“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
OSSADAS NO
SUBTERRÂNEO DA CÚRIA METROPOLITANA – 27/05/2019
Descobertos em 2012, ossos de cerca de 120 pessoas
que viveram nos séculos XVII e XIX podem revelar detalhes sobre os primeiros
habitantes de Porto Alegre.
Colocada sobre uma mesa de escritório, ela divide
seu espaço com instrumentos em uma sala do Laboratório de Genética Humana e
Molecular da PUCRS. Nos arredores está um tesouro formado por ossos humanos que
vem sendo unidos num desafiador quebra-cabeças. As
partes de Moisés, um extenso projeto que une 19 pesquisadores das mais variadas
áreas também vai tomando forma. Profissionais de biologia, genética, odontologia,
anatomia, arqueologia, farmácia, antropologia, medicina e história se
concentram em centenas de fragmentos de ossadas encontradas durante escavações
realizadas na Cúria Metropolitana de Porto Alegre.
Datadas do período de 1772 a 1850, as ossadas foram
encontradas em uma das alas erguidas sobre um dos primeiros locais e
sepultamento da cidade, antes de o terreno sediar a Arquidiocese. A povoação
que viria a ser Porto Alegre foi fundada justamente em 1772, como Freguesia de
São Francisco do Porto de Casais. O objetivo desse trabalho é
apenas o primeiro passo para uma série de pesquisas realizadas
concomitantemente na PUCRS. Nelas, o objetivo é mapear tudo o que for possível
desvendar das ossadas que, por enquanto, representam mais incógnitas que
certezas. Numa vala que continha de 90 a 120 indivíduos havia ossadas sobrepostas
de adultos, idosos, homens e mulheres. Cada ossada é retirada com cuidado e
abrigada em caixas ou sacos plásticos, conforme seu tamanho e localização. O
descuido com que foram depositados outrora, misturados com aterro pode
significar que muitos fragmentos, ainda que não tenham sido perdidos, não
possam mais ser unidos às suas partes originais, dificultando a atual etapa do
trabalho de reconstituição. O trabalho dos
dentistas tem uma atribuição especial. Os dentes estão entre as estruturas
melhor preservadas do corpo humano após a morte e é a partir deles que, após a
devida localização e autorização pelo IPHAN – se deve extrair o material
genético capaz de traçar pontos ainda desconhecidos sobre a população
porto-alegrense dos séculos XVII e XIX.
Coordenando todos os trabalhos relacionados às
ossadas da Cúria, a geneticista Clarisse Alho não para. Tira as dúvidas dos
integrantes da equipe, - muitos deles jovens que estão dedicando seus projetos
de pesquisa ao tema -, orienta mestrados e doutorados, repara análises de DNA,
administra o uso compartilhado dos equipamentos com instituições como a Polícia
Federal e batalha por mais recursos para uma série de atividades com andamento
no seu laboratório, que não conta com incentivo financeiro exclusivo para a
cooperação técnica. Os profissionais da equipe esperam, além de aprimorar seus
conhecimentos, utilizarem o que aprenderem ali os consultórios e laboratórios
de que participarem em outras oportunidades.
O objetivo maior, contudo, é o de poder apresentar ao público os
resultados da pesquisa.
Fonte:
Guilherme Justin
Fotos: Ricardo Duarte
Osmar Freitas – Agência RBS
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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