada por alguns cientistas e, depois, na Idade Média, por alguns padres (como, por exemplo: Alberto MagnoVenerável Beda e Tomás de Aquino). No final da Idade Média e início da modernidade, o terraplanismo foi contestado de maneira mais incisiva. A esse respeito, os principais nomes são: CopérnicoGalileuColombo e Fernão de Magalhães.

No entanto, curiosamente, esta crença reaparece no final do século XIX e tem ganhado força atualmente com as mídias sociais.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha revelou que 7% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana.  O levantamento entrevistou 2.086 pessoas maiores de 16 anos em 103 cidades espalhadas pelo País.
De acordo com o resultado, a estimativa é que cerca de 11 milhões de brasileiros acreditem na teoria da Terra plana.    90% dos entrevistados declararam que o planeta era esférico e os outros 3% não souberam responder a pergunta.
Ainda segundo o levantamento, os menos escolarizados são os mais propensos a acreditar no terraplanismo. 10% das pessoas que tem até o ensino fundamental completo disseram que a Terra era plana, contra 6% entre os que completaram o ensino médio e 3% entre os que têm curso superior.

Jayme José de Oliveira

Dra. Marília Gerhardt de Oliveira

segunda-feira, 22 de junho de 2020

REFLEXÕES DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL






CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira

17 - REFLEXÕES DURANTE O ISOLAMENTO SOCIAL

São tantos os dilemas éticos que estamos vivendo em nosso Brasil, que procurei listar alguns para análise e reflexão de mulheres e homens que almejam um futuro democrático e com a retomada de uma imagem positiva deste maravilhoso país aos olhos do mundo civilizado.
- Ciência, Cultura, Centros de Pesquisa e Inovação, Universidades, Acervos Históricos não são prioridades.
- Vulnerabilidade agravada de favelados, crianças, mulheres, negros, quilombolas, indígenas e grupos populacionais estigmatizados por preconceitos odiosos de gênero, etnia, credo religioso, ideologia.
- Chanceler sem histórico de comandar as principais Embaixadas Brasileiras.
- Ministério do Meio Ambiente aparentemente descomprometido com a solução efetiva da grave situação de devastação crescente da Amazônia e outros importantes problemas nesta área.
- Fake News, “Gabinete do Ódio”, falta de transparência quanto ao financiamento de atos antidemocráticos.
- Homenagens descabidas a torturadores do Regime de 1984.
-  O silêncio constrangedor do Executivo Federal quando de ataques de Supremacistas Brancos ao STF.
- Queiroz e as “rachadinhas”.
- Mais um sítio... em ATIBAIA (SP).
- Substituição sucessiva de dois Ministros da Saúde por um General não profissional desta área de especialidades em plena Pandemia Covid-19.
- Dificuldade de acesso ao Auxílio Emergencial, aprovado pelo Congresso Nacional, pelos verdadeiramente despossuídos (de teto, emprego, saúde e educação básica de qualidade).
- Cartão Corporativo do Executivo Federal cada vez mais oneroso e continuadamente sigiloso.
- Acordos de “governabilidade” com o “Centrão”, mais uma vez.
- Inexplicável não mais recadastramento de armas e munições.
- “Espetaculosa” operação com viagem de Ministro da Educação (investigado pelo STF) para USA/EUA e sua imediata exoneração após pisar firme em solo estado-unidense.
-Executivo Federal com extrema dificuldade de dar exemplo (usar máscara e não participar de aglomerações).
- Executivo Federal sem empatia solidária por familiares e amigos das mais de 50 mil vidas ceifadas pelo Covid-19.
- Mas, incrivelmente, o melhor e maior feito deste Executivo Federal foi o de unir os 11 Ministros do STF na nobre missão de se debruçar na análise dos graves crimes que estão sendo perpetrados país afora; considero uma tentativa elogiável destes juristas da Suprema Corte Brasileira salvaguardar nossa Democracia.
                                                                                         Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A TERRA NÃO É PLANA





