sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

PAU QUE DÁ EM CHICO DÁ EM FRANCISCO





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

PAU QUE DÁ EM CHICO DÁ EM FRANCISCO – 31/01/2020

"A régua da Justiça deve ser isonômica e sua força deve se impor a fortes e a fracos, ricos e pobres. Uma mensagem que a linguagem simples do povo traduz: o pau que dá em Chico dá em Francisco", trecho do discurso de sabatina de Rodrigo Janot perante o Senado Federal, em 2015. A ideia de que “Chico” é uma pessoa qualquer, sem posição social relevante, enquanto “Francisco” é uma pessoa diferenciada, de destaque, representa uma falácia pois todo Francisco é Chico e todo Chico é Francisco numa democracia plena, razão pela qual não se pode diferenciá-los na aplicação das leis.
Este preâmbulo para analisar dois fatos concomitantes e que revelam como existem diferenças, SIM, no tratamento entre desiguais. As verbas não são públicas, na realidade, de todo o povo contribuinte que destina parte do resultado de seu labor para que o Estado as utilize em benefício de TODOS. Tanto do Chico como do Francisco. Sabemos que isso não acontece no momento. Enquanto a PEC que modifica os critérios da Previdência e corta vantagens de funcionários do Executivo é aprovada pela Assembleia por 35 votos a 16 (28/01/2019) e cria regras de EXTINÇÃO DE VANTAGENS TEMPORAIS, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) realizou pagamento extra a funcionários da Corte referentes a férias e licenças-prêmio não gozadas. Houve conselheiro que recebeu quase R$ 700 mil referentes ao período em que era deputado estadual. A remuneração não inclui o salário de R$ 39 mil e o 13º salário, pagos de uma só vez na folha de dezembro (lembremos que funcionários do Poder Executivo têm seus salários parcelados há cinco anos).
O vice-presidente do TCE, Pedro Figueiredo, disse que pagar esses valores foi a forma encontrada para evitar aposentadoria de servidores, o que prejudicaria o funcionamento do tribunal. O pagamento repercutiu na Assembleia, onde um grupo vai enviar ao tribunal um pedido de informações.
Antes que se tirem ilações sobre a necessidade da PEC em discussão na Assembleia e considerando a calamitosa situação das finanças estaduais – que se verifica nos últimos governos – reflitamos sem preconceitos, sem pensar na próxima eleição, sem desconsiderar os JUSTOS anseios de TODS as categorias. É indiscutível que, quando o dinheiro escasseia faz-se necessário optar pelo que não pode ser relegado. Numa família, moradia, transporte, alimentação, despesas em educação e instrução, saúde... têm prioridade sobre turismo, happy-hour, etc. Nos indignamos quando, ao ler “Os Miseráveis” de Vitor Hugo, nos confrontamos com a descrição de um cidadão que rouba um pão para saciar a fome da família, é preso, julgado e condenado a cinco anos de prisão com trabalhos forçados.                                                                                                                                             
O Estado não pode atender o mínimo para uma classe de funcionários (Executivo)e é forçado, por decisão judicial, a honrar dispêndios com outros poderes – com vencimentos no topo da pirâmide – sem atrasos, com reajustes acima da inflação e sem tergiversação.    O pau que bate em Chico alivia as costas de Francisco.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sábado, 25 de janeiro de 2020

SOBRE UMA NOTÁVEL PROFESSORA DE ODONTOPEDIATRIA






05 – CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira
SOBRE UMA NOTÁVEL PROFESSORA DE ODONTOPEDIATRIA
“Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”.
Pablo Picasso

