segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO
É com fogo que se tempera o aço, as vicissitudes permitem às pessoas demonstrarem seu caráter. Quanto maior a dor, a injustiça, o infortúnio, mais difícil manter o equilíbrio, absorver “sem perder as estribeiras” o impacto de fatos para os quais não demos causa e que nos atingem no âmago dos sentimentos, um comportamento que poucos, muito poucos, conseguem enfrentar como o fez Antoine Leirie após perder a esposa no atentado terrorista ao teatro Bataclan – Paris – em 13 de novembro de 2015.                                                                                                                                      Terroristas patrocinados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante efetuaram um ataque com tiroteio, ataques suicidas, reféns mutilados sadicamente. Depois de infrutíferas tentativas de negociação a polícia invadiu o local e o que viu é digno de um filme de terror: decapitações, eviscerações, enucleações (remoção de olhos), castrações e tudo o mais horrendo que se possa imaginar.
Antoine Leirie perdeu sua esposa, Helène, no ataque. Seu tributo a ela foi compartilhado milhares de vezes no Facebook.
“Eu não sei quem vocês são e não quero saber – vocês são almas mortas. Se o Deus por quem vocês matam nos fez à Sua imagem e semelhança, cada bala no corpo de minha mulher teria sido uma ferida no coração Dele. Por isso, eu não lhes darei o presente do ódio. Vocês o procuram, mas responder isso com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez de vocês o que vocês são.           Vocês querem que eu tenha medo? Que eu não confie nos meus compatriotas? Que eu sacrifique minha liberdade pela segurança?                                                                                                                             VOCÊS PERDERAM!                                                                                                                                                   Eu a vi esta manhã, após dias e noites de espera. Ela estava linda, assim como saiu na sexta. Tão linda como no dia em que me apaixonei por ela, há mais de 12 anos. É claro que estou devastado, em luto – vocês têm esta pequena vitória. Mas será um luto a curto prazo. Ela estará conosco todos os dias. E nós vamos nos encontrar no Paraíso das almas livres.                                                                                                          NO QUAL VOCÊS NUNCA ENTRARÃO.                                                                                                               Meu filho e eu somos apenas dois, mas somos mais poderosos que todos os exércitos do mundo. Eu não tenho mais tempo para gastar com vocês. Eu preciso cuidar do Melvil, que está acordando da soneca da tarde.                                                                                                                                             ELE TEM APENAS 17 MESES DE VIDA.                                                                                                            Ele vai fazer seu lanche como todos os dias e nós vamos brincar como todos os dias. E em todos os dias de sua vida este menino vai insultá-los com sua felicidade e liberdade. Porque vocês não têm o ódio dele também”. Antoine Leiris.

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO
Ponha-se no lugar de Antoine Leiris, terias a capacidade de sublimar como ele o fez? Confesso, sinceramente, eu não. Não posso de sã consciência desconsiderar que grupos terroristas realizam os mais torpes atentados – atingindo vítimas inocentes – em nenhuma parte do mundo. É justa a indignação contra o ataque ao elenco de “Porta dos Fundos” (que representa um Cristo homossexual), porém, a liberdade de expressão, mesmo que através da mídia ou espetáculos teatrais não pode ser ABSOLUTA. O Deputado Bibo Nunes, em discurso na Câmara Federal, indignado com o STF – que liberou o vídeo – pergunta se o STF consideraria como obra cultural um vídeo que os apresentasse nominalmente como gays e drogados.
Lembremos os ataques jihadistas que desembocaram no massacre do Bataclan, o corolário das respostas ao jornal satírico “Charlie Hebdo” que publicou charges ofensivas ao profeta Maomé. AMBOS OS FATOS se interligam e AMBOS são execráveis e execrados.                                                                                                                                    Não posso, também, admitir vitupério a crenças, sejam quais forem. O especial da Netfix retrata um Jesus gay (Gregório Duvivier), que se relaciona com o jovem Orlando (Fábio Porchat) e um Deus mentiroso (Antônio Tabet) que vive um triângulo amoroso com Maria e José.   Não posso deixar de perguntar: teriam “coragem” de encenar algo parecido com personagens sagrados ao islamismo ... no Irã?
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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