quinta-feira, 25 de julho de 2019

REFOªRMA DA PREVIDÊNCIA, CONTRIBUIÇÃO DO CONGRESSO EM 1ª VOTAÇÃO





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA, CONTRIBUIÇÃO DO CONGRESSO EM PRIMEIRA VOTAÇÃO

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não conseguiu incluir a extensão da reforma da Previdência aos estados e municípios. O relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), a deixou de fora para não confrontar líderes que representam a maioria da Casa, obedecendo à oposição de governadores que fazem campanha contra a reforma abrangente. O presidente Jair Bolsonaro tentou incluir policiais e militares na exclusão. Outros líderes, como o governador Eduardo Leite (RS), exigem que deputados votem a favor da proposta de endurecimento não apenas para trabalhadores da iniciativa privada, também para servidores dos três poderes, policiais e militares.                                                                                                                                                      “Isso (postura de alguns governadores que, em público, foram contra a reforma da Previdência e nos bastidores a favor) irritou muito os deputados e levou à retirada dos estados e municípios da reforma. Agora, se vier uma proposta separada recolocando os entes federados, é muito provável que prospere”. (Antônio Queiroz, diretor de comunicação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP)                                                                                                                   Senadores se articulam para votar em dois turnos primeiro a PEC inalterada aprovada pela Câmara, permitindo assim uma promulgação rápida. Os mais otimistas avaliam que é possível votar os dois turnos ainda em setembro, para tanto não poderão ser acrescidas outras mudanças. Obrigariam o retorno à Câmara para nova negociação.
É de se constatar que, apesar do forte lobby em contrário, o Congresso voltou a determinar que servidores públicos possam ser obrigados a pagar contribuição extra para compensar o déficit do sistema. Isso vale para os níveis federal, estadual e municipal. Foram mantidos na apresentação do projeto os seguintes itens:                                                                                                                      Os parâmetros para concessão de aposentadoria aos servidores públicos federais; garantia de pensão integral por morte em todos os casos ligados ao trabalho – demanda dos policiais; professores do sistema público de ensino para que possam se aposentar com paridade e integralidade dos salários aos 57 anos, não a partir dos 60 anos; uma correção à cobrança da Cobrança Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para instituições financeira, a recomposição da alíquota de 15% para 20%; estabelecer a alíquota para cooperativas de crédito em 17%.                                                                                                                                                          Foi mantido o endurecimento dos requisitos para os atuais políticos se aposentarem, porém, mantém a previsão da aposentadoria especial para quem ainda vai ocupar um mandato eletivo.
Entenderam a barafunda da reforma da Previdência? Concordam? Eu, não! Pelo menos nesses termos.
Quando cada categoria interessada procura “tirar o seu da reta” e os demais que se lixem... “ lembro a história do salame:
Uma parábola para melhor entender o mexe-mexe da reforma da Previdência:                                        Voltando de viajem, o proprietário apresenta, eufórico, um salame. Segundo o portador, uma delícia que não se encontraria na região.                                                                                                                                       Esperem o fim de semana para degustar solicitou. 
 A esposa cortou uma pequena fatia e aprovou. Ninguém reclamou, era apenas uma fatia e bem fina. Veio um filho, depois outro, a filha, um neto... todos saborearam “uma pequena fatia”.                                                                                                                                                                                      Os vizinhos, alertados para a delícia, também compareceram para saborear uma fatia, bem fina. De fatia em fatia, cada qual representando uma porção mínima... não sobrou salame.
Qualquer semelhança com a reforma da Previdência não é mera coincidência.
Aguardemos o que decidirá o Senado em agosto e não pecamos a esperança de que seja iluminado e reconduza a reforma da Previdência para que abranja estados e municípios através duma PEC em proposta separada.                                                                                                       Sem uma reforma consistente e racional, tudo o que o país arrecada será, no futuro, para pagar aposentados e pensionistas. Considerando a impossibilidade de paralisar o país, restará aos idosos, dependentes e incapacitados o mesmo horizonte tétrico vivido por venezuelanos e gregos na atualidade.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

REFORMA A PREVIDÊNCIA,JÁ NASCEU MORTA





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA, JÁ NASCEU MORTA

Cutucar a onça com vara curta é o que faz quem se dispõe a analisar a reforma da Previdência. Vamos lá:
A Previdência Social, talvez a mais brilhante criação do ditador Getúlio Vargas nasceu morta. Por quê? O princípio basilar de um programa de tal magnitude se alicerça, indubitavelmente, na criação de um fundo para garantir o pagamento das aposentadorias dos contribuintes e, na ausência deles, das pensões dos dependentes. Nos trinta anos iniciais entrou dinheiro proveniente das contribuições dos trabalhadores, das empresas e do governo. Verdade? Mentira. O governo, além de não honrar sua parcela utilizou as verbas para construir vilas IAPI Brasil afora, Itaipu, Ponte Rio-Niterói, etc.. INOMINÁVEL USURPAÇÃO!  Após trinta anos, as primeiras mulheres requereram aposentadoria e... cadê o dinheiro? Iniciou a Via Crucis que se tornou cada vez mais angustiante até o tempo atual.  Revivemos o suplício de Tântalo, sedentos e famintos, água e alimentos fora do alcance.       Apenas uma reforma radical poderá evitar que os atuais e, também os futuros aposentados, percam seus direitos, o que na velhice representará o desespero. Para piorar, em 09/06/2016 o governo instituiu a Desvinculação das Receitas da União (DRU) para que possa pagar suas demandas e controlar a inflação. As contribuições previdenciárias podem ser utilizadas sem prestar contas. A ninguém. O achaque desavergonhado que permitia retirar 20% do auferido pelas contribuições, no governo Temer foi ampliado para 30%.
A grande luta para tentar reabilitar a Previdência:                                                                      Com incentivo da presidente Dilma Rousseff, a partir de 05/02/2013 passou a vigorar a Previdência Complementar dos Servidores Públicos instituída pela Lei 12.618, de 30 de abril de 2.012. O governo, por meio da Portaria 44 de 31 de janeiro de 2.013, publicada no Diário Oficial da União de 04 de fevereiro de 2013, editada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) aprovou os planos de benefícios e o Convênio de Adesão da União à Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal. Com isso, segundo o art. 30 da Lei 12.618, os novos servidores serão filiados obrigatórios do Regime Próprio do Servidor até o limite equivalente ao teto de contribuição e benefício do INSS. Se desejarem uma aposentadoria com valor superior ao teto do INSS poderão aderir à Previdência complementar. Para os servidores que vierem a optar a União deixará de recolher o percentual de 22% sobre o total da remuneração do servidor para o custeio do RPPS. O excedente de contribuição (22% sobre o valor acima do teto) será substituído pela contribuição de 8,5% sobre a mesma base.                                                                                   O impeachment da presidente Dilma impediu o prosseguimento que, agora, em 2019, é novamente apresentado para ser votado nas duas casas do Legislativo. A proposta de reforma da Previdência entregue pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM), é abrangente: inclui trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos e beneficiários da assistência social. O pacote prevê, ainda, medidas de combate a fraudes e fortalecimento da cobrança de dívidas ao INSS.
Sugestões apresentadas:
1.      Regra geral do INSS: Idade mínima 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens), com 20 anos de contribuição. O texto proposto acaba com a possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição independente de idade.                        2. Regras de transição: O segurado poderá optar por três regras de transição, escolhendo a mais vantajosa.                                                                                       3. Aposentadoria do trabalhador rural: Idade mínima de 60 anos (homens e mulheres) e 20 anos de contribuição.                                                                          4. Regra de cálculo dos benefícios do INSS: Será calculado a partir de 60% da média de contribuições, acrescidos de 2% por ano de contribuição que exceder os 20 anos, até o máximo de 100%. O benefício não pode ser menor que o salário mínimo.                                                                                                                     5. Alíquotas de contribuição: Incidem sobre diferentes faixas de contribuição, variando de 7,5% a 11,68%. Para o funcionalismo que tem o direito de se aposentar com salário integral, as alíquotas variáveis poderão chegar a 22%.        6. Servidor público: 62anos (mulheres) e 65 anos (homens). O tempo de contribuição passa para 25 anos, com exigência de 10 anos de serviço público  e 5 anos no cargo em vigor.                                                                                           7. Professores, policiais e agentes penitenciários: Aos professores que trabalham na rede privada ou no serviço público, idade mínima de 60 anos com 30 anos de contribuição. Homens e mulheres policiais, civis ou militares, idade mínima de 55 anos, 30 anos de contribuição (homens) e 25 anos (mulheres).                               8. Pensão por morte: Para o serviço público e privado: 60% do teto do INSS, com mais 10% por dependente adicional, até 100%                                                          9. Assistência social e abono salarial: Para aqueles com mais de 65 anos e condição de miserabilidade. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) foi modificado para idosos. A partir dos 60 anos, R$ 400,00 e mais de 70 anos,1 salário mínimo.                                                                                                          0. Opção de capitalização para novos segurados: Seguirá o regime de contribuição definida, no qual o trabalhador receberá na aposentadoria o que poupar na idade ativa, com garantia de um salário mínimo.                                  11. Parlamentares: Todos passam a se aposentar pelas regras da aposentadoria especial.                                                                                                                   12. Gatilho, aumento constante da idade mínima: A partir de 2024, haverá um ajuste de idade mínima para todas as categorias a cada quatro anos.
Esta foi a proposta de reforma da Previdência enviada para a Câmara Federal a fim de receber possíveis emendas e supressões.
Na próxima coluna abordaremos esta parte.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

sábado, 20 de julho de 2019

TRANSGÊNICOS E FAKE NEWS






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS E FAKE NEWS

Os transgênicos são uma evolução da engenharia genética, caracterizada pela modificação, em laboratório, dos genes de um ser vivo. Surgiu a possibilidade de alterar o DNA de seres vivos com o intuito de potencializar ou criar determinadas características que a natureza não produz. Para melhor compreendermos utilizemos uma metáfora: Um colar de pérolas pode ter contas adicionadas e ou retiradas, continuará sendo um colar de pérolas, porém, diferente do original. Nos seres vivos podemos também retirar genes que apresentem anomalias e acrescentar outros que melhorem a qualidade do ”enxertado”.

 Vantagens de alimentos transgênicos:                                                                          Podem evitar ou prevenir riscos de pragas em plantações; maior resistência a agrotóxicos; aumentar a produtividade; enriquecer com proteínas e vitaminas específicas; remover características indesejadas ou nocivas.   Desvantagens:                                                                                                                                Podem produzir substâncias tóxicas ou que provocam alergias; provocar desequilíbrios ecológicos e diminuição da biodiversidade; tornarem-se mais susceptíveis a serem exterminados por um único agente patogênico.                                                     Transgênicos tanto podem nos induzir ao progresso e melhoria de vida, como gestar monstruosidades, inclusive armas biológicas. Cumpre exercitar vigilância e controle para separar o joio do trigo e não nos deixar transtornar por arautos do Apocalipse, que não admitem sequer a possibilidade de estudo, muito menos o uso de transgênicos.
EM 20 ANOS DE TRANSGÊNICOS, O QUE OS NÚMEROS REVELAM?
No Brasil, começaram a ser plantados em 1998 com a aprovação da soja resistente a herbicida, livrando as culturas do ataque de lagartas. Houve melhoramento genético que possibilitou, além da economia, maior produtividade e o encurtamento do ciclo de cultivo. Safras mais curtas permitiram a realização de até três cultivos em um mesmo ano: soja, milho e pastagens, algo raríssimo na agricultura mundial.                                                 Em 2005 o algodão, em 2007 o milho. Em 2012, pela primeira vez na história a safra de inverno superou a do verão em produção. A maior produtividade agrícola permitiu a expansão da indústria de carnes. Em 1998 se produzia cerca de 30 milhões de toneladas de soja e 7 milhões de toneladas de frango e suínos. Após 20 anos, em 2017, a produção de soja alcançou 120 milhões de toneladas, a de frango e suínos, 16,8 milhões de toneladas. 
Fake News proliferam de maneira avassaladora quando se aborda os transgênicos, mas, o que são fake news realmente? Um conteúdo deliberadamente inverídico, produzido propositadamente para simular uma notícia verdadeira. Um grupo de indivíduos cria notícias falsas e SABE que elas são mentirosas. Para espalhar com eficiência é necessária a existência de um segundo grupo que não consegue identificar a fraude, mas , devido ao fato de ser composto por muitos indivíduos, viraliza as fake News. Joseph Goebbels – Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista – já afirmava que uma mentira repetida mil vezes se tornava verdade. O que torna mais fácil a disseminação é a técnica de misturar notícias verdadeiras para contrabandear as falsas. Não é preciso salientar que há uma qualidade repulsiva de maldade no processo, mas ele FUNCIONA. Notícias falsas são fabricadas em escala industrial todos os dias. Nenhum de nós é imune. Se não podemos combater fakes há como evitar a DESINFORMAÇÃO pesquisando as fontes e mantendo o espírito alerta para notícias de conteúdo e procedência duvidosos. 
“E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco em teu olho, quando há uma trave no teu? Hipócrita! Tira antes a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza e tirar o cisco do olho do teu irmão”. (Mateus, 7.5)
Um exemplo nada edificante de fake news foi e continua sendo protagonizado pelo Greenpeace. Quando Ingo Potrykus, Professor Emérito de Ciências Vegetais do Instituto de Fitotecnia do Instituto Federal de Tecnologia Suíça e sua equipe aplicaram a tecnologia genética para produzir o ARROZ DOURADO introduzindo dois genes do Narcissus pseudonarcissus e um da bactéria Uredevora, abriram o horizonte para que, crianças principalmente as que habitam regiões carentes de vitamina A e, por conseguinte, sofrem de deficiência visual e mesmo cegueira pudessem, LITERALMENTE, ver o mundo em que vivem. A diferença entre enxergar e ser condenado à escuridão torna ainda mais revoltante a campanha que o Greenpeace desenvolve a todo o vapor.
P.S.: A Symgenta, empresa privada que criou o projeto, abriu mão de royalties para países pobres e com este procedimento desmonta os argumentos do Greenpeace.




Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

segunda-feira, 15 de julho de 2019

DESPERDÍCIO CRIMINOSO





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

DESPERDÍCIO CRIMINOSO

Cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo têm como deplorável destino... a lata de lixo! Na hipótese de serem aproveitados dariam para alimentar 2 milhões de pessoas, mais que o dobro de famintos no mundo (800 milhões). As frutas, verduras e legumes são os itens mais desperdiçados. Os principais responsáveis: coleta, seleção e armazenamento – 20%; não consumidos após a aquisição – 19%; processamento e descarte durante o processo – 14%.  Um escárnio, um crime que cometemos diariamente sem nos darmos conta, sem remorsos, sem vergonha. O desperdício de comida choca o senso moral e causa revolta nas pessoas com caráter.
Os países desenvolvidos são os que mais contribuem para este crime contra a humanidade e não seria difícil, se não eliminar, ao menos diminuir esse desperdício. Com um pouco de boa vontade, hotéis, restaurantes e assemelhados, poderiam recolher as sobras não consumidas e mantê-las refrigeradas, reservando-as para serem recolhidas. Neste ponto entrariam órgãos governamentais que se responsabilizariam pela coleta e distribuição. Nas residências, congelar o excedente para consumo futuro, além do conteúdo humanitário, representaria considerável economia.
FEIOS MAS NUTRITIVOS. Anualmente, só nos Estados Unidos, 2,5 milhões de toneladas de frutas e legumes nem são colhidas, por motivos estéticos.  Boa notícia é que a conscientização começa a se fazer presente. A empresa Imperfect, da Califórnia e redes varejistas da União Europeia adquirem produtos feios mas nutritivos e os oferecem a preços acessíveis às populações menos abonadas. Exemplos que tendem a proliferar e merecem elogios. A RC Farms envereda por outro caminho, recolhe de restaurantes, em Las Vegas, sobras de alimentos que após serem esterilizadas alimentam 2.500 porcos, substituindo 700 toneladas de rações anualmente. A dieta é complementada com o excedente de batatas de uma indústria alimentícia.
Atitudes individuais, por mais que pareça inverossímil, podem iniciar movimentos que se espraiam, inclusive atravessando fronteiras. Tristan Stuart, hoje com 38 anos, nasceu em Londres, atualmente exerce atividades no Peru e na Colômbia, onde encontrou terreno propício para a atividade de recolher alimentos rejeitados pelos supermercados, não pela sua qualidade alimentícia, mas pela aparência. São feios, saborosos e nutritivos, milhões de toneladas são descartadas pela sua aparência. Isto é indesculpável.  Stuart percorre fazendas, restaurantes e empresas alimentícias, nelas recolhe para dar destino correto tudo o que não é “laranja de amostra” (se me entendem) e promove distribuição de refeições a grupos de pessoas carentes. Na região de Picardia, França, um voluntário ajuda a recolher 500 quilos de batatas pequenas demais para serem colhidas à máquina. Cenouras, berinjelas e outros legumes e hortaliças doados, na Place de la République transformar-se-ão em refeições para 6.100 pessoas. O grupo Feedback, de Tristan Stuart, já organizou mais de 30 desses banquetes públicos. A ideia de chamar a atenção para o desperdício de alimentos começa a inspirar soluções locais independentes. Surgem em todos os cantos do planeta voluntários para darem o ”ponta-pé-inicial”, muitos se tornam definitivos e prosperam. O exemplo edificante impulsiona outras pessoas a cooperar e de grão em grão...   Palmas a esses heróis quase anônimos, eles merecem aplausos e devem ser imitados por quantos o possam.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

UMA PAUSA NO SORUMBÁTICO





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

UMA PAUSA NO SORUMBÁTICO

Em coluna pretérita comentei a resposta que o Criador deu a Lúcifer, o mais fulgurante querubim da corte celestial. Lúcifer inquiriu se havia justiça em agraciar o Brasil com natureza e clima amenos, belezas naturais, riquezas aos borbotões e, praticamente, nenhum flagelo natural. Nem vulcões, tsunamis, terremotos, desertos, geleiras...                  Respondeu o Criador:                                                                                                                  - Espere até conhecer os políticos que permitirei se digladiarem nesse paraíso.                                                                                                                                                                     Como sempre, foi profético. Amargamos sob o tacão do colonialismo predador, ditadores cruéis e “democratas” além de incompetentes, corruptos.
Uma pausa no sorumbático e voltemos o olhar ao que nos faz crer na possibilidade de um futuro sem traumas, sustos e desesperança. Há, sempre houve políticos que merecem nossa confiança e votos. Lembro um que nos deixou saudades pela sua integridade, capacidade de enfrentar problemas, superar obstáculos e nos infundir confiança: Jorge Alberto Beck Mendes Ribeiro.
Domingo, 14 de julho, lembramos a Queda da Bastilha e, também, a data do nascimento do inesquecível Mendes Ribeiro, meu advogado e amigo. Lembro um episódio ocorrido no seu escritório, na rua D. Pedro II. No diálogo que fluía surgiu questão referente sobre qual poderia ser o maior orgulho de um professor. Aleguei que ensinar com proficiência era OBRIGAÇÃO do mestre, fazê-lo de tal maneira que o superasse, um ORGULHO a ser comemorado como o ÁUGE da carreia. Um sorriso aflorou em seus lábios. Assim era Jorge Alberto Beck Mendes Ribeiro. SAUDADE!

Colunistas escolhem e pesquisam assuntos que possam atrair a atenção de seus leitores. Como as preferências são muitas e variadas, difícil, praticamente impossível satisfazer todos os gostos. Esforço-me para tanto e, agradeço os que me estimulam e enviam sugestões.        A história do ipê me foi remetida pela Dra. Marília Gerhardt d Oliveira, minha filha, professora aposentada da PUCRS, cirurgiã bucomaxilofacial do Hospital Cristo Redentor (Porto Alegre). Não é a primeira vez que me estimula, estou certo que não será a última. Outras colaborações recebi e, sempre, procurei aproveitar. Com isso afirmo que estou de braços abertos a publicar em minhas colunas as ideias de leitores que me honrarem com suas colaborações. Antecipadamente agradeço.

Prosseguindo o processo de distribuir a VIDA neste minúsculo planeta orbitando um sol de média importância nos confins da Via Láctea, o Criador estimulou os vegetais a optarem pela estação em que engalanariam o mundo com suas flores. Acompanhemos o ocorrido:
A HISTÓRIA DOS IPÊS
Quando Deus estava preparando o mundo, se reuniu em uma tarde com todas as árvores. Ele sugeriu para que cada árvore escolhesse que época gostaria de florescer e embelezar a terra                                                                                                                                         Foi aquela alegria.                                                                                                                      Outono, verão, primavera, diziam!                                                                                     Porém Deus observou que nem uma escolhia a estação do inverno. Então Deus parou a reunião e perguntou:                                                                                                                  - Por que ninguém escolhe a época do inverno?                                                                          Cada um tinha sua razão. Muito seco! Muito frio! Muita queimada!                                      Então Deus pediu um favor. Eu preciso de pelo menos uma árvore, que embeleze o inverno, que seja corajosa para enfrentar o frio, a seca, as queimadas e no frio embelezar o mundo...                                                                                                                              Todos ficaram em silêncio. Foi então que uma árvore quietinha lá no fundo, balançou as folhas e disse: - Eu vou!                                                                                                                E Deus com um sorriso  perguntou:                                                                                         - Qual seu nome minha filha?                                                                                                 Meu nome é Ipê, Senhor!                                                                                                       As outras árvores ficaram espantadas com a coragem do Ipê em querer florescer  no inverno. Então Deus respondeu:                                                                                                 - Por atender ao meu pedido farei com que você floresça  no inverno não apenas com uma cor... Que também no inverno o mundo seja colorido. Como agradecimento, terás diferentes cores e texturas, tua linhagem será enorme. E assim Deus fez uma das mais lindas árvores que dá cor ao inverno... E por isso temos os Ipês:                                                                                              Branco                                                                       Amarelo                                                                                                                                     Amarelo do Brejo                                                                                                                                               Amarelo da Casca Lisa                                                                                                     Amarelo do Cerrado                                                                                                                      Rosa                                                                                         Roxo                                                                                                                                               Roxo Bola                                                                                                                         Roxo da Mata                                                                                                                           Púrpura                                                                                                                                                                                                                                                                                        
REFLEXÃO:
Quando ouvimos a voz de Deus e fazemos a vontade Dele, recebemos muito mais daquilo que pedimos ou pensamos! Aí está o IPÊ em ANEXO maravilhoso.






Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

terça-feira, 9 de julho de 2019

FLÁVIO ALCARAZ GOMES






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

FLÁVIO ALCARAZ GOMES

Em todos os tempos todas as profissões gestaram representantes que parecem aureolados e predestinados a mudar o curso dos acontecimentos. Nunca mais se verá o que era corriqueiro até então servir de norte. Muda-se o modus operandi tradicional para sempre. Flávio Alcaraz Gomes (25/05/1927 - 05/04/2011) foi um desses meteoros que iluminaram o céu do jornalismo e embeveceram multidões. Seu faro em encontrar soluções onde elas se afiguravam inexistentes foi comprovado inúmeras vezes. Uma Copa do Mundo não dispunha mais ramais disponíveis? Sem problema, até em off-tube se pode transmitir. Uma guerra recrudesce ou se vislumbra no horizonte? Lá está presente o Flávio para cobrir in loco. Nunca um prelado brasileiro rezou uma missa na Basílica da Natividade em Belém? Flávio abre as portas para o arcebispo dom Vicente Scherer, Porto Alegre, realizar o sonho acalentado há tanto tempo.
De uma coisa podemos ter certeza: quando uma pneumonia o levou em abril de 2011 encerrou uma era e dificilmente sua ausência será preenchida. Seu nome se ombreia a tantos que mudaram o curso da história do jornalismo.
“Diário de um repórter – 50 anos sem medo”, o título de uma das obras de Flávio é uma obra digna de ser lida, detalha em minúcias a longa e exitosa carreira desse que foi, incontestavelmente, figura de proa de dois jornais (Correio do Povo e Zero Hora), de duas rádios (Rádio Gaúcha e Rádio Guaíba) de duas emissoras de TV (Guaíba e Pampa) onde apresentou “Guerrilheiros da Notícia”, um programa de debates multifacetado.
Transcrevo dois episódios do livro “Diário de um repórter- 50 anos sem medo”:
No dia 24 de dezembro de 1967, na Basílica da Natividade, Belém, o arcebispo dom Vicente Scherer reza a que talvez tenha sido a mais bela missa de sua vida. Flávio realizava mais uma de suas missões impossíveis: um prelado brasileiro, gaúcho, rezava uma missa na pequena Igreja da Natividade erguida sobre a gruta do Menino. Está repleta de emoção. Um coral magnífico canta “Noite Feliz”. A liturgia é de “Angelis”. No sermão, dom Vicente prega a paz entre os homens de boa vontade – e os de má vontade também. É a primeira que um prelado brasileiro reza a Deus na Noite Santa, na Cidade Santa. Diante do altar nos abraçamos comovidos.                                                                                                                          Saímos para a noite chuvosa. Jipes de capota baixa, com sacos de areia sobre o capô patrulham as ruas árabes. No alto do céu de Belém brilha uma estrela. De neon.
Oito de maio de 1968 – Estou em Paris para cobrir a Conferência da Paz. Americanos e vietnamitas concederam finalmente se encontrar para terminar sua interminável guerra. Sou um dos mil e quinhentos repórteres vindo de todo o mundo para testemunhar o histórico acontecimento. Ele se propagaria durante anos. Fomos salvos, para nossa sorte, por um dos mais ferozes movimentos de revolução urbana neste século. No fundo, rebeldes sem causa, os estudantes com suas hostes encorpadas por operários transformaram Paris numa praça de guerra. Em poucos minutos as ruas tinham seus paralelepípedos arrancados e jogados contra a polícia. Se revidasse e matasse alguém as consequências seriam imprevisíveis. Automóveis eram empilhados, plátanos centenários atorados em minutos por motosserras obstruindo boulevards como o Saint Germain, Saint Michel e Montparnasse. Traçadas com ampla largura para evitar barricadas, se revelaram inúteis. Cada vez que os policiais carregavam, eram incendiadas com o combustível retirado dos automóveis que, junto com as árvores abatidas lhes serviam de anteparo. Durante três semanas eu vi Paris em chamas, contando tudo pelos jornais e rádio.                                                                               Na volta escrevi mais um livro – “A rebelião dos jovens”, no qual contei com minúcias a história, desde o começo da revolta dos estudantes de Nanterre, passando pelo acovardamento da maioria silenciosa que ensejou a Charles de Gaulle provar, mais uma vez, ser o homem mais forte e firme da França. (Flávio Alcaraz Gomes – Diário de um repórter – 50 anos sem medo).
REQUIESCAT IN PACE, Flávio.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado