Publicado em "www.litoralmania.com.br" - 30/06/2.016
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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ATIRE A
PRIMEIRA PEDRA
No dia de sua entronização como Sumo Pontífice da Igreja
Católica o Papa Francisco deu o primeiro sinal de como seria sua diretriz
futura. Em vez dos tradicionais paramentos suntuosos, manteve o hábito até hoje
seguido de vestes sóbrias, inclusive seus indefectíveis sapatos de couro preto
com solado de borracha. Antes da homilia