“Por mais brilhante que sejas, se não fores
transparente, tua sombra será escura”.
REPRODUÇÃO DA VIDA (2)
Na coluna
anterior abordamos os aspectos considerados normais que a natureza utiliza para
manter a vida na face da terra. Não só manter como também promover uma evolução
contínua através de mutações, adaptações e, inclusive, utilizando artifícios
engenhosos, heterodoxos certamente.
Estamos
habituados a considerar a existência de dois sexos: masculino e feminino. São
caracterizados por cromossomos X e Y. Quando dois X se
juntam (XX), estabelecem a existência do sexo feminino, quando
miscigenam (XY), o masculino. Isto como regra, a seguir veremos que
diversas nuances existem. É o assunto que abordaremos nesta coluna.
A CIÊNCIA TEM
DESCOBERTO CADA VEZ MAIS COISAS SOBRE A SEXUALIDADE NO MUNDO ANIMAL.
O SER COM TRÊS
SEXOS.
Em Auanema
Rhodensis as fêmeas e os hermafroditas são XX, enquanto os machos têm um único X e nenhum Y. Ou seja, esta espécie não só tem três sexos, como
seus padrões de herança genética confundem todas as nossas previsões.
O ORGANISMO CELULAR QUE TEM SETE SEXOS
DIFERENTES
Um novo estudo publicado no periódico PLoS Biology finalmente lançou uma luz sobre a estranha vida sexual, aparentemente aleatória, desta criatura complexa. É um protozoário de forma oval que pode ser encontrado em água doce. Mas, ao contrário de seus irmãos unicelulares assexuados, estes organismos têm um estágio sexual bastante singular no seu ciclo de vida, que serve para aumentar suas chances de reprodução. Os organismos microscópicos vêm em sete diferentes “sexos”, ou “tipos para acasalamento”. No geral, podem acasalar com qualquer outro tipo, exceto se autofecundarem.
Entender o que vem em seguida já é um pouco mais complicado. Depois de dois indivíduos acasalarem, a “prole” gerada pode ser de qualquer um dos sete diferentes sexos – não importa de que tipos são os dois pais. Isso surpreendeu os biólogos, já que os pais normalmente passam seus próprios genes para sua prole. A equipe de pesquisadores, liderada por Marcella D. Cervantes e Eduardo Orias, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA), descobriu que cada T. Thermophila tem dois genomas, e cada um desses genomas está contido dentro de seu próprio núcleo. Um dos núcleos, o núcleo somático, contém o DNA que faz o trabalho diário da célula. O outro, o núcleo da linha germinativa, age como as células nos ovários ou testículos de seres humanos. O DNA da linha germinativa é que passa características genéticas à prole.
Quando dois indivíduos se fundem na sua versão de sexo unicelular, eles produzem um núcleo de gametas, que é o equivalente a um ovo fertilizado em seres humanos. Este núcleo fertilizado começa a fazer cópias de si próprio, algumas das quais se tornam núcleos da linha germinativa, e outras núcleos somáticos. É nesta etapa que o “tipo de acasalamento” do indivíduo é escolhido. Cada núcleo germinal contém uma matriz de pares de genes incompletos – um para cada um dos sete sexos. Quando dois indivíduos se juntam, completam um desses pares de genes aleatoriamente, definindo assim o tipo de acasalamento da prole. O resto dos pares de genes incompletos é descartado. Então, basicamente, cada um dos sete sexos é capaz de “completar” qualquer um dos outros seis sexos – e faz isso ao acaso. Parece complicado e até mesmo pouco eficiente, mas, segundo os pesquisadores, sete tipos de acasalamento aumentam a probabilidade de T. Thermophila topar com um organismo com o qual pode se reproduzir em uma lagoa. A descoberta não apenas lança luz sobre a vida de T. Thermophila. Melhor compreensão dos rearranjos de DNA pode ter potenciais implicações para a saúde humana que vão desde transplante de tecido a câncer.
MESMO QUANDO APENAS OS DOIS SEXOS PREPONDERANTES ESTÃO PRESENTES, VARIAÇÕES NAS COMBINAÇÕES ACONTECEM:
Uma
espécie de lula apareceu com uma solução alternativa para este problema, de
acordo com um novo estudo. O sedutor de oito braços simplesmente acasala com
qualquer lula de sua espécie que cruza seu caminho. A lula em questão, Octopoteuthis Deletron, é uma criatura de tamanho
médio, cujo corpo pode alcançar 17 centímetros de comprimento. Utilizando
veículos operados remotamente, os cientistas foram capazes de captar imagens de
108 dessas lulas entre 1992 e 2011, que cruzavam as águas de 400 a 800
metros de profundidade. A lula vive uma vida solitária e raramente se encontra
com membros de sua espécie. Assim, pode fazer sentido agarrar qualquer
oportunidade de acasalar.
Em um estudo feito com mandarins, aves típicas da Austrália, que tinham cérebros metade geneticamente do sexo masculino e metade geneticamente do sexo feminino os pesquisadores descobriram que as diferenças entre os sexos eram neurais na origem e não gonadais. Quando três galinhas ginandromorfas foram examinadas em detalhe, em 2010, descobriu-se que a metade feminina é majoritariamente constituída por células normais do sexo feminino com cromossomos femininos; do mesmo modo, o lado macho é composto principalmente de células do sexo masculino com cromossomos do sexo masculino. Suas células, ao que parece, seguem suas próprias instruções.
Não desdenhemos a possibilidade de surgirem outras
combinações. Poderão ser de origem natural ou, desde que aprendemos a manipular
os genes, provocadas pela intervenção da ciência. Nem mesmo a criação de
criaturas híbridas, parte orgânica, parte artificial, podem ser descartadas.
Lembremos Júlio Verne, que disse: “Tudo o que um homem pode imaginar, cedo ou
tarde outro realizará”. O CIBORGUE VEM AÍ?
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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