Cheguei à PUCRS, recém graduada em Odontologia pela UFRGS, em 1982, sob a orientação do Radiologista Prof. Dr. Icléo Faria de Souza.                                                                   Cursei Especialização e Mestrado em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (faria meu Doutorado - Estomatologia Clínica em 1992).                                                                      Uma vez defendida a Dissertação de Mestrado, fui contratada para ministrar aulas de Anatomia de Cabeça e Pescoço pelos Professores Milton Menegotto e Raphael Onorino Carlos Loro. 
Neste período, conheci uma notável Professora de Odontopediatria, Dra. Ingeburg Hellwig, que, durante os 30 anos que fui Docente e Pesquisadora, só fez crescer no meu conceito enquanto Profissional e Pessoa.                                                                                                 A Profa. Dra. Ingeburg sempre se mostrou acessível a ensinar e aprender, mérito exclusivo dos que verdadeiramente são GRANDES.
Quando havia um caso urgente de Traumatismo Dentoalveolar em crianças, junto aos plantões do Hospital São Lucas e do Hospital Cristo Redentor do GHC (SUS), era a parceira que acolhia, imediatamente e com maestria, o atendimento clínico destes pacientes sempre que suas famílias não tivessem como acorrer a clínicas particulares.
Pioneira, junto ao inesquecível Diretor da então Faculdade de Odontologia, Professor Loro, organizou, instalou e iniciou o atendimento de pacientes especiais, sob anestesia geral, em ambiente ambulatorial e hospitalar adequados na PUCRS.                                       Incansável, decidiu sair da “zona do conforto” dos que já marcaram seus nomes na História da Especialidade e buscou minha orientação para pesquisar e cursar Doutorado em Cirurgia.
Soube separar ser colega, orientada de Pós-graduação e amiga pessoal. Cumpriu tarefas árduas. Participou de Seminários e colaborou com colegas mais inexperientes, motivando-os e dando exemplo.
Memoráveis nossos encontros de finalização de sua Tese, em sua casa, na companhia de seus cães fiéis, sempre regados com um excelente chá e quitutes especiais.
Ciência e Cultura; vida que segue!   
Certamente continuaremos a participar de Eventos Científicos como os de São Paulo, junto à equipe da USP, até porque sabemos da importância de nos mantermos atentas à evolução tecnológica e didática.
Concordamos, desde sempre, sobre a indissociabilidade entre Ética e exercício profissional (clínico-cirúrgico; docência e pesquisa).

(da Comunhão)
“Tu te abeiraste da praia                                                                                                        Não buscaste, nem sábios nem ricos                                                                                          Somente queres que eu Te siga                                                                                     Senhor, Tu me olhaste nos olhos                                                                                                   A sorrir, pronunciaste meu nome                                                                                          Lá na praia, eu deixei o meu barco                                                                                                                                                    Junto a Ti, buscarei outro mar”.
           

A VERDADEIRA E INDISPENSÁVEL REVOLUÇÃO BRASILEIRA






CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira

04 – A VERDADEIRA E INDISPENSÁVEL REVOLUÇÃO BRASILEIRA – 18/01/2020
Estarrecidos, mulheres e homens de bem viram e ouviram notícias de que não se destinariam a uso (ensino e aprendizagem) milhões de livros didáticos novos e em perfeito estado de conservação (português, matemática, inglês, biologia) com o argumento espúrio de que estariam “desatualizados”.                  
Ciência e Cultura se perpetuam no tempo, apesar de episódios lamentáveis de “queimas de livros” ou “censuras”, até mesmo para que seja contada a magnífica e complexa História da Humanidade.
Fatos novos podem e devem ser acrescidos, a cada período (sem o descarte do anterior), decorrentes da criatividade humana que gere conhecimentos e/ou comprove a evolução de fenômenos/leis da Natureza como na Física (Aristóteles - Nicolau Copérnico - Galileu Galilei - Isaac Newton – Albert Einstein).
Mas esta avaliação deve pertencer a pessoas eticamente justas e muito bem formadas, cultural e cientificamente, sem viés ideológico e/ou uso oportunista de argumentos dogmático-religiosos.  
Nada de bom se constrói para uma Sociedade Humana em que ainda viceja a ignorância manipulada e o analfabetismo que castra o acesso à informação de qualidade, o uso e o abuso que vivenciamos na divulgação de FAKE NEWS. E quem, eventualmente, financia sua veiculação deveria vir a ser enquadrado em “Crime de Lesa-Pátria”, a partir da elaboração, aprovação e sanção de Norma específica, com punição rigorosa aos transgressores que enxovalham a construção e o amadurecimento da Cidadania.
Acredito ser imperioso começar a se refletir e a planejar criteriosamente nosso próximo voto, para que o processo eleitoral possa nos conduzir a governantes concretamente capazes de não apenas acenar com, mas verdadeiramente realizar, de forma célere e comprometida, enquanto PRIORIDADE NACIONAL, ações coordenadas que propiciem, na prática e a curto prazo, instalação e adequação de escolas civis públicas de qualidade para crianças e jovens, com recursos humanos e materiais necessários, além do imediato pagamento de piso nacional DIGNO para todos os profissionais de EDUCAÇÃO, desde a pré-escola. Reativar e intensificar cursos noturnos de alfabetização para adultos objetivando, paulatinamente, resgatá-los de grupos a quem não interessa que exerçam livre-arbítrio. Também conclamar mães e pais para cursos noturnos de reciclagem periódica em Ciências e Cultura.
Isto SIM seria democrático e revolucionário. Tornar realidade o sonho exequível do brilhante PAULO FREIRE (ensinar a ler e a escrever com base e conforme realidades locais e regionais, como, por exemplo: caqui e pêssego no sul; carambola e pitanga no nordeste).
Nosso Brasil somente evoluirá como NAÇÃO quando este tempo de LUZ sobre as trevas chegar; com Social Democracia. Esta radicalidade inteligente eu apoio: escola pública de qualidade para TODOS.


Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

CIÊNCIA E OBSCURANTISMO





CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira

03 – CIÊNCIA E OBSCURANTISMO – 06/01/2020

Janeiro de 2020 inicia com o falecimento da Pesquisadora MARIA PRIMAVESI, em São Paulo, aos 99 anos de idade.  
Austríaca, radicada no Brasil desde 1940, foi uma das pioneiras da Agroecologia em nosso país. Foi Professora da Universidade Federal de Santa Maria e autora de importantes livros sobre Agricultura Orgânica e Sustentável.
São mulheres e homens deste patamar de excelência humana e científica, os únicos que poderão vir a ser modelos qualificadores a serem imitados por jovens quando nosso País vier a ser governado por Pessoas (no sentido Kantiano do termo, ou seja, que mereçam respeito e não devam nem possam ser usadas como meio), que valorizem EDUCAÇÃO, ARTE, CULTURA, CIÊNCIA, PESQUISA, na perspectiva de se poder atingir um alto nível de CIDADANIA no Brasil.                                                   
Muito para além de ataques torpes e injustificáveis de autoridades democraticamente eleitas a personalidades internacionais, desconhecendo o alto valor do diálogo entre pensamentos e práticas divergentes, assim como a verdadeiros centros de produção de conhecimento que sejam fontes de esperança para um futuro melhor e iluminado que mulheres e homens de bem almejam para o seu entorno e o bem estar familiar, comunitário e social.  
Desacreditar estudos científicos internacionais sobre o Clima e o Planeta Terra, ressuscitar a hipótese pré-medieval do Terraplanismo, elogiar regimes de exceção de qualquer viés ideológico assim como personagens ligados à tortura, incluir em Equipe de Governo seres humanos bizarros que pouco contribuem com suas declarações como “meninas de rosa; meninos de azul”, desconsiderar a primazia dos interesses Econômicos e Comerciais do Brasil, assim como a Segurança Nacional, nas Relações Exteriores, deixar de privilegiar projetos eticamente justos (e não eleitoreiros) nas áreas de EDUCAÇÃO, SAÚDE e SEGURANÇA Públicas como Deveres de Estado, estabelecendo, para tal, programas de alto nível de treinamento, objetivando qualificar a ação e a atuação dos Profissionais (necessariamente muito bem remunerados) destas áreas ESTRATÉGICAS junto à Sociedade, é deixar para futuras gerações uma herança verdadeiramente maldita de IGNORÂNCIA, VIOLÊNCIA BANALIZADA e (pior) DESESPERANÇA,  que nada de bom constrói na polarização que envenena o País e nos faz perguntar:                                                                 - que Brasil queremos?                                                                                                              - que Brasil teremos?                                                                                                                - que Brasil merecemos?
Em tempo: Angela Merkel e Barak Obama não serão nossos governantes, INFELIZMENTE.


Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

A GENIALIDADE DE LEONARDO DA VINCI 2






CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira
LEONARDO DA VINCI – 16/12/2019
Na Itália Renascentista, nascer bastardo entre as classes aristocráticas não era problema ou embaraço. Muitos artistas criativos daquela época eram filhos ilegítimos.
Autodidata, o canhoto de escrita espelhada Leonardo da Vinci iniciou a desenvolver sua genialidade na Florença do século XV, de economia próspera e onde havia a maior taxa de alfabetização da Europa (um terço de sua população).
Perfeccionista, obsessivo, distraia-se facilmente, postergava tarefas. Muitos de seus projetos e obras ficaram inacabados. Estudar Anatomia, através de minuciosas dissecações de cadáveres, o levou a conceber movimentos do corpo ao seu desejo de artista genial de retratar emoções intensamente, no que foi pioneiro.
Quando se mudou de Florença para Milão, passou a projetar dispositivos militares engenhosos, além de conjuntos de planos arquitetônicos revolucionários para a cidade, incluindo sistema de esgotos, objetivando reduzir surtos de pestes, o que qualificaria a vida da população local se as  ideias tivessem sido implementadas. Foi também um exímio produtor de espetáculos artísticos e culturais.
Ao contrário de muitos artistas de seu tempo, Leonardo da Vinci era bonito e asseado, de personalidade agradável, divertido e vestia-se de forma surpreendentemente colorida. À medida que envelhecia, foi cultivando longa barba.
O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci simboliza um ideal de Humanismo, dentro do quadrado e do círculo, em que as medidas e as proporções do corpo humano refletem estudos detalhados de Anatomia.
A abordagem empírica de Leonardo da Vinci, que embasava Ciência, principalmente em observações e experiências, o fez, mais uma vez, estar à frente do seu tempo. Mas também se permitiu evoluir, passando a estudar em livros (1490) e complementar as evidências experimentais a partir de estruturas teóricas já publicadas. A partir de então, passou a perceber que a Matemática era a base para transformar suas observações em teorias.
Sempre trabalhou em equipe. Era um observador obsessivo, principalmente no que diz respeito aos efeitos de luz e sombras. O uso inteligente de sombras como técnica para representar objetos tridimensionais significou a ruptura com as práticas de pintores da época, distinguindo inequivocamente as suas obras. Seus profundos estudos de Óptica impactaram sua Arte por sua crença no fato de que a visão dos limites na natureza e nas telas devessem ser borrados, o que o tornou pioneiro do SFUMATO, técnica levada ao seu máximo de perfeição na MONA LISA.
Já a principal contribuição de Leonardo da Vinci no estudo de perspectiva na Arte foi ter incluído, para além da perspectiva linear, técnicas para criar sensação de profundidade através de mudanças em cores e claridade. Para exemplificar, basta admirar a ÚLTIMA CEIA.
Notável e tremendamente humano: Leonardo da Vinci.
Às leitoras e aos leitores do Litoralmania, um NATAL de LUZ e um NOVO ANO DE PAZ!                                                  



A GENIALIDADE DE LEONARDO DA VINCI 1





CIÊNCIA E CULTURA
Marília Gerhardt de Oliveira

A partir de hoje, a cada duas semanas, enviarei um texto para ser publicado no Litoralmania. Inicio esta tarefa com entusiasmo e responsabilidade por ser leitora de excelentes colunistas deste veículo on-line.

A GENIALIDADE  DE  LEONARDO  DA  VINCI  E  O  FUTURO  INCERTO – 27/11/2019
                                                                                                                 
Após dias de árduo trabalho construindo ninhos, um grupo de pardais imaginou que suas vidas seriam bem mais fáceis se conseguissem a ajuda de uma coruja. Conjecturaram que ela poderia cuidar de mais novos e mais velhos, assim como ser muito útil no enfrentamento de gatos... Resolveram, então, procurar um ovo, um filhote ou uma coruja abandonada. Para terem sucesso, acreditaram poder domesticá-la e adestrá-la. Um pequeno grupo de pardais divergiu por considerar haver grave risco neste projeto ambicioso. Mas seus argumentos não foram considerados pela maioria dos pardais. E o futuro poderia vir a provar que os pardais mais prudentes estavam certos... (Fábula de Pardais)
Mary Schelley, em 1818, publicou “Frankenstein, o Prometeu moderno”. A criatura, construída com pedaços de cadáveres, era ciente de ser um monstro. O desejo de ter uma companheira de aparência similar, capaz de compreendê-lo e dividir a vida com ele, não foi atendido por seu criador. O embate entre criador e criatura representa a impossibilidade de seres humanos agirem como se Deus fossem, sem o grave risco de destruírem a espécie humana.
Posto isto, passemos a discorrer sobre um Gênio muito à frente de seu tempo: Leonardo da Vinci.
Como Cirurgiã-dentista, graduada na UFRGS e pós-graduada em Cirurgia e Estomatologia na PUCRS, além de formação em Bioética no Instituto Kennedy (USA) e na Universidade de Barcelona (Espanha), enfocarei, hoje, a relação pioneira de Leonardo da Vinci com a Odontologia.
Em 1482, ao se transferir de Florença para Milão, a Anatomia Humana era estudada principalmente por acadêmicos da área da Medicina. Mas, em pouco tempo, proeminentes Professores de Anatomia passaram a atuar como seus tutores, primeiro emprestando livros e, depois, ensinando a ele dissecação de cadáveres. Nos desenhos de crânios de Leonardo da Vinci estão representados os quatro tipos de dentes humanos, com a informação de serem 32 no total, incluindo os quatro sisos. Desta forma, foi o pioneiro na descrição detalhada de elementos dentárias humanos, incluindo ilustrações quase perfeitas de suas raízes, em que os seis molares superiores possuem três raízes cada, duas do lado externo e uma do lado interno do maxilar, o que comprova que ele dissecou e cortou crânios humanos, expondo seios maxilares para determinar esta posição.
Como já não houvesse muito para honrar este Gênio da Humanidade, ele deveria ser celebrado como um pioneiro na área da Odontologia.
Na próxima quinzena pretendo enfocar outros aspectos da obra de Leonardo da Vinci, o que nos remete à fundamental importância de, para muito além de assimilar conhecimentos, termos a coragem de questioná-los, pesquisar, evoluir, com criatividade e competências técnica, científica e ética, distinguindo, assim, quem verdadeiramente pode construir um mundo mais fraterno, solidário e justo. Sem radicalismos que nos coloquem face a face com o obscurantismo indesejável se nosso objetivo for um futuro melhor. 

Marília Gerhardt de Oliveira
gerhardtoliveira@gmail.com

CONHECIMENTO PERIGOSO





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CONHECIMENTO PERIGOSO – 24/01/2020

Um dos perigos de se adotar progressos científicos sem realizar pesquisas minuciosas para comprovar a inexistência de efeitos colaterais catastróficos se consubstanciou no emprego da talidomida em mulheres grávidas. O objetivo era minimizar os enjoos que ocorrem no período. Quando se verificaram teratologias (ausência de membros superiores completos) em bebês, deu-se início a um cuidado redobrado antes de licenciar novos medicamentos e lança-los no mercado, um esforço pertinente para aumentar o bem-estar da humanidade com segurança. Vacinas e soros deram o pontapé inicial e a explosão da biologia molecular não parou mais de fornecer novas e eficazes ferramentas. A descoberta da vacina preventiva para a poliomielite foi um estímulo e os laboratórios investiram altas somas, os resultados foram compensadores. Na oncologia (estudo do câncer), até o momento os progressos são incomensuráveis, inclusive com a utilização de vetores heterodoxos, vírus transportando agentes de combate às células malignas minimamente acompanhados por efeitos colaterais indesejados. O iodo 131, radioativo, para combate ao câncer da tireóide, etc.
O incremento da pesquisa básica, que sempre inicia sem objetivo definido apostando na hipótese de que cedo ou tarde surgirão os resultados que sem esses estudos prévios seriam impossíveis de alcançar. Quando Pièrre e Marie Curie isolaram o rádio em 20 de abril de 1902 longe estavam de saber que futuramente seria usado no combate ao câncer. Foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física em 1903. James D. Watson e Francis Crick propuseram, em 1953, o modelo da dupla hélice do DNA e abriram as portas para que se realizassem as mutações dirigidas, os transgênicos foram possibilitados e nunca mais parou a vertiginosa escalada.                                                                                                               O DNA, ao produzir replicações diferentes de si mesmo dá origem às mutações. Algumas são deletérias, inclusive causadas por fatores estranhos, radiações, por exemplo, enquanto outras são propositadamente estimuladas para facilitar a adaptação ao meio ambiente modificado. A cor escura da pele pode se tornar mais evidente na África em razão da insolação acentuada ou mais pálida em zonas frígidas, sempre buscando uma adaptação que facilite a vida e a das gerações futuras. Tem sido assim desde o início e continuará sem interrupções, sempre buscando a adaptação indispensável.

A ciência progride com novas ideias e conceitos numa velocidade acelerada. No último século fomos apresentados a inúmeros serviços, produtos e ideias que nossos avoengos sequer imaginavam possíveis, cito algumas: insulina (1921) que permite a sobrevida aos diabéticos, televisão, fax (já obsoleto), xerox, telefone celular, computador, internet, aviões a jato, satélites artificiais, exploração do espaço sideral, antibióticos, transplantes, órgãos artificiais e muitos mais. Já imaginaram a vida sem isso tudo?  
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

CALBUCO, INFERNO NO CÉU





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CALBUCO, INFERNO NO CÉU
Intrínseca na natureza humana é a discordância em todos os campos. Na religião, ou na negação dela, ateus e crentes nunca chegaram a um acordo. Na política, jamais ocorreu nem ocorrerá um consenso, exceto em negociações que beneficiem as partes, nesse caso a corrupção ativa e passiva se mancomunam em detrimento do bem comum. Atualmente inventaram um termo para definir: governabilidade. Não passa dum abjeto toma-lá-dá-cá onde a tranquilidade dos governantes é negociada sem escrúpulos com a troca de benesses, muitos cargos e poucos encargos.
Esses preliminares para entender como e porque absurdos são difundidos e posam como verdades incontestes, por exemplo: A TECNOLOGIA está nos encaminhando a um aquecimento global que derreterá os gelos polares, provocará uma elevação do nível dos oceanos com catastróficas consequências para a vida em geral e a civilização em particular”. Na verdade, contribuímos com a nossa parcela, porém a natureza o faz com intensidade muito maior. O vulcão Calbuco, que em 22 de abril de 2015 entrou em erupção no Chile, expeliu enormes quantidades de dióxido de carbono, ácido sulfúrico, ácido clorídrico e outros gases igualmente tóxicos, além da lava e cinzas que cobriram vastas regiões do Chile e Argentina principalmente, destruiu plantações, dizimou rebanhos e inviabilizou o turismo. Este é apenas um dos que regularmente entram em erupção no planeta e causam efeitos poluidores superiores à soma de todos os emitidos pelo homem.
A comprovação que os “pums” dos rebanhos estão contribuindo decisivamente para a destruição da camada de ozônio que protege o planeta dos raios ultravioleta vindos do espaço não pode ser desconsiderada.  Agora, tente convencer pseudoecologistas que vulcões, terremotos, tsunamis e outras catástrofes naturais do meio ambiente são causadores muito mais danosos que a contribuição de seres vivos e dos efeitos colaterais da civilização na deterioração. “Nem que a vaca tussa”. Argumentarão que os “pums” de gás metano são mais danosos que as emanações do Calbuco.
Isso não quer dizer que descuidemos de diminuir emissões, isso é de vital importância por certo. Os pulmões dos chineses, por exemplo, sofrem, e muito, com o desleixo das indústrias. Em Minamata, Japão, a baía foi de tal modo poluída por efluentes de mercúrio que causou inclusive teratologias (perturbações no desenvolvimento fetal) e deu início à era da utilização de filtros e outros meios para evitar a contaminação, tanto da água como do ar. Graças a essas providências nos encaminhamos para uma exigência internacional de preservação do meio-ambiente.
Nossos netos e descendentes agradecem antecipadamente.
P.S.1: Já houve ao menos seis grandes catástrofes ocasionadas por causas naturais que quase exterminaram a vida na Terra. Há 500 milhões, 466 milhões e 253,8 milhões de anos. Impactante a extinção dos dinossauros há 65,5 milhões de anos, consequência da queda de um meteorito de aproximadamente 20 km de diâmetro, na baía de Yucatán México. Há 55 milhões de anos uma glaciação também quase eliminou os sobreviventes do meteorito. O homo sapiens sobreviveu à última glaciação ocorrida na Terra que começou há 100 mil anos e terminou há 12 mil.
P.S.2: erupção do Monte Tambora em 1815 foi ouvida na ilha de Sumatra (mais de 2000 km  de distância). Uma enorme queda de cinza vulcânica foi observada em locais distantes como nas ilhas de BornéuCelebesJava e arquipélago das Molucas. A atividade começou três anos antes, de uma forma moderada, seguindo-se a enorme explosão que lançou material a uma altura de 33 km, que, no entanto, ainda não foi o ponto culminante da atividade. Cinco dias depois, houve material eruptivo lançado a 44 km de altura, escurecendo o céu num raio de 500 km durante três dias e matando cerca de 60 000 pessoas, havendo ainda estimativas de 71 000 mortos, das quais de 11 a 12 mil mortas diretamente pela erupção.                                                                                       A erupção criou anomalias climáticas globais, pois não houve verão no hemisfério norte em consequência desta erupção, o que provocou a morte de milhares de pessoas devido à falta de alimento, com registros estatísticos confiáveis especialmente na Europa, passando o ano de 1816 a ser conhecido como o ano sem Verão. Culturas agrícolas colapsaram e gado morreu, resultando na pior carestia do século XIX


 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO
É com fogo que se tempera o aço, as vicissitudes permitem às pessoas demonstrarem seu caráter. Quanto maior a dor, a injustiça, o infortúnio, mais difícil manter o equilíbrio, absorver “sem perder as estribeiras” o impacto de fatos para os quais não demos causa e que nos atingem no âmago dos sentimentos, um comportamento que poucos, muito poucos, conseguem enfrentar como o fez Antoine Leirie após perder a esposa no atentado terrorista ao teatro Bataclan – Paris – em 13 de novembro de 2015.                                                                                                                                      Terroristas patrocinados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante efetuaram um ataque com tiroteio, ataques suicidas, reféns mutilados sadicamente. Depois de infrutíferas tentativas de negociação a polícia invadiu o local e o que viu é digno de um filme de terror: decapitações, eviscerações, enucleações (remoção de olhos), castrações e tudo o mais horrendo que se possa imaginar.
Antoine Leirie perdeu sua esposa, Helène, no ataque. Seu tributo a ela foi compartilhado milhares de vezes no Facebook.
“Eu não sei quem vocês são e não quero saber – vocês são almas mortas. Se o Deus por quem vocês matam nos fez à Sua imagem e semelhança, cada bala no corpo de minha mulher teria sido uma ferida no coração Dele. Por isso, eu não lhes darei o presente do ódio. Vocês o procuram, mas responder isso com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez de vocês o que vocês são.           Vocês querem que eu tenha medo? Que eu não confie nos meus compatriotas? Que eu sacrifique minha liberdade pela segurança?                                                                                                                             VOCÊS PERDERAM!                                                                                                                                                   Eu a vi esta manhã, após dias e noites de espera. Ela estava linda, assim como saiu na sexta. Tão linda como no dia em que me apaixonei por ela, há mais de 12 anos. É claro que estou devastado, em luto – vocês têm esta pequena vitória. Mas será um luto a curto prazo. Ela estará conosco todos os dias. E nós vamos nos encontrar no Paraíso das almas livres.                                                                                                          NO QUAL VOCÊS NUNCA ENTRARÃO.                                                                                                               Meu filho e eu somos apenas dois, mas somos mais poderosos que todos os exércitos do mundo. Eu não tenho mais tempo para gastar com vocês. Eu preciso cuidar do Melvil, que está acordando da soneca da tarde.                                                                                                                                             ELE TEM APENAS 17 MESES DE VIDA.                                                                                                            Ele vai fazer seu lanche como todos os dias e nós vamos brincar como todos os dias. E em todos os dias de sua vida este menino vai insultá-los com sua felicidade e liberdade. Porque vocês não têm o ódio dele também”. Antoine Leiris.

NÃO VOU CEDER AO ÓDIO
Ponha-se no lugar de Antoine Leiris, terias a capacidade de sublimar como ele o fez? Confesso, sinceramente, eu não. Não posso de sã consciência desconsiderar que grupos terroristas realizam os mais torpes atentados – atingindo vítimas inocentes – em nenhuma parte do mundo. É justa a indignação contra o ataque ao elenco de “Porta dos Fundos” (que representa um Cristo homossexual), porém, a liberdade de expressão, mesmo que através da mídia ou espetáculos teatrais não pode ser ABSOLUTA. O Deputado Bibo Nunes, em discurso na Câmara Federal, indignado com o STF – que liberou o vídeo – pergunta se o STF consideraria como obra cultural um vídeo que os apresentasse nominalmente como gays e drogados.
Lembremos os ataques jihadistas que desembocaram no massacre do Bataclan, o corolário das respostas ao jornal satírico “Charlie Hebdo” que publicou charges ofensivas ao profeta Maomé. AMBOS OS FATOS se interligam e AMBOS são execráveis e execrados.                                                                                                                                    Não posso, também, admitir vitupério a crenças, sejam quais forem. O especial da Netfix retrata um Jesus gay (Gregório Duvivier), que se relaciona com o jovem Orlando (Fábio Porchat) e um Deus mentiroso (Antônio Tabet) que vive um triângulo amoroso com Maria e José.   Não posso deixar de perguntar: teriam “coragem” de encenar algo parecido com personagens sagrados ao islamismo ... no Irã?
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

A VERDADE






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

A VERDADE

As promessas que fazemos a nós mesmos no alvorecer de um novo ano costumam ser tão fugazes como a fumaça dos fogos de artifício que se esvai no ar. Raramente ultrapassa o Dia dos Reis, 6 de janeiro. Estimuladas pelos eflúvios etílicos emanados do champanhe da virada do ano são esquecidos junto com a ressaca subsequente. INFELIZMENTE!
Se as boas intenções perdurassem, não fossem efêmeras, poderíamos verificar que, inclusive, o mundo se tornaria mais aprazível e os humanos mais humanos – no sentido mais condizente com a intenção do Criador ao assoprar vida no barro e criar Adão -, buscando um convívio menos conflituoso com a sociedade. Ao fim e ao cabo mais justa com os menos favorecidos. Sim, pois a caridade e a disposição de compartilhar fazem parte da maioria dos propósitos.
Vejamos um detalhe, utópico é verdade, que, como o toque da varinha mágica de uma fada mudaria o curso da História. Para sempre. Nunca mais mentir, a verdade ser alçada ao píncaro das ações, desejos e realizações. Evidentemente, todos os humanos, os políticos inclusive – preferencialmente diria -. E como seria um mundo onde os políticos cumprissem as promessas de campanha e – suprema comoção – não levassem de arrasto o habitual séquito de áulicos e cabos eleitorais (regiamente remunerados pelo erário público)? Ao serem investigados os notórios casos de corrupção que abastecem com generosidade as campanhas eleitorais? Lembrem do “Quero-o-Meu”, o corrupião corrupto, personagem idealizado por Luís Fernando Veríssimo? Sequer teria sido criado.
No decorrer de uma inquirição judicial “Sua Excelência” não poderia afirmar de boca cheia: “Sou o mais honesto dos brasileiros”; ou: “Não privilegiarei meus familiares na indicação para cargos públicos, nepotismo não será uma das minhas metas”; ou: “As obras licitadas serão executadas sem percalços, aditamentos pré-agendados, apenas os destinados para compensar a inflação ou exigidas para o bom funcionamento da empreitada”; ou: “Serão privilegiadas obras que beneficiarão o Brasil e não outros países”; ou: “As licitações não incluirão em seus cálculos de custo os tradicionais X% de suborno”; ou: “As obras iniciadas cumprirão seu cronograma e não serão postergadas ad aeternum”. Etc.
Acabaria o quiproquó da discussão sobre quando um condenado poderá ser preso. Não podendo mentir, o juiz e os jurados decidiriam com clareza e o acusado teria SEMPRE um julgamento baseado na VERDADE DOS FATOS, sem chicanas da defesa ou da acusação, falsos testemunhos, delações premiadas sem cunho verdadeiro, protelações intermináveis. HOSANA! Após a condenação em 1ª instância... presídio para o safardana.
BELISQUEM-ME PARA ACORDAR, JÁ PASSOU O DIA DOS REIS.
P.S. 1 – Às pessoas das minhas relações em certa ocasião afirmei e confirmo agora que, se pudesse realizar um único desejo, este seria impor a VERDADE no convívio humano. No início seria o caos, acreditem. Com o tempo se estabeleceria a primazia dos bons em detrimento dos cafajestes que, atualmente em muitos locais se instalaram e como não têm escrúpulos pouco se importam com as consequências.                                                                                                                                                                                                               P.S. 2 – O mito da Caixa de Pandora, a que ao ser aberta liberou todos os males que afligem a humanidade mas conservou cativa a Esperança, nos permite a crença que um dia a liberará e será o início de uma Nova Era.
Quando tudo parece perdido:

AS QUATRO VELAS – 2min15seg


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado