“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
DEPOIS DE
TUDO – 17/04/2020
Nos oceanos de muitos mundos as moléculas eram
destruídas pela luz e remontadas pela química. Um dia, fruto dessas
experiências naturais, surgiu por acaso uma molécula que era capaz de uma
reprodução grosseira de si mesma.
O MOMENTO
CULMINANTE NA HISTÓRIA DO UNIVERSO, A VIDA ENSAIAVA SEUS PRIMEIROS PASSOS.
Com o passar do tempo essa replicação se tornou mais
precisa. As moléculas que replicavam melhor produziam mais cópias, a seleção
natural estava em curso, máquinas moleculares elaboradas estavam se desenvolvendo.
Lenta e imperceptivelmente a vida evoluía.
Coletores de moléculas
orgânicas evoluíram para organismos unicelulares, estes produziram colônias
multicelulares e suas várias partes se tornaram órgãos especializados. Algumas
colônias prenderam-se ao fundo do mar, outras nadaram livremente.
Desenvolveram-se olhos e agora podem ver. Seres vivos saíram do meio líquido
para colonizar a terra. Os répteis dominaram por um tempo, cederam lugar
para pequenas criaturas de sangue quente com cérebros maiores, que
desenvolveram a destreza e a curiosidade sobre o seu meio ambiente. Elas
aprenderam a usar ferramentas, o fogo e a linguagem. A matéria estelar tinha
chegado à consciência, o homo sapiens assumiu o planeta e se prepara para
explorar o Universo.
Aquele ser frágil,
indefeso, sem garras, sem presas, sem couraça protetora parecia destinado à extinção,
mas... possuía cérebro – a mais impactante maravilha do Universo – e virou o
jogo. Elucubrava ante os obstáculos e descobria como contorna-los; sua
curiosidade impelia para investigar as causas, os efeitos e encontrava
soluções. A insatisfação não aceitava derrotas e, cedo ou tarde, HEUREKA!
Cortava o Nó Górdio se não pudesse desatá-lo. Júlio
Verne muitos séculos depois afirmou: “Tudo o que um homem pode imaginar outro
homem realizará”.
O homo sapiens inventou a
roda e a locomoção se tornou possível com menor esforço. O remo, a vela, a
máquina a vapor (James Fulton), motores de combustão interna, nucleares...
continuamos procurando sempre o mais e o melhor. Irmãos Wright-Santos Dumont
nos deram asas. Frank Whittle, inventor inglês
e oficial da Força Aérea Real, desenvolveu o conceito do motor a jato em 1928,
enquanto Hans von Ohain, da Alemanha, desenvolveu o conceito de forma
independente no início dos anos 1930. O
pouso na Lua em 1969 não teria sido possível sem Werner von Braun, para
realizar seu sonho de alcançar o espaço e pousar na Lua se valeu dos princípios
usados para criar o foguete V2, durante a II Guerra Mundial.
AGORA O CÉU É O LIMITE.
AGORA NADA PODE NOS
DETER.
SERÁ?
O organismo frágil é o
“calcanhar de Aquiles”, ponto fraco de quem se arvora onipotente. Defrontou-se
desde sempre com adversários minúsculos, os vírus, e a batalha não admite
tréguas.
Vencido o primeiro
obstáculo, Louis Pasteur descobriu o soro antirrábico e subsequentemente a
vacina. São diferentes. A vacina de cultivo celular que
gradativamente vem sendo implantada na rotina da prevenção da raiva humana imuniza preventivamente. O soro contra
raiva ou soro antirrábico
contém imunoglobulinas específicas extraídas do plasma de cavalos
hiperimunizados com a vacina contra raiva e tem efeito
mesmo após o contágio. Descoberta a
técnica de obtenção, surgem outros em sequência. O
coronavírus – COVID-19 – está nos infligindo derrotas em toda a parte onde
aparece e ainda não sabemos como evita-lo com vacinas nem como derrota-lo com
medicamentos. Mas, lembrando Júlio Verne, encontraremos o antídoto e mais uma
vez sobreviveremos.
Se o combate aos vírus se
manifesta difícil, porém viável, uma ameaça mais perturbadora, a proteína príon infecciosa descoberta no início da década de 1960 por Stanley Prusiner
juntamente com outros pesquisadores, causa as Encefalopatias Espongiformes
Transmissíveis para as quais não existe, até o momento, terapêutica eficaz.
A primeira molécula
replicante referida no início da coluna ainda não era um ser vivo, antes de
atingir este estágio evoluiu para uma proteína, o príon, menor que um vírus.
Príons são encontrados nas células nervosas de todos os mamíferos, têm o poder
de reprodução apesar de não terem vida.
Já os príons alterados, patogênicos, são encontrados em cérebros
contaminados pela Encefalopatia Espongiforme Transmissível (EET), a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma
doença neurodegenerativa caracterizada por provocar uma desordem cerebral, com
perda de memória e tremores. A doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é um tipo
de Encefalopatia Espongiforme Transmissível (EET) que acomete os humanos. As
EET são chamadas assim por causa do seu poder de transmissibilidade e suas
características neuropatológicas que provocam alterações espongiformes no
cérebro das pessoas (aspectos esponjosos).
Apesar de que
várias propostas terapêuticas terem sido estudadas, nenhuma até o momento foi
efetiva para alterar a evolução fatal da doença.
A doença da vaca louca (Encefalopatia
Espongiforme Bovina (EEB) pode ser transmitida para humanos, conhecida
cientificamente como doença de Creutzfeldt-Jakob, pode se desenvolver de
três formas diferentes: a forma esporádica, que é a mais comum e de causa
desconhecida, a hereditária, que ocorre devido à mutação de um gene, e a
adquirida, que pode resultar do contato ou ingestão de carne de vaca
contaminada ou de transplantes de tecidos contaminados.
Esta doença não tem cura, pois é causada por príons
patogênicos, proteínas anormais que se instalam no cérebro e levam ao
desenvolvimento gradual de lesões definitivas, provocando sintomas comuns à
demência que incluem dificuldade para pensar ou falar, por exemplo.
Um detalhe preocupante é
o fato de a doença poder ter causa iatrogênica, como consequência de procedimentos cirúrgicos
(transplantes de
dura-máter e córnea) ou por meio do uso de instrumentos ou eletrodos
intracerebrais contaminados e que não
podem ser esterilizados por autoclave, os príons são resistentes ao calor.
CONFIEMOS NO
NOSSO CÉREBRO, VENCEREMOS MAIS ESTA AMEAÇA.
Príon patogênico é
um agente infeccioso composto por proteínas com forma aberrante. Tais agentes
não possuem ácidos nucleicos (DNA e/ou RNA) ao contrário dos demais agentes
infecciosos conhecidos (vírus, bactérias, fungos e parasitas).
P.S.: A coluna já estava produzida quando
Nelson Luiz Sperle Teich foi nomeado Ministro da Saúde, substituindo Luiz
Henrique Mandetta. Tragédia? Devagar com o andor que o santo é de barro. O
discurso do novo titular não aponta para um “cavalo-de-pau” na rota. Com toda a
diplomacia que o momento exige, sinalizou que a quarentena será aliviada. Só
não especificou a velocidade nem a rota a ser seguida. Esperamos que a
tecnicidade e o bom senso preponderem. O futuro do Brasil e, consequentemente o
nosso, dependem intrinsecamente do acerto nas decisões a serem tomadas a curto,
médio e longo prazo.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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