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CIÊNCIA E CULTURA – 19/06/2020

Marília Gerhardt de Oliveira
Jayme José de Oliveira

A TERRA NÃO É PLANA

Houve muitos luminares no decorrer da História, entre os quais Eratóstenes (Cirene, 276 a.C. — Alexandria, 194 a.C.) que foi um matemático, gramático, poeta, geógrafo, bibliotecário e astrônomo da Grécia Antiga, conhecido por calcular a circunferência da Terra.
É considerado o pai da Geografia na Antiguidade, em função dos importantes estudos sobre as medições da Terra que realizou. Foi um dos principais Cientistas e Pensadores da Grécia Antiga. Praticamente não havia assunto pelo qual Eratóstenes não se interessasse: Filosofia, História, Gramática, Poesia, Geografia e Matemática. Tudo o atraía e sobre cada um desses assuntos ele escreveu trabalhos de grande valor. Astronomia e números, porém, eram seus temas prediletos e, como toda Ciência Grega de então sofria a influência das ideias de Pitágoras, Eratóstenes formou-se pela linha pitagórica, a qual admitia teorias muito avançadas para a época. Aceitava, por exemplo, que a Terra fosse uma esfera solta no espaço, girando em conjunto com várias outras ao redor de um núcleo central de fogo (o Sol), numa antevisão do sistema que só bem mais tarde Copérnico enunciaria.
O Faraó Ptolomeu III do Egito nomeou-o o bibliotecário-chefe da Biblioteca de Alexandria, a mais importante da Antiguidade, que chegou a possuir mais de dois milhões de papiros em seu acervo antes de ser destruída num incêndio criminoso. Há várias versões sobre quem ordenou esse atentado que privou, certamente, a Humanidade de um tesouro inestimável. Exerceu este cargo de 236 a.C. até sua morte.
Por volta do ano 220 a.C. a crença mais aceita era o Terraplanismo, embora houvesse quem admitisse que a Terra era esférica, mas ninguém sabia dizer qual a medida de sua circunferência. Inconformado com esse estado de coisas, Eratóstenes resolveu sanar a falha, para tanto, utilizando como dados a distância entre Alexandria e Syene, a data de 21 de junho e um ângulo formado pelo Sol ao meio dia concluiu que era de 40.000 quilômetros.
Para medir o tamanho da Terra, Eratóstenes raciocinou assim: Syene e Alexandria situavam-se quase sobre o mesmo meridiano (linha equivalente à circunferência da Terra). Syene ficava praticamente sobre o Trópico de Câncer. Portanto, no dia de solstício de verão, ao meio-dia, os raios solares incidiam perpendicularmente, ou seja, a 900, sobre a cidade. No mesmo dia, à mesma hora, ficavam a 83,20 sobre Alexandria, afastada 800 quilômetros de Syene. Vendo que a um segmento de circunferência medindo 800 quilômetros correspondia uma diferença de 7,2º na incidência dos raios solares, Eratóstenes precisou apenas fazer uma regra de três simples para achar o correspondente aos 3600 da circunferência terrestre. Obteve como resultado 40.000 Km.
Dos três dados requeridos para o cálculo, apenas a distância entre as cidades apresentava dificuldades para a obtenção. Lembremos que na época, 200 a.C., não havia muitas alternativas confiáveis, a mais prática seria a contagem de passos a ser realizada. Eratóstenes contratou um atleta para percorrer as centenas de quilômetros em linha o mais possível reta e sem sucumbir à exaustão. Mas, como contar os passos? Elaborou uma solução genial.                                                                                                            Suspendeu no pescoço do atleta três bolsas: uma deixou pender para o lado direito, a segunda para o esquerdo e a terceira sobre o peito. Numa das laterais, cem pequenos seixos e orientou que, a cada cem passos um fosse transferido para o lado oposto. O centésimo contabilizaria 10.000 passos e, este, seria depositado na bolsa frontal. Invertendo o processo a número 99 iria para o peito e assim sucessivamente. Observe-se que, a cada transposição diminuiria um seixo e isso teria de ser considerado ao final. Orientações finais: lacrar as bolsas e as trazer de volta para o contratante. Matemático da categoria de Eratóstenes, não teve dificuldade para tomar conhecimento do total e, com uma simples multiplicação, encontrar a distância percorrida.
Passados mais de 2.000 anos, os estudiosos foram conferir os cálculos de Eratóstenes e tiveram uma grata surpresa: a nova medição, realizada com equipamentos de precisão e modernos sistemas de cálculo, resultou numa cifra praticamente idêntica à do sábio, ou seja, 40.070 Km.
Os cálculos de Eratóstenes sobre a dimensão da Terra não foram aceitos na época e séculos decorreram antes de ser abandonada a teoria do Terraplanismo no mundo civilizado. Como poderia ser admitida uma Terra esferoide? Numa Terra plana havia estabilidade, numa esfera os habitantes da parte inferior cairiam no vácuo circundante.  Lembremos que não conheciam a força da gravidade. Isaac Newton viria a publicar os estudos e formular a Lei da Gravitação Universal em 1867 d.C.
De repente, não mais do que de repente, ressurge o Terraplanismo.  Estupefatos, assistimos personagens guindados à liderança (temporariamente) se apoiarem em retrocessos inimagináveis, ignorando a Ciência enquanto homens e mulheres frequentam estações espaciais, comunicações se apoiam em satélites e se planejam viagens interplanetárias.
Se não fosse trágico culturalmente, seria hilário. Mas educar um povo é uma nobre responsabilidade para pessoas capazes e vocacionadas a viver (e deixar viver) com base na verdade, o que parece constranger aqueles que se permitem continuar manipulando de forma torpe segmentos vulneráveis da sociedade (que deveriam merecer bem mais respeito).



ISOLAMENTO EM TEMPO DE PANDEMIA





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ISOLAMENTO EM TEMPOS DE PANDEMIA
O Ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, defendeu o direito de ir e vir para as pessoas saudáveis: “Estou são, não vou infeccionar ninguém, eu posso circular se quiser”.
O economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, pondera que a circulação de pessoas durante o surto da pandemia é um equívoco, impacta no bem-estar de outras pessoas que não estão envolvidas na atividade. É uma falácia defender o direito de se deixar infectar, desconsidera que se tornarão vetores de disseminação do vírus e ninguém tem direito a este proceder. 

O isolamento social deve preponderar nas atuais circunstâncias para evitar que pessoas sãs, principalmente as que pertencem aos grupos de risco e estão guardando a quarentena corram o risco de contágio pelos que não obedecem a este procedimento.

Importante, também, lembrar que muitos abnegados ficam sujeitos à contaminação em razão de suas atividades serem essenciais – profissionais da saúde, do transporte, do mercado de gêneros e medicamentos entre outros - e, por irresponsabilidade de alguns, esses riscos são extrapolados injustificadamente. Ressalto que ainda não estão à disposição vacinas nem medicamentos para o Covid-19.

“Dia 13 publiquei coluna abordando experiências com tratamento usando plasma de pacientes recuperados do Covit-19. Hosana! Ontem, dia 15, recebeu alta, no Hospital Virvi Ramos, Caxias do Sul, Tarcísio Giongo, 63 anos está recuperado após mais um mês e meio recebendo cuidados em situação considerada grave na unidade de tratamento intensivo. A melhora se deu após cerca de 15 dias com transfusão de plasma convalescente, o tratamento experimental pioneiro no Estado (clique para maiores detalhes). Giongo, agora, é considerado recuperado do coronavírus. As informações são do Hospital Virvi Ramos”. Flávio Klamt doou plasma convalescente para o tratamento.


Quando várias opiniões e assertivas possuem argumentos ponderáveis surge um problema a ser resolvido: qual o peso das alegações e como optar por uma, com parcial detrimento de outras? Sempre o coletivo prepondera sobre o interesse individual ou de grupos. A própria Constituição Brasileira de 1988 assim o determina e quando o problema ocasionado pelo surgimento do Covid-19 ocupa o proscênio - aparece como protagonista essencial - isso se torna impositivo e, nesse sentido foi editada a Portaria pelos Ministérios da Saúde e da Justiça com determinações sobre a obrigatoriedade do cumprimento das medidas estabelecidas na Lei nº 13.979/2020, inclusive com prisão:

Presidente da República, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:                                                                                                                                                     Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre as medidas que poderão ser adotadas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, responsável pelo surto de 2019.                                                                                                                            Art. 2º - Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:                                                                                                                         I - Isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus; e                                                                                                                             II - Quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.                                                                                                                    Parágrafo único.  As definições estabelecidas pelo Artigo 1º do Regulamento Sanitário Internacional, constante do Anexo ao Decreto nº 10.212, de 30 de janeiro de 2020, aplicam-se ao disposto nesta Lei, no que couber.                                                                                                                            Art. 9º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.                                                                                                                                                                 Brasília, 6 de fevereiro de 2020; 199º da Independência e 132º da República.                               
Jair Messias Bolsonaro
Sérgio Moro
Luiz Henrique Mandetta
Prisioneiros libertos por ordem judicial optarão pela reclusão domiciliar ou perambularão, inclusive cometendo crimes e, certamente, propagando a pandemia? Insisto, os benefícios individuais são subjacentes ao bem-estar da comunidade. Além de irresponsável, a circulação dessas pessoas é um ato que configura crime contra a saúde pública ao transgredir determinação do poder público acima expressa, destinada a dificultar a propagação do Covid-19.
Ademais, com o atual pandemônio causado pelo Covid-19 estamos jungidos a diversos atos do poder público que limitam a liberdade de ir e vir de toda a população, inclusive presidiários em regime de soltura. Ocorre o fechamento compulsório de estabelecimentos comerciais, academias, agências bancárias, cinemas e parques, tudo com intuito de barrar a propagação do vírus em território nacional.
Voltando à soltura de presos, tenho menor dificuldade em acreditar na obediência ao confinamento de cidadãos probos, habituados a obedecer a legislação. Presidiários, cujo principal desejo é sair do confinamento prisional, ao serem libertos, trocarão a prisão compulsória pela domiciliar? Nem que a vaca tussa! E que ambiente frequentarão? As ruas são focos de contaminação, ao assaltarem contaminarão além de roubarem. Propagarão a pandemia, sim! E isso não pode ser admitido, muito menos estimulado, mesmo legalmente.
Atentem os incrédulos da necessidade da quarentena para dois fatos incontestes divulgados pela imprensa:
Estudo patrocinado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mostra que o índice de pessoas contaminadas por infectados caiu pela metade desde a adoção de restrições à população.
O jogo entre Liverpool e Atlético de Madrid, na Inglaterra, pela rodada de volta das oitavas de final da Liga de Campeões da Europa, em 11 de maio, provocou 41 mortes pelo coronavírus. Estudo realizado pelo “Edge Heath” e publicado pelo jornal britânico The Sunday Times aponta o fato trágico.
 Jayme José de Oliveira
Acdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

domingo, 14 de junho de 2020

IMUNIDADE CRUZADA




PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

IMUNIDADE CRUZADA
O que é a imunidade cruzada e porque ela pode ser a chave para o combate ao COVID-19.
Algumas pessoas apresentam sintomas leves ou são assintomáticas quando infectadas pelo coronavírus. Cientistas estão estudando a possibilidade de, após ter superado alguns vírus o sistema imunológico possa aprender a se defender de outros, é a imunidade cruzada.
Imunidade é o conjunto de mecanismos que nos protegem das infecções e substâncias tóxicas. Existem dois tipos de imunidade: inata, que possuímos de nascença e que serve para nos defender de vários agentes agressores aos quais somos constantemente expostos. Depois de vencermos uma doença o organismo aprende e conserva esta memória para futuros ataques, chama-se isso de imunidade adaptativa que é específica para um agente agressor apenas.                                                                                                   Pode ser originada pela reação do próprio organismo ou ser adquirida através de vacinas, quando apenas se torna efetiva após alguns dias, o organismo precisa aprender a reagir e, após, mantém essa capacidade por períodos variáveis – a H1N1 (gripe) precisa se reaplicada anualmente, a BCG (tuberculose) pode ter eficácia por toda a vida.
Existem sete tipos de coronavírus conhecidos e destes a população é exposta anualmente a quatro, normalmente eles apenas provocam resfriados, ativam os linfócitos que possuímos (foram originados anteriormente) e o organismo adquire uma maior capacidade de enfrentar outas cepas que compartilham fragmentos comuns e este fato explica porque vírus diferentes podem ativar o sistema imunológico cruzado.
Pesquisadores do Instituto de Imunologia La Jolia, na Califórnia, usaram amostras de sangue coletadas em 2015 e 2018 de pessoas que haviam superado coronavírus sazonais que, pelas datas, não poderiam ter sido expostas ao SARS CoV-2 e eles verificaram que havia uma reação. Os pesquisadores constataram que existem linfócitos capazes de reconhecer os vírus antigos e isto significa que eles têm imunidade cruzada.
Um detalhe importante a ser analisado: “A comprovação da existência de imunidade cruzada nos incentiva a não abandonar resultados obtidos em surtos anteriores, eles podem servir para acelerar a obtenção de vacinas para vírus atuais”.
Louis Pasteur iniciou os estudos sobre a raiva em 1880 e, em 1885, aplicou pela primeira vez em um ser humano. Foi o início dos estudos numa técnica fundamental para prevenir doenças de origem microbiana.
                                                                                                                                                   A ciência pode ter intervalos de séculos entre o primeiro vislumbre de solução até um prosseguimento, este contínuo e sempre aperfeiçoado.

Voltemos o tempo para o ano 120 a.C., quando Mitridates VI, rei do Ponto, que ascendeu ao trono após seu pai ter sido envenenado num banquete. Receoso de ter fim similar passou a ingerir diariamente doses mínimas de venenos comuns na época e aumentar paulatinamente a quantidade até atingir a letal, conseguiu acostumar o organismo e se tornou imune aos venenos.  A medicina a partir de Pasteur usa a mesma técnica para fabricar vacinas e soros e denominou a técnica de mitridarismo.

Não apenas para micro-organismos se verifica a tolerância, como no caso de Mitridates VI, qualquer substância tóxica pode ser mitridatizada, um ébrio contumaz pode ingerir, sem efeitos maiores visíveis, quantidades de bebida alcoólica que levariam ao coma pessoas não viciadas. Nossa resistência aos poluentes mais diversos deriva dessa mesma adaptabilidade.

Em suma, a ciência, após encontrar o caminho, prossegue em ritmo cada vez mais vertiginoso e não dá sinais de arrefecer.                                                                                      Qual o limite? A erradicação de toda e qualquer doença existente ou que venha a surgir.
Não há limite na realidade. “Tudo o que um homem pode imaginar outro homem realizará”. (Júlio Verne)

Nos últimos vite anos tivemos seis ameaças significativas: Sars, Mers, Ebola, gripe aviária, gripe suína e Covid-19. Escapamos de cinco, mas a sexta nos atingiu, em cheio.
Esta não é a última epidemia que vamos enfrentar, precisamos dar maior atenção às doenças em animais selvagens.

Entre milhares de bactérias, parasitas e vírus conhecidos pela ciência, temos de encontrar os que mais representam ameaça aos seres humanos e tomar precauções antes de sermos atingidos. Como estamos cada vez mais invadindo os ambientes naturais dos animais que podem se tornar vetores e não vemos perspectiva de mudar esta escalada... esperamos que os cientistas consigam vencer esta corrida rumo à prevenção, para não ser necessário “correr atrás da máquina” como ocorre nesta pandemia.                                                                                                                                                    O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou, na manhã desta quinta-feira (11), que o Instituto Butantan vai produzir uma vacina contra o novo coronavírus, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech.

PREVENIR É SEMPRE MELHOR, MAIS RACIONAL QUE INTERROMPER.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

quarta-feira, 10 de junho de 2020

FASCISMO ETERNO (Umberto Eco)







CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira e Jayme José de Oliveira

15 – FASCISMO ETERNO (Umberto Eco)

Se o navio está à deriva, o caos significaria seu Capitão jogar a única bússola remanescente ao mar.
Abdicar de Ciência e Cultura significa, historicamente, conduzir um Povo, onde o fosso entre as classes sócio econômicas já é escandaloso, os direitos dos Cidadãos são prioritariamente atendidos para os “mais iguais” (George Orwell – a Revolução dos Bichos), graça o crescente analfabetismo, o desrespeito criminoso ao Meio Ambiente, os preconceitos de toda ordem, a violência (nos lares com abuso nauseante de menores e feminicídios; no trânsito; no dia a dia face ao Crime Organizado).
A falta de compromisso com a Verdade agrava a marginalização de uma Nação na  relação com o Mundo Globalizado e de Inovações Tecnológicas em ritmo galopante .
Mister apoiar os que ainda lutam por manter vigente a Constituição e a valorização da Vida em tempos de COVID-19  em que um Governo foge de todos os padrões a que nos acostumamos (para o bem ou para o mal).
Enquanto “os cães ladram...”, “crimes de colarinho branco” e relações promíscuas de Poder se repetem a exaustão, ante o olhar atônito da maioria
de Eleitores que já não mais sabe em quem depositar confiança para ser eticamente respeitada.
Há que planejar, desde já, um futuro luminoso como o fizeram exitosamente, por exemplo, Finlândia e Coréia do Sul, com base sólida em investimentos prioritários na Educação de qualidade.
Há que preservar os Centros de excelêcia do pensamento plural como Universidades
e Institutos de Pesquisa, pela segunda vez, somente neste ano de 2020, submetidos a
ataques friamente calculados, à margem da legalidade vigente, no sentido de calar quem
tem capacidade de refletir, analisar, ponderar, sugerir alternativas, com base na realidade,
sem maquiagens ou omissões.
Necessário dar-se a devida importância sobre o sentido da História como instrumento vital
da memória.

Segundo Humberto Eco, entre as possíveis características do “Fascismo Eterno” que se espraia
Mundo afora, estão o medo do diferente, a oposição à análise crítica (vista como se fosse
traição), o racismo; o machismo, a repressão e o controle da sexualidade, a censura da Arte,
a exaltação de uma liderança (pai, padrinho, mito), um constante estado de ameaça pela força,
uma confusão estruturada, o culto teatral midiático da tradição, a recusa da Modernidade via
Revisionismo Histórico; o apelo à classe média frustrada; uma constante atitude obsessiva por
teorias da conspiração; o desprezo pelos fracos; o culto a heroísmo/morte (perseguição aos
opositores e tolerância à tortura); Populismo com base em mídias sociais alimentadas por
robôs (com fontes de financiamento público e/ou privado a serem investigados e tornados
transparentes ) na expectativa da reação emocional de parcela da população como parte de
um projeto de ascensão e perpetuação no poder.
Queremos crer (e trabalhar construtivamente por este valioso objetivo) que por ação (ou
reação) de uma maioria consciente da sociedade este projeto de atraso e autoritarismo não
prospere.
Que a Democracia fale mais alto.
Mas estejamos atentos às contradições e ao comportamento falacioso de quem não pode
nos vencer (nem convencer).


Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com