“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CORRESPONDENTES
Uma das mais gratas constatações para um colunista é
receber correspondência comentando, sugerindo assuntos, pedindo esclarecimentos
ou mesmo criticando. Tudo auxilia nossa faina sequencial.
Recebi um questionamento à coluna “Acelerando a cura”
sobre o porquê algumas doenças ainda não têm solução satisfatória e a
possibilidade de haver sonegação por motivos econômicos. Vamos aos fatos.
É um assunto tão vasto, complexo e instigante que os
maiores cientistas passam a vida no estudo, e isto há séculos. Passo a passo
desbravam a selva desconhecida e há muito a percorrer ainda. É como o
horizonte, a cada passo que damos se distancia junto, contudo, apesar disso
continuamos e já percorremos parte considerável do caminho.
Entre as doenças que nos causam um misto de pânico e
desesperança vou me fixar na asma, no diabetes, no câncer e no Alzheimer.
ASMA
– Fatores ambientais e genéticos estão na origem e seu agravamento. Os fatores
genéticos – por enquanto – não podemos eliminar, porém os ambientais: pó, mofo,
pólen, ácaros, são alérgenos (causadores) que podem e devem ser evitados, este
procedimento diminui consideravelmente as crises e está ao nosso alcance.
Obedecidos os cuidados recomendados, tratamentos entram em ação e com real
eficácia. São utilizados medicamentos para alívio rápido (as conhecidas bombinhas) e para uso contínuo temos à
disposição controladores com ação
anti-inflamatória e bronco-dilatadores.
Cumpre ressaltar que o controle da asma exige
tratamento efetivo contínuo e obediência rigorosa de regras de procedimento. A
não observância induz ao agravamento e, inclusive, há risco de morte.
Resumindo: não é possível evitar os fatores genéticos,
porém uma vida em condições aceitáveis é possível com o uso das drogas
disponíveis.
DIABETES
–
É uma doença causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que
promove o aproveitamento da glicose como energia para o nosso organismo. O
pâncreas é o órgão responsável pela produção de insulina. Podemos dividir em
dois grupos o diabetes.
Diabetes
tipo 1 – O pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. É própria
da infância e adolescência e exige aplicação diária de insulina injetável.
Diabetes
tipo 2 – As células são resistentes à insulina. Pode ser
controlado com exercícios, dieta e medicamentos via oral em muitos casos. Em
estágio adiantado exige, também, injeções de insulina. Acomete adultos acima
dos 40 anos e tem como causas o relaxamento nas atividades físicas, dieta
desregulada (excesso no consumo de açúcar principalmente) e hereditariedade.
Pode-se levar uma vida com qualidade, desde que se sigam os preceitos
recomendados pela medicina, exercícios físicos e, isso é de vital importância,
uma dieta equilibrada que inclui abstenção total da ingestão de açúcar e
congêneres.
A descoberta da insulina, em 1921, por Frederik Bantin
e equipe teve como primeira paciente Elizabeth Hughes, 14 anos. No dia 16 de agosto
iniciou o tratamento com injeções de insulina e se recuperou. Parecia um
milagre porque até então o único tratamento era uma dieta tão rigorosa que
muitas vezes levava à morte por inanição. Elizabeth,
de 4 pés 11,5 polegadas (1,51m) pesava 75 libras (34 kg) quando desenvolveu
diabetes. Sob dietas de, em média 800 calorias por dia, seu peso caiu para 45
libras (20 kg) em agosto 1922.
A FDA (Food and Drug Administration) aprovou um
avançado sistema de infusão de insulina, acoplado a um sistema de monitorização
de glicose, em palavras simples: o pâncreas
artificial. O sistema passou a ser disponibilizado na segunda semana de
2020. A ferramenta foi desenhada para uso em crianças acima de seis anos e
adultos.
MAIS UM PASSO, OUTROS VIRÃO MINIATURIZADOS.
CÂNCER
– É o nome dado a mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento
desordenado de células que invadem tecidos e órgãos.
Dividindo-se rápida e incontrolavelmente, determinam a
formação de tumores que podem evoluir em metástases, invadindo tecidos e órgãos
vizinhos ou distantes.
Sendo o câncer múltiplo, várias são as terapias
utilizadas: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapia
alvo, imunoterapia, medicina personalizada, transplante de medula óssea.
Promissores e alguns já em prática, procedimentos
utilizam vetores específicos – vírus por exemplo – para atacar células
afetadas. Cientistas norte-americanos estão estudando o vírus da Zica para
tratar câncer do cérebro. O
micro-organismo pode ser direcionado para infectar apenas as células
cancerosas, deixando as células normais intactas.
O assunto é tão vasto e fascinante que uma biblioteca
inteira não esgotaria. A trajetória até aqui percorrida nos anima a esperar que
todos os cânceres poderão ser tratados e curados num futuro próximo ou remoto.
ALZHEIMER
–
Uma doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais
importantes. As conexões das células cerebrais e as próprias células degeneram
e morrem (entram em apoptose, suicídio programado).
Não
existe cura, os medicamentos e as estratégias de controle podem melhorar os sintomas
temporariamente.
A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja
geneticamente determinada.
Nos estágios finais o paciente perde a capacidade de
executar as mais elementares capacidades tarefas, não reconhece nem s
familiares, exige cuidados, vigilância permanente.
O
Alzheimer não tem cura nem remissão. Um estudo feito pela
Universidade de Southanpton, publicado na revista Brain, no início de 2016,
sugere que é preciso enfrentar a inflamação no cérebro para cortar o avanço da
doença.
De tudo o que até aqui abordamos é o que menor
probabilidade de solução apresenta. Poderíamos, para ter uma ideia aproximada,
considerar como o resultado da degenerescência decorrente da velhice. Alguém
poderia pensar em evitar o surgimento de rugas com a idade?
As
Fake News são execradas por não contribuírem em nada para nada.
O tema “doenças sem tratamento” fornece material para elucubrações
constrangedoras. Difícil entender que alguém possa se rebaixar ao nível de
manipular o desespero.
O dia 26 de fevereiro de 1988marcou o início de uma
desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje. O médico
Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa publicada na conceituada revista
Lancet descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas. Em
comum, dizia o estudo, as crianças tinham vestígios do vírus do sarampo no
corpo. Wakefield e seus colegas levantaram a possibilidade de “um vínculo
casual” desses problemas com a vacina MMR, que protege do sarampo, rubéola e
caxumba e que havia sido aplicada em 11 das crianças estudadas. Foi o suficiente para que as vacinas MMR
começassem a cair no Reino Unido e, mais tarde, ao redor do mundo.
Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido
julgou Wakefield inapto para o exercício da profissão, qualificando seu
comportamento como irresponsável, antiético e enganoso. O Lancet se retratou
dizendo que suas conclusões eram totalmente falsas.
A Austin Spears, dedicada a estudos e debates sobre o
autismo, escreveu no seu site em 2015: “Pedimos encarecidamente que todas as
crianças sejam vacinadas”.
“O
mal já se espalhara, incontáveis crianças sofreram e sofrem as consequências”.
Outra Fake News calhorda e irresponsável:
“Os
laboratórios já descobriram a cura do câncer, porém, como o tratamento traz
melhores resultados financeiros, é mantido em sigilo”.
Não tenho palavras publicáveis para comentar esta
aleivosia. CARAMBA! Quem descobrir a
cura do câncer ficará tão rico que ele e sua descendência, até o final dos
tempos estarão providos de recursos fartos e inesgotáveis.
P.S.:
O esforço de cooperação global para ultrapassar a crise causada pelo COVID-19 é
possivelmente o maior da história da humanidade. Passa de 14 mil o número de
pesquisas engajadas, resta saber se, quando descoberta a vacina ela será
disponibilizada para todos, indistintamente de sua capacidade monetária. Com
mais de 300 mil mortos já pranteados o planeta testemunhará uma corrida por
vacina. Dinheiro e poder não poderão ser elencados como razão para discriminar
nações e pessoas menos afortunadas.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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