“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
RIDENDO CASTIGAT MORES
A espécie humana se distingue dos outros seres vivos por uma série
de características que ao longo do tempo vão se adaptando à evolução técnica,
mas principalmente ética e moral.
A comunicação mais sofisticada que desenvolvemos nos remete
incontinenti a interações e estas desembocaram na arte cênica. Religiões usam
esse filão bem como a política, chegamos ao teatro e derivados. Desde os
gregos, as tragédias, exteriorização da vida social e, numa posição
proeminente, a comédia. A sátira persegue os políticos desde os tempos antigos.
Cícero (Marcus Tullius Cicero, 106 a.C. – 43 a.C.), filósofo, orador,
escritor, advogado, político romano, considerado uma das mentes mais brilhantes
e versáteis das Roma antiga talvez tenha sido o criador de “Ridendo castigat
mores” (com o riso se castigam os costumes).
Gil Vicente (1465-1537), tido como o pai do teatro português, além
dos textos mais convencionais também utilizou a sátira para vergastar as
autoridades da época.
Na atualidade com o boom das comunicações os políticos têm
pesadelos quando seus atos são esmiuçados por chargistas e cômicos. A ironia se transforma num algoz das atitudes
aceitas com relutância pela população.
Leandro Karnal, historiador, professor universitário e
conferencista renomado nos proporciona uma página que utiliza com maestria a sátira.
Transcrevo-a.
KIT, EXTINTORES, ETC.
Eu vou fazer uma suposição totalmente aleatória, sem nenhuma
vontade de aplicá-la na prática.
“Vamos imaginar um país no século XVI onde haja uma lei exótica:
Sua Majestade, chamemos de Rei Henry, determinou que todas as carruagens
tivessem um kit de primeiros socorros. Vamos imaginar uma história absurda e
totalmente sem base. Todos que possuem carruagens se esforçam para comprar um
kit de primeiros socorros e logo após todos terem comprado, Sua Majestade Henry
anuncia que não é mais necessário. É justo e lícito que essas pessoas cometam
regicídio ou reflitam: será que este rei tem interesse na produção de kits de
primeiros socorros? Será que este rei têm ações, um irmão dele é dono da
fábrica? Que coisa mais ridícula obrigar uma nação inteira comprar um kit e logo
dispensá-la pelo motivo óbvio de que eu não saberia fazer nada com um kit de
primeiros socorros diante de alguém atropelado por um cavalo e sofresse uma
fratura exposta. Eu posso passar a mão na cabeça, rezar junto. Eu não tenho
nenhum conhecimento médico, provavelmente eu pioraria o estado da vítima e não
ajudaria. Uma
ideia absurda e derrubada, Sua Majestade voltou atrás. Sua Majestade decide
então que é seguro em caso de incêndio das carruagens, um extintor. Como ainda
não há extintores, um balde de água em todas as carruagens. Todas as carruagens
devem ter um balde de dez litros para caso de incêndio. Sua Majestade obriga o
país inteiro e toda a frota de carruagens a comprar esse balde e assim que
todos compram, Sua Majestade diz que o correto é que o balde seja de quinze
litros, um modelo mais avançado e toda nação compra porque é obrigatório.
Terminada a compra, alguns multados pela posse do balde errado, Sua Majestade
comunica feliz que a posse do balde agora é facultativa. Eu
recomendaria para esse povo, guardem o balde porque a qualquer instante... governo
é como herpes, sempre volta”.
O que dá pra rir dá pra chorar.
Questão só de peso e medida.
Problema de hora e lugar,
Mas tudo são coisas da vida.
Questão só de peso e medida.
Problema de hora e lugar,
Mas tudo são coisas da vida.
Canto chorado – Jair
Rodrigues
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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