Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" - 22/04/2.017
www.litoralmCCania.com.br/diferentes-atitudes-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
DIFERENTES
ATITUDES
Em coluna anterior – “Exemplo a ser imitado” - escancarei
dois comportamentos conflitantes: o EI (Exército Islâmico) promoveu ataques
suicidas que provocaram feridos e mortos em duas igrejas coptas no Egito. Em contraponto,
comunidades judaica e cristã, em Porto Alegre, comemoram a Páscoa numa ceia
conjunta, um congraçamento sem ódios, direcionado ao convívio harmônico.
Se perscrutarmos desde o âmbito comunitário até o
vasto mundo verificamos que os antagonismos superam até os mais comezinhos
trâmites da realidade cotidiana. Há um vezo de separar tudo e todos em
categorias distintas. As pessoas que pensam como nós são, obviamente certas e,
quando procedem de maneira menos nobre (ditadores, por exemplo), têm motivos
válidos para assim agir. Quando não são da nossa grei transmutam-se em monstros
sanguinários. Exemplifico: Em 11/04 o economista João Neutzling Jr.
Escreveu em Zero Hora: “Gostaria que mostrassem a resposta do mundo civilizado
e dos EUA para o golpe de Estado que levou o ditador Pinochet ao poder no Chile
com uma ditadura que torturava e assassinava opositores. E o golpe liderado por
Jorge Vilela, na Argentina, ou a ditadura de Suharto, na Indonésia.
Respondi e foi publicado no mesmo jornal (13/04): Concordo
com o leitor João Neutzling Jr. (ZH, 11/4). Os países ocidentais falharam ao
coonestarem as ditaduras de Pinochet, Vilela e Suharto. Acrescentaria os
ditadores Fidel Castro (Cuba) e Pol Pot (Camboja), entre outros. Suas mãos
também ficaram manchadas com sangue. Merecem lembrança. Aliás, na época, o juiz
espanhol Baltasar Garzon, que requereu extradição para julgamento em Corte
Internacional de Pinochet poderia ter também indiciado Fidel Castro, que estava
na Espanha e não exigiria extradição.
O vereador Márcio Bins Ely (PDT), comunicou em
02/04 que viajará a Brasília para homenagear o ditador Kim Il Sung, fundador do
regime na Coreia do Norte, que faria 104 anos no dia 12/04. A Coreia do Norte é
a mais fechada e sanguinária ditadura do mundo.
Após a má repercussão do motivo do seu afastamento da Câmara de Porto
Alegre o vereador Márcio Bins Ely (PDT) cancelou a viajem que faria a Brasília e
que seria custeada pelo partido. Não teria recursos financiados pela Câmara
Municipal.
O vereador Adeli Sell, (PT), afirmou que é um absurdo um vereador
prestigiar um líder do país mais totalitário do mundo.
Um caso de apologia
ao nazismo pegou de surpresa uma das mais antigas escolas públicas de Porto Alegre.
Há cerca de três semanas o Colégio Estadual Paula Soares, localizado ao lado do
Palácio Piratini, no Centro, recebeu uma estudante de Filosofia da PUCRS para
participar das aulas da disciplina na escola, como parte de seu estágio
acadêmico obrigatório. De
acordo com a diretora da escola, Jenecy Terezinha Godois Segala, como a
estudante se mostrou tímida em seu primeiro dia, a professora titular da
matéria, após apresentá-la para uma turma do 3º ano do Ensino Médio a deixou
sozinha com os adolescentes. No entanto, cerca de dez minutos depois, um grupo
de alunos teria subido à sala da direção para relatar que a estagiária, nesse
período, os teria estimulado a fazer a saudação nazista com o braço direito
levantado, em sala de aula e agredido uma aluna. A diretora diz que uma ata foi feita com o
depoimento da estagiária. Nela, a mulher diz que, apesar de fazer apologia ao
nazismo em sala de aula, não pretendia doutrinar os alunos “porque sabia que
isso é errado”. Ela afirma ainda que a escola procurou a
faculdade de Filosofia da PUCRS após o incidente e cancelou o estágio na hora.
Exemplos de
intolerância, fanatismo e dificuldade para aceitar as diversidades de opinião,
crença e coabitação harmoniosa que ressaltei na minha resposta. Explicam,
outrossim, porque há no Oriente Médio um estado de beligerância que perdura por
quatro milênios.
Permito-me
confrontar essas atitudes com outro “Exemplo a ser imitado”:
Quem mais que Nelson
Mandela, após 27 anos de cárcere com trabalhos forçados teria motivos para,
quando liberto e alçado ao poder, comandar uma jornada de vingança e
retaliação? Mas, o que fez essa figura ímpar na História? Promoveu uma campanha
de congraçamento, o fim do “apartheid”, o início de uma nova vida que, dentro
das limitações, permitiu que a maioria negra passasse a coabitar com seus
antigos algozes. Como resultado, em vez de lutas fratricidas, um país em
desenvolvimento e pacificado.
Aqui, no Brasil, há
vislumbre duma vida sem ranços nem corrupção após a Lava-Jato?
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