domingo, 31 de maio de 2020

SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS
Ao prestar solidariedade às famílias que perderam entes queridos para o COVID-19, Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) avaliou o impacto negativo de discussões políticas em meio à epidemia.                                                                                                       “A situação do país torna-se ainda mais grave diante de posturas autoritárias que afrontam as determinações científicas e negam a autenticidade de pesquisas sérias organizadas por organismos responsáveis”.
O resultado de um estudo publicado pela revista científica do Reino Unido “The Lancet” sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento do COVID-19 deve ser considerado importante para dirimir dúvidas. Dados coletados em 671 hospitais de seis continentes, em 96.032 pacientes, entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020 revelam índices perturbadores:            
81.144 do grupo de controle não receberam esses medicamentos, houve 9,3% de mortes;     1.868 receberam apenas cloroquina: 16,4% de mortes;                                                            3.783 receberam cloroquina com macrolídio (azitromicina): 22,2% de mortes;                        3.016 receberam hidroxicloroquina: 18% de mortes;                                                                6.221 receberam hidroxicloroquina com macrolídio (azitromicina): 23,8% de mortes.

O risco de arritmia ventricular com o grupo de controle foi de 0,3%;                                          com cloroquina sozinha: 4,3%;                                                                                                    com cloroquina associada à azitromicina: 6,5%;                                                                  com hidroxicloroquina sozinha: 6,1%;                                                                                          com hidroxicloroquina associada à azitromicina: 8,1%.

Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre considera este tratamento uma miragem.                                                                                  Para o professor de Epidemiologia da UFRGS, Jair Ferreira, o uso dos medicamentos faz mal a pacientes já hospitalizados, porém não é conclusivo quanto ao seu uso precoce.              O professor de Infectologia da UFRGS, Alexandre Zavascki, acredita que o estudo é forte o suficiente para que o uso se restrinja a ambientes de pesquisas, com ressalvas. Com o que dispomos hoje já temos embasamento para não indicar a cloroquina para nenhum paciente. Com o medicamento o número de pacientes com arritmia foi muito maior, só que eles estavam internados e as arritmias foram controladas. Se eles não estivessem dentro de um hospital, morreriam.
A restrição de locomoção para dificultar a expansão do coronavírus decretada por alguns prefeitos e governadores não fere preceitos constitucionais. É inegável que a própria Constituição autoriza, seja administrativamente ou do ponto de vista mais radical, se houver necessidade, restrições ao direito de ir e vir.                                                                              “As pessoas não estão sendo tolhidas do direito de ir e vir. As pessoas devem respeitar a saúde de toda a coletividade. Se você for colocar em risco a saúde de toa a coletividade, é você quem está infringindo a lei” (Alexandre Moraes, Ministro do STF).
Apesar de estudos realizados em ambientes cientificamente controlados, o presidente Jair Bolsonaro insiste enfaticamente em exigir que o Ministério da Saúde determine o uso indiscriminado dos dois fármacos, tendo inclusive demitido os Ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich que resistiam a esta determinação.
O presidente 
Jair Bolsonaro usou o Twitter para informar sobre a nova orientação do Ministério da Saúde para incluir o uso da cloroquina no tratamento de casos leves da COVID-19, mas admitiu que o uso do medicamento ainda não tem comprovação científica.
"Ainda não existe comprovação científica, mas [está] sendo monitorada e usada no Brasil e no mundo. Contudo, estamos em guerra: 'Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado', escreveu o presidente.
Nosso reconhecimento e gratidão aos brasileiros conscientes que permanecem em quarentena para não se contaminarem e, por conseguinte, servirem de vetores para a propagação da pandemia para os heróis anônimos que enfrentam estoicamente o vírus em seus locais de trabalho e arriscam suas vidas exercendo atividades que não podem ser descuradas.  
O impacto das declarações do ex-presidente Lula, que aconteceram durante uma entrevista por videoconferência ao jornalista Mino Carta, da revista "Carta Capital", exorbitam o concebível.                                                                                                                                      O ex-presidente celebrou a aparição do novo coronavírus para mostrar a necessidade de uma maior presença do Estado. "Quando vejo essas pessoas acharem bonito que 'tem que vender tudo o que é público', que o 'público não presta nada', ainda bem que a natureza contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado é que pode resolver isso", disse Lula... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2020/05/20/ainda-bem-que-o-monstro-do-coronavirus-apareceu-diz-lula.htm?cmpid=copiaecola.
Para atacar, e nisso tem razão, as aleivosias do seu inimigo político, Lula não tem pejo de se regozijar com uma pandemia mundial que já sacrificou, até o momento que redijo esta coluna, 360.860 pessoas no mundo (28.077 no Brasil). As famílias dessas vítimas não compartilham a alegria do ex-presidente. O pedido de desculpas feito após se dar conta da enormidade do absurdo não servirá jamais de consolo.
Repiso, líderes não têm o direito de agir de maneira tão estapafúrdia, insensata.




Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

segunda-feira, 18 de maio de 2020

CORRESPONDENTES






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CORRESPONDENTES
Uma das mais gratas constatações para um colunista é receber correspondência comentando, sugerindo assuntos, pedindo esclarecimentos ou mesmo criticando. Tudo auxilia nossa faina sequencial.
Recebi um questionamento à coluna “Acelerando a cura” sobre o porquê algumas doenças ainda não têm solução satisfatória e a possibilidade de haver sonegação por motivos econômicos. Vamos aos fatos.
É um assunto tão vasto, complexo e instigante que os maiores cientistas passam a vida no estudo, e isto há séculos. Passo a passo desbravam a selva desconhecida e há muito a percorrer ainda. É como o horizonte, a cada passo que damos se distancia junto, contudo, apesar disso continuamos e já percorremos parte considerável do caminho.
Entre as doenças que nos causam um misto de pânico e desesperança vou me fixar na asma, no diabetes, no câncer e no Alzheimer.
ASMA – Fatores ambientais e genéticos estão na origem e seu agravamento. Os fatores genéticos – por enquanto – não podemos eliminar, porém os ambientais: pó, mofo, pólen, ácaros, são alérgenos (causadores) que podem e devem ser evitados, este procedimento diminui consideravelmente as crises e está ao nosso alcance. Obedecidos os cuidados recomendados, tratamentos entram em ação e com real eficácia. São utilizados medicamentos para alívio rápido (as conhecidas bombinhas) e para uso contínuo temos à disposição controladores com ação anti-inflamatória e bronco-dilatadores.
Cumpre ressaltar que o controle da asma exige tratamento efetivo contínuo e obediência rigorosa de regras de procedimento. A não observância induz ao agravamento e, inclusive, há risco de morte.
Resumindo: não é possível evitar os fatores genéticos, porém uma vida em condições aceitáveis é possível com o uso das drogas disponíveis.
DIABETES – É uma doença causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio que promove o aproveitamento da glicose como energia para o nosso organismo. O pâncreas é o órgão responsável pela produção de insulina. Podemos dividir em dois grupos o diabetes.
Diabetes tipo 1 – O pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. É própria da infância e adolescência e exige aplicação diária de insulina injetável.
Diabetes tipo 2 – As células são resistentes à insulina. Pode ser controlado com exercícios, dieta e medicamentos via oral em muitos casos. Em estágio adiantado exige, também, injeções de insulina. Acomete adultos acima dos 40 anos e tem como causas o relaxamento nas atividades físicas, dieta desregulada (excesso no consumo de açúcar principalmente) e hereditariedade. Pode-se levar uma vida com qualidade, desde que se sigam os preceitos recomendados pela medicina, exercícios físicos e, isso é de vital importância, uma dieta equilibrada que inclui abstenção total da ingestão de açúcar e congêneres. 
A descoberta da insulina, em 1921, por Frederik Bantin e equipe teve como primeira paciente Elizabeth Hughes, 14 anos. No dia 16 de agosto iniciou o tratamento com injeções de insulina e se recuperou. Parecia um milagre porque até então o único tratamento era uma dieta tão rigorosa que muitas vezes levava à morte por inanição. Elizabeth, de 4 pés 11,5 polegadas (1,51m) pesava 75 libras (34 kg) quando desenvolveu diabetes. Sob dietas de, em média 800 calorias por dia, seu peso caiu para 45 libras (20 kg) em agosto 1922.
A FDA (Food and Drug Administration) aprovou um avançado sistema de infusão de insulina, acoplado a um sistema de monitorização de glicose, em palavras simples: o pâncreas artificial. O sistema passou a ser disponibilizado na segunda semana de 2020. A ferramenta foi desenhada para uso em crianças acima de seis anos e adultos.
MAIS UM PASSO, OUTROS VIRÃO MINIATURIZADOS.
CÂNCER – É o nome dado a mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos.
Dividindo-se rápida e incontrolavelmente, determinam a formação de tumores que podem evoluir em metástases, invadindo tecidos e órgãos vizinhos ou distantes.
As células do câncer não perdem seus telômeros nas divisões celulares por mitose, eles são repostos por uma enzima, a telomerase e, por isso, tornam-se imortais. As células de uma mulher norte-americana que morreu de câncer uterino em 1951, Henrietta Lacks (foto) - células HeLa - continuam vivas, são cultivadas em laboratórios de todo o mundo e utilizadas para experimentos científicos. A partir elas foi descoberta a vacina Salk para o controle da poliomielite.


Sendo o câncer múltiplo, várias são as terapias utilizadas: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapia alvo, imunoterapia, medicina personalizada, transplante de medula óssea. 
Promissores e alguns já em prática, procedimentos utilizam vetores específicos – vírus por exemplo – para atacar células afetadas. Cientistas norte-americanos estão estudando o vírus da Zica para tratar câncer do cérebro. O micro-organismo pode ser direcionado para infectar apenas as células cancerosas, deixando as células normais intactas.
O assunto é tão vasto e fascinante que uma biblioteca inteira não esgotaria. A trajetória até aqui percorrida nos anima a esperar que todos os cânceres poderão ser tratados e curados num futuro próximo ou remoto.
ALZHEIMER – Uma doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes. As conexões das células cerebrais e as próprias células degeneram e morrem (entram em apoptose, suicídio programado).
Não existe cura, os medicamentos e as estratégias de controle podem melhorar os sintomas temporariamente.
A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada.
Nos estágios finais o paciente perde a capacidade de executar as mais elementares capacidades tarefas, não reconhece nem s familiares, exige cuidados, vigilância permanente.
O Alzheimer não tem cura nem remissão. Um estudo feito pela Universidade de Southanpton, publicado na revista Brain, no início de 2016, sugere que é preciso enfrentar a inflamação no cérebro para cortar o avanço da doença.
De tudo o que até aqui abordamos é o que menor probabilidade de solução apresenta. Poderíamos, para ter uma ideia aproximada, considerar como o resultado da degenerescência decorrente da velhice. Alguém poderia pensar em evitar o surgimento de rugas com a idade?
As Fake News são execradas por não contribuírem em nada para nada. O tema “doenças sem tratamento” fornece material para elucubrações constrangedoras. Difícil entender que alguém possa se rebaixar ao nível de manipular o desespero.
O dia 26 de fevereiro de 1988marcou o início de uma desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje. O médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa publicada na conceituada revista Lancet descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas. Em comum, dizia o estudo, as crianças tinham vestígios do vírus do sarampo no corpo. Wakefield e seus colegas levantaram a possibilidade de “um vínculo casual” desses problemas com a vacina MMR, que protege do sarampo, rubéola e caxumba e que havia sido aplicada em 11 das crianças estudadas.  Foi o suficiente para que as vacinas MMR começassem a cair no Reino Unido e, mais tarde, ao redor do mundo.
Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield inapto para o exercício da profissão, qualificando seu comportamento como irresponsável, antiético e enganoso. O Lancet se retratou dizendo que suas conclusões eram totalmente falsas.
A Austin Spears, dedicada a estudos e debates sobre o autismo, escreveu no seu site em 2015: “Pedimos encarecidamente que todas as crianças sejam vacinadas”.
“O mal já se espalhara, incontáveis crianças sofreram e sofrem as consequências”.
Outra Fake News calhorda e irresponsável:
“Os laboratórios já descobriram a cura do câncer, porém, como o tratamento traz melhores resultados financeiros, é mantido em sigilo”.  
Não tenho palavras publicáveis para comentar esta aleivosia. CARAMBA! Quem descobrir a cura do câncer ficará tão rico que ele e sua descendência, até o final dos tempos estarão providos de recursos fartos e inesgotáveis.
P.S.: O esforço de cooperação global para ultrapassar a crise causada pelo COVID-19 é possivelmente o maior da história da humanidade. Passa de 14 mil o número de pesquisas engajadas, resta saber se, quando descoberta a vacina ela será disponibilizada para todos, indistintamente de sua capacidade monetária. Com mais de 300 mil mortos já pranteados o planeta testemunhará uma corrida por vacina. Dinheiro e poder não poderão ser elencados como razão para discriminar nações e pessoas menos afortunadas.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sábado, 16 de maio de 2020

SE






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

SE
Numa sociedade multifacetada em que as pessoas exercem seu livre arbítrio seguindo critérios individuais, haverá sempre dissintonias até no convívio familiar. Ipso facto essas divergências se acumulam com o aumento das pessoas envolvidas e assim se explicam os desentendimentos verificados diuturnamente.
Gremistas discordam de colorados, religiões promovem a formação de agrupamentos congêneres e, se nos embrenharmos na política as dissenções descambarão para entrechoques com consequências desastrosas. Não é prudente, na atualidade, o encontro de “bolsomínions” com “petralhas” pelo risco de embates onde a violência não pode ser descartada.
Impedir a diversidade, característica inerente à espécie humana seria uma ação que deslustraria o que de mais sublime possuímos, seria, em última instância, nivelar o homo sapiens aos seres regidos rigidamente pelos instintos básicos de sobrevivência e reprodução.
Thomas Morus, em 1516 elucubrou “Utopia”, um país onde não existia dinheiro e tudo era de propriedade comum. Em contrapartida a ascensão social era também uma quimera, os nascidos num patamar da escala social lá permaneceriam e seus descendentes idem. A ferro e fogo não se admitiam contestações, sob pena de, inclusive, escravidão. Como, escravidão numa sociedade sem classes? Examinando em detalhes pouco diferia de uma colmeia ou de um formigueiro.                Seriam felizes os “acomodados”?  Será esta “UTOPIA” a raiz da felicidade?
Afortunada a sociedade em que os diferentes são admitidos e acolhidos; onde não impera a lei do mais forte; onde é permitido sonhar com a ascensão conseguida através do esforço e da pertinácia; onde podemos almejar um futuro altaneiro aos descendentes; onde é permitido falhar e nem por isso ser execrado (contanto que corrijamos os nossos erros).
Numa entrevista, Michael Jordan, o maior jogador de basquete de todos os tempos declarou:      Eu posso aceitar falhas, mas não posso aceitar não tentar”.                                                                      “Você deve esperar grandes coisas de si mesmo antes que possa fazê-las”.                                                  “Para aprender a ter sucesso, é preciso primeiro aprender a fracassar”.                                                               “Se há uma característica comum aos grandes campeões é a habilidade de manter o foco. Nunca deixe de tentar”.  
Não apenas Michael Jordan. Pelé, Einstein, Gandhi, Mandela, Cristo, Buda, Maomé... – todos tiveram percalços – e devem ser cultuados. A mais humilde e mesmo inculta pessoa deve também ser enobrecida e reconhecida como expoente, desde que cumpra seus deveres e contribua com sua parcela para o giro do progresso.
No outro lado, convictos (são muitos e de variadas espécies) abdicam do seu direito, diria até hombridade de pensar e agir pelo próprio tirocínio e se aglomeram na vala comum dos áulicos, vulgares “puxa sacos” de ídolos com pés de barro. Só assim se explica – aqui não vou citar nomes, pseudo-ídolos são fascinantes e persistentes, similares todos -. Hipnotizados, seus seguidores se deixam engabelar para que os sigam, os defendam e por eles abdiquem da condição de seres pensantes. Ao ouvirem esses gurus, nunca dizem nada, restam permanentemente embasbacados, boquiabertos.
Sejamos orgulhosos sem prepotência, humildes sem subserviência, coerentes sem intransigência. Só assim seremos o que Rudyard Kipling pensou ao se dirigir ao seu filho, no seu mais famoso poema: “Se”, que assim conclui:
“Se é capaz de dar segundo por segundo                                                                                  ao minuto fatal todo valor e brilho.                                                                                        Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo                                                                      e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!”

SE Rudyard Kipling1 minuto e 51 segundos                                                                                Declamado pela voz do psicólogo brasileiro Leonardo Goldberg, na tradução de Guilherme de Almeida.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

A ROUPA NOVA DO REI






13 – CIÊNCIA E CULTURA

Marília Gerhardt de Oliveira


“A ROUPA NOVA DO REI”
Todos os anos, na infância e na juventude, minha mãe me levava à Feira do Livro de Porto Alegre. Ela buscava (e recebia) doações para repor as perdas da Biblioteca do Grupo Escolar em que trabalhava em São Leopoldo, devastada a cada enchente do Rio dos Sinos. Eu conseguia comprar várias obras, nas caixas de ofertas, ricas em livros das mais variadas correntes literárias, com minha mesada.
Uma festa cultural! Um prazer em ler, ler, ler! Aprender mais, mais, mais!
Um aprendizado de Solidariedade que moldou meu caráter e procedimentos para toda a vida.
Na última eleição, milhões de eleitores brasileiros não optaram por nenhum dos dois candidatos, no segundo turno, o que, por si só, é bastante emblemático e significativo.
Mas, democraticamente, a maioria optou por um Messias, um Mito.
Sua Família e seus anexos, extasiados, pensaram que não precisariam assumir um tom elevado científica e culturalmente, que a envergadura do cargo exige. Optaram pelo sectarismo ideológico e religioso, pelo revisionismo ignorante da História e até mesmo pelo Terraplanismo.
“Arminha” para Cientistas, Professores Universitários, Ecologistas, Artistas e pessoas que se permitissem divergir com argumentos ponderáveis.
Insistem ser nosso Brasil (de todas e todos) a maior concentração convicta de “comunistas” do Planeta Terra.
Mas um vírus expôs a visão eugênica desta gente: o Covid-19.
Vida com qualidade e Economia, sim, são interdependentes.
Porém, administrando a Pandemia com planejamento estratégico, base científica e critérios como a Equipe do excelente jovem Governador Eduardo Leite (eleito democraticamente pelo povo gaúcho), minimiza-se perdas econômicas, pois se alivia a pressão no Sistema de Saúde, reduz-se a perda de valiosas vidas (todas) e a sociedade tende a retornar à normalidade laboral com maior brevidade.
Infelizmente, a Depressão Mundial pós Covid-19 está posta.
Neste cenário gravíssimo, assessorar-se de produtores e disseminadores de Fake News só agrava o quadro e expõe ao ridículo mundial nosso amado Brasil.
Continuo a frequentar a Feira do Livro no Centro de Porto Alegre, anualmente.
Aproveito e passo pela Igreja do Rosário para assistir uma Santa Missa.
Mais recentemente, retomei vivamente as lembranças da minha infância.
Por quê será?

Que roupa é esta Papai?
Eu não vejo nada não!  
Para mim o Imperador...
Está mesmo é sem calção!
(“A ROUPA NOVA DO REI”)



Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

terça-feira, 12 de maio de 2020

ACELERANDO A CURA





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ACELERANDO A CURA
Pode-se dizer que as doenças são contemporâneas ao surgimento dos seres vivos. O homo sapiens, ao contrário dos demais, sempre procurou conhecer as causas e os efeitos para sobreviver com saúde.
Inicialmente atribuiu-se aos deuses, que as infligiam como castigo pelos pecados cometidos, individual ou coletivamente. Pajés, feiticeiros, sacerdotes tentavam exorcizar com orações, sacrifícios ou qualquer alternativa possível.
Paulatinamente, com a evolução dos conhecimentos focou-se na natureza factual a origem e, após conhecidas as causas, descobrir os procedimentos para debelar as consequências. Surgiu o primeiro arremedo de ciência médica, ainda vinculada ao misticismo. Isso perdurou por muitos séculos e ainda guarda resquícios na atualidade. Sacerdotes, místicos, curandeiros e charlatães, cada qual em seu pedestal. A ciência médica admite a influência da FÉ no decorrer do tratamento, denomina de fatores psicossomáticos e lhes atribui valores importantes.
Um salto gigantesco ocorreu quando Ignaz Semmelweis, um médico húngaro pioneiro dos procedimentos antissépticos, Louis Pasteur, criador da vacina contra a raiva e Joseph Lister, que compartilhava os pensamentos de Pasteur e os aplicou nos procedimentos cirúrgicos usando ácido fênico. Em 1976, Robert Koch finalmente conseguiu comprovar a correlação micróbios-infecções, abriu-se o portal para a moderna medicina que nunca mais parou de se aperfeiçoar.
Duas técnicas se revelaram relevantes para prevenir, controlar e debelar as doenças provocadas por micro-organismos: vacinas para prevenir, soros, drogas e antibióticos – estes com primordial importância - para debelar as infecções, depois de instaladas.
No início o tempo que mediava entre o aparecimento de uma doença e sua cura era medido em séculos, diminuiu para anos e continua o processo de abreviar.  Com o avanço da técnica e numa aceleração vertiginosa chegamos ao estágio atual: as primeiras tentativas de comprovação em humanos da eficácia esperada se reduz a 4 meses, como podemos verificar no quadro demonstrativo.




As vacinas garantem uma imunidade que pode se estender por um período prolongado – 20 anos para a BCG (tuberculose, tempo suficiente para o organismo criar uma defesa eficiente) -, até a necessidade de revalidação atual (H1N1, gripe)-. Para o HIV (AIDS) ainda não se conseguiu vacina, apenas tratamento que permite uma vida ativa e relativamente normal.
Os micro-organismos não reagem de maneira similar e o Herpes não tem cura definitiva, permanece em latência por toda a vida da pessoa aguardando uma baixa imunidade para reaparecer ciclicamente.
Eurico Arruda, pesquisador brasileiro, professor titular de virologia da USP, alerta para a possibilidade de o vírus do COVID-19 permanecer por tempo indeterminado no organismo de algumas pessoas esperando uma fragilidade para reativar, podendo inclusive ser transmitido mesmo com uma ausência de sintomas. É uma hipótese ruim, teríamos mais uma doença incurável como o herpes.
ESTA É A MAIS PREOCUPANTE AMEAÇA DO COVID-19.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


quinta-feira, 7 de maio de 2020

EXEMPLOS EDIFICANTES




http://www.litoralmania.com.br/exemplos-edificantes-jayme-jose-de-oliveira-e-marilia-gerhardt-de-oliveira/


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira e Marília Gerhardt de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

EXEMPLOS EDIFICANTES
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda pela sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar” (Nelson Mandela)
Nelson Mandela (1918-2013) foi presidente da África do Sul. Foi o líder do movimento contra o apartheid, legislação que segregava os negros no país. Condenado em 1964 à prisão perpetua foi libertado em 1990, depois de grande pressão internacional. Em 1993 Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk foram agraciados com o prêmio Nobel da Paz pelos seus esforços para acabar com o apartheid na África do Sul.                                                                                                              Frederik de Klerk, um politico sul-africanopresidente da África do Sul foi o último branco a ocupar o cargo, passou para a história por ter libertado Mandela da prisão e lutar pela abolição do apartheid. Um exemplo de como adversários figadais, quando a boa vontade se faz presente podem cooperar sinergicamente para a consolidação da paz e redimir um passado de ódio. Teremos no Brasil algum dia pessoas dignas e capazes de imitar um gesto tão grandioso quão raro?                                                                                                                                                       Após longas negociações Mandela conseguiu a realização das eleições multirraciais em abril de 1994. Seu partido saiu vitorioso e foi eleito presidente da África do Sul. Willem de Klerk, com a democratização assumiu o cargo de vice-presidente. Finalmente, o governo de Mandela, com maioria no parlamento, acabou com o longo período de opressão aprovando importantes leis em favor dos negros. Governou até 1999, quando conseguiu eleger seu sucessor. Em 2006 foi premiado pela Anistia Internacional por sua luta em favor dos direitos humanos.
A história da humanidade está repleta de exemplos onde os personagens praticaram atos de altruísmo que os dignificaram. Nelson Mandela, Willem de Klerk e o bispo anglicano Desmond Tutu conjugaram esforços para erradicar a chaga do apartheid na África do Sul.
Desmond Tutu é um dos mais conhecidos ativistas dos direitos humanos da África do Sul, ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1984 pelos seus esforços em acabar com o apartheid. Quando as primeiras eleições multirraciais da África do Sul foram realizadas em 1994 elegendo Nelson Mandela como o primeiro presidente negro da nação, Desmond Tutu foi nomeado Presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR). Além do Prémio Nobel Tutu foi agraciado com inúmeros prêmios, incluindo o Prêmio “Pacem in Terris”, o Prêmio Bispo John T. Walker de Serviço Humanitário Distinto, o Prêmio Liderança Lincoln e o Prêmio Gandhi da Paz.
Diametralmente oposta, a situação de conflito entre árabes e judeus se arrasta desde os tempos bíblicos. O episódio Daniel X Golias ilustra esta realidade secular.                                                                         Não podemos deixar de ressaltar que árabes e judeus podem ser considerados povos irmãos geneticamente. Abraão teve vários filhos entre eles, Isaac, da sua esposa Sara e Ismael filho da escrava Agar, dos quais descendem respectivamente os judeus e os árabes.                                                                                                                    
"Judeus e árabes são realmente filhos de Abraão e preservaram suas raízes genéticas do Oriente Médio por mais de 4.000 anos."
Harry Ostrer, Diretor do Programa de Genética da Universidade de Nova York, traz a luz um ambicioso estudo realizado em conjunto por Cientistas dos Estados Unidos, Israel, Itália, Grã-Bretanha e África do Sul colhendo amostras de DNA de 1.300 homens das duas etnias, em 30 países. Comprovou-se que judeus, palestinos, sírios e libaneses possuem um ancestral comum que teria habitado o Oriente Médio há 4.000 anos. A Ciência pode alicerçar pontes entre Fé e Razão, reconciliando estes campos do viver humano com grandeza e inteligência emocional.
Num mesmo continente, duas situações que podem ser consideradas similares, disputas aparentemente irreconciliáveis têm desdobramento antípoda. África do Sul pacificada, Oriente Médio sem perspectivas de acordo a curto, médio ou longo prazo. Faltam outros Mandelas, Klerks e Tutus.
No Brasil é fato notório que conterrâneos não são adversários, situação admitida numa democracia, são facções que se portam como inimigas figadais, irreconciliáveis.  Getúlio X UDN de Lacerda, ditadura X guerrilhas, ARENA X MDB. Não aprendemos nada com esses confrontos, atualmente a situação não é diferente. Estamos atrelados ao que pejorativamente podemos classificar como bandos de irresponsáveis. Podemos afirmar, sem a menor possibilidade de erro, que nossos dirigentes se esmeram em pensar nas próximas eleições (reeleições) e descuram das consequências que advirão para os brasileiros hoje e, também, para as próximas gerações.                                                                                                                                                                Patinamos diuturnamente e não vemos, mesmo remotamente, a possibilidade de surgirem Mandelas, Klerks e Tutus brasileiros.
ATÉ QUANDO?


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com

Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

sexta-feira, 1 de maio de 2020

ORÇAMENTO IMPOSITIVO




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PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ORÇAMENTO IMPOSITIVO – 30/04/2020
“Todos queremos viver uma vida livre de turbulências, mas precisamos de um método realista para chegar lá. O afeto é fundamental – ele produz uma mente calma e confiante, nos habituando a agir de forma aberta, honesta e transparente, livre da ansiedade, medo e desconfiança”. (Dalai Lama)
As palavras do líder Tibetano afloram dum coração que durante toda a vida se esmerou em pregar a boa vontade entre os homens, olha que ele viveu entre lobos e... persistiu sem ressaibos de rancor, raiva, pelo contrário, permaneceu impávido e este é seu maior galardão.
A magia do ZEN, uma palavra sinônimo de calma, de mente tranquila, é também uma arma que desarma. Uma afiada espada para diminuir as elucubrações descontroladas da mente. Parece difícil, mas não é impossível. Para praticar o ZEN é indispensável viver em harmonia consigo mesmo. Para quem não admite viver em paz consigo e com TODOS os outros, é, sim, impossível.
Como vivemos num mundo conturbado, um estilo de vida que exige respeito aos nossos adversários, oponentes – veja que não digo inimigos – inimigos não existem para quem vive em paz consigo mesmo. Repito: adversários sim, inimigos nunca!
No meio em que vivemos, regido pelo desejo de levar vantagem em tudo, é difícil acreditar que um dia chegaremos lá.  Os fatos passados e mesmo os recentes nos induzem a descrer. Senão vejamos:
Em 28/08/1997 FHC vetou o aumento de Fundo Partidário de R$ 42 milhões para R$ 420 milhões, aprovado pela Câmara dois dias antes.
O senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), presidente do Senado, disse ser contrário ao financiamento público para as campanhas eleitorais. “Sou contra o financiamento público, acho que o governo tinha e tem maiores obrigações de fazer a informatização do pleito eleitoral para que ele represente a vontade do povo, até porque o financiamento público vai ocorrer em conjunto com o financiamento privado”, alegou.                                                                                                                                              Para o senador, “o dinheiro público deve der empregado em escolas, hospitais e segurança pública, no interesse do cidadão e não colocado à disposição dos partidos políticos”.            Antônio Carlos Magalhães antecipou que “se tiver votos” para isso, vai derrubar a proposta quando for submetida à apreciação do Senado. Mas fez a ressalva de que cumprirá a vontade que vier expressa pela maioria dos senadores.
Como ficou claro, o senador foi voto vencido e mais: os R$ 420 milhões subiram de valor até alcançarem os atuais R$ 2 bilhões. Bolsonaro assinou a LOA (Lei Orçamentária Anual) sem vetos, alegando que, caso vetasse a medida ele estaria violando o artigo 85 da Constituição Federal, aborda as situações nas quais um presidente da República pode cometer crime de responsabilidade e estaria sujeito a um processo de impeachment.                                                                                               O Fundo Eleitoral foi aprovado pelos congressistas para o orçamento de 2020 no dia 17 de dezembro de 2019. Não devemos, nem podemos esquecer que, na CMO (Comissão Mista do Orçamento) houve uma tentativa de inflar o fundo para R$ 3,8 bilhões.
Consideram exagerados os R$ 2 bilhões? Eu também. Agora, como tudo pode ser piorado, o Congresso delibera sobre a possibilidade de utilizar ao seu bel prazer R$ 15 bilhões do Orçamento Anual para 2020, sob a forma de “Orçamento Impositivo”, onde o presidente da república não tem direito a veto.
No início de março, em reunião com o presidente do Senado, Davi Alocumbre (DEM-AP) e líderes partidários, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) chegou a dizer que se o governo descumprisse o acordo de por no Orçamento Impositivo R$ 15 bilhões à disposição do Legislativo não votaria nenhum outro projeto de remanejamento orçamentário até o fim do ano.
ISSO NÃO É CHANTAGEM?
Veja, o Executivo apresentou três projetos ao Congresso e solicitou que mantivesse os vetos ao Orçamento Impositivo. Dos três PLNs apresentados, apenas o que regulamenta o Orçamento Impositivo foi aprovado. (Zero Hora, 11/03/2020)
ISSO NÃO É CHANTAGEM?
Comparemos, agora, a disparidade daquilo que preconiza o Dalai Lama e o que norteia as ações dos nossos políticos, os congressistas neste caso em primeiro plano.
OREMOS.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado