Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 01/04/17
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
COMPLEXO DE
VIRA-LATA
A situação do Brasil, não só a atual, desde o
descobrimento há uma tradição de aproveitar qualquer oportunidade para auferir
vantagens – Pero Vaz de Caminha ao escrever a “Carta de Achamento do Brasil”
aproveitou para solicitar ao rei D. Manoel I perdão para o seu genro. Esse fato
não absolve as continuadas e desavergonhadas tentativas de “levar vantagem em
tudo”, mesmo que recorrendo a meios ilícitos. Como resultado colateral
introjetou-se um “complexo de vira-lata” nos brasileiros, como se fôssemos o
rebotalho da civilização.
Prestem atenção ao discurso que Godfrey Bloom
pronunciou em 21/11/2013 frente ao Parlamento Europeu, do qual era membro
representando a Grã-Bretanha: denuncia a hipocrisia dos burocratas que
sobrecarregam o povo com impostos enquanto, ironicamente, colocam-se como
guardiões da lei e da economia mas...
“Bem, senhor presidente, estava pensando em citar o
filósofo americano Murray Rothbard, de que o Estado é uma instituição de ladrões
de grosso calibre e que impostos são um sistema pelo qual os políticos e
burocratas roubam dinheiro dos cidadãos para desperdiçá-lo nos modos mais
vergonhosos. Este lugar não é uma exceção. Incrível, não consigo entender como
vocês conseguem ficar com a cara tão
séria quando se fala de evasão fiscal. A inteira comissão (europeia) e sua
burocracia não pagam impostos. Vocês não pagam impostos como os cidadãos pagam
impostos, vocês tem “ofertas especiais” de todo o tipo. Alíquotas fiscais
compostas, altos níveis de isenção, aposentadorias isentas de impostos... Vocês
são os maiores sonegadores de impostos de toda a Europa e sentam aqui
“pontificando”. Bem, a mensagem chegou na casa dos cidadãos da União Europeia.
Vocês descobrirão que os “Eurocéticos”
voltarão em junho cada vez mais numerosos e posso dizer ainda mais:
assim que as pessoas descobrirem suas fraudes, não será preciso muito tempo
para que ocorra a invasão deste parlamento e que vocês sejam enforcados. E eles
terão razão”.
Podemos, sem pejo, assimilar que não temos
melhores, nem piores políticos que os de outras plagas.
A decisão da 2ª Turma do STE de aceitar a
denúncia contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) por ter recebido propina de
uma empreiteira por meio de doação eleitoral registrada no TSE pelo caixa 1,
desafia a Justiça Eleitoral e confunde a opinião pública. Há consenso que
o caixa 2 é crime, até mesmo porque o STF já se manifestou a respeito mais de
uma vez. Já a criminalização do caixa 1 dá um novo enfoque à questão e expõe a
urgência dum regramento sensato para as doações eleitorais.
Lideranças do PT, PMDB, PSDB e demais partidos
enrolados na Lava-Jato buscam emplacar a ideia do perdão para as falcatruas de
campanha. O principal argumento daqueles
que se beneficiaram de recursos de origem duvidosa, tanto pelo caixa 1 quanto
pelo caixa 2, é o de que era a regra do jogo.
“Anistiar o caixa 2 , neste momento, soa como uma
verdadeira imoralidade para a sociedade brasileira. Não vingou para o PT, por
que vingaria agora? Um critério ético-jurídico, ou é universal ou não serve
para nada.
É inadmissível que a limpeza, de profundas implicações éticas, jurídicas
e políticas, valha exclusivamente para um partido político e não para os
demais”. (Denis Rosenfield, filósofo – Zero Hora, 14/03/2017)
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