terça-feira, 25 de junho de 2019

DEEP FAKES






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 DEEP FAKES – MENTIRAS PROFUNDAS – 24/06/2019

“Não é que a verdade já não exista, o problema é que ela já não importa”. (Lúcia Santaella – coordenadora do doutorado em tecnologias de Inteligência Artificial (IA)”.
Nada no mundo é intrinsecamente bom ou perversamente mau, depende de quem ou como se usa. Do mesmo aço podemos forjar o bisturi que salva ou o punhal que assassina. Um dos maiores avanços tecnológicos do século XX, a internet, está sendo usada por inescrupulosos facínoras para devassar, desnudar e, mesmo não havendo fatos desabonadores a explorar, FORJAR notícias com a finalidade de destruir a reputação de pessoas ilibadas. É UMA AFRONTA QUE PRECISA, SEM CONDESCENDÊNCIA, SER COMBATIDA E SEUS AUTORES SEVERAMENTE PUNIDOS.
Quando um hacker sequestrou o telefone do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, um dos mais seguros do país, inacessível para a maioria dos “furungadores” especializados em devassar o que tem de ser preservado, não foi molecagem nem trote. Foi algo pior. Muito pior.
A Polícia Federal precisa procurar e apontar os nomes e circunstâncias, ela tem capacidade para tanto. Mesmo que os indiciados sejam figuras do mais alto nível, TÊM QUE SER EXPOSTOS E PUNIDOS. Se as informações sobre os criminosos vierem a público, será cumprida a transparência necessária. Se não vierem, o fato ganhará contornos de escândalo, de acobertamento, pois pode se supor que ficarão reservados para usos inconfessáveis no futuro. Não nos esqueçamos que das 7,6 bilhões de pessoas que habitam nosso planeta, 4,4 bilhões têm acesso à internet. Podemos imaginar o enorme potencial desta ferramenta para influenciar, PARA O BEM OU PARA O MAL.
A Samsung desenvolveu uma Inteligência Artificial (IA) capaz de criar um vídeo de deep fake  (imagem falsa) com apenas uma imagem de referência, geralmente são necessárias diversas fotos para que o resultado seja o mais próximo possível da realidade.     
                                                                                                     Com os resultados sempre mais realistas, fica cada vez mais difícil distinguir os vídeos feitos por IA que mostram pessoas de verdade. As deep fakes podem ser usadas num mundo onde a mais tênue fagulha informacional gera explosões de ódio de alcance formidável. Num período eleitoral, por exemplo, é fácil imaginar o quanto poderiam influenciar o resultado. Nessa linha, o cineasta americano Jordan Peele participou na produção de um vídeo em parceria com o site de notícias Buzz Feed. Mostrava Barack Obama disparando impropérios. O resultado foi de um realismo considerável. O cineasta e os responsáveis pelo site frisaram que o objetivo do embuste era lançar um alerta sobre as deep fakes. Conseguiram.                                                                                          A startup Lyrebird, canadense, fundada em 2017, dispõe de recursos que permitem fraudar áudios utilizando a IA. O sistema transforma a fala em dados e, usando algoritmos, clona a voz humana e para isso precisa de 1 minuto de gravação.    Essas adulterações, com menor perfeição, existem já há algum tempo, com o uso da IA estão ao alcance de qualquer pessoa. Na internet podem ser acessados softwares que executam as falsificações de maneira quase automática.                                                      Em várias partes do mundo, consequências desastrosas tem ocorrido, inclusive com vítimas fatais. Em 2018, na Índia, falsos sequestros resultaram no linchamento de 18 pessoas. Em São Paulo, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi espancada e morta devido a uma falsa acusação de que ela raptava crianças e lhes arrancava o coração em sessões de magia negra.                                                          A partir de um único celular, as deep fakes podem ser multiplicadas milhares de vezes. Existe atualmente um sistema de “machine learning” para detectar crimes cibernéticos. Mark Zuckemberg, fundador do facebook preconiza regulamentar e atualizar as leis que regem a internet, contudo, devemos preservar o seu lado positivo e que tende a se expandir; a liberdade e facilidade de comunicação. Essas e outras qualidades devem ser preservadas, a era iniciada há tão pouco tempo não tem limites para a sua expansão. Se utilizada com critério, seus benefícios, inclusive na educação e formação das novas gerações nem podem ser avaliadas presentemente.
Deep fake com Barack Obama – 1min13seg, Mona Lisa – 29seg, diversos – 7min15seg

I
 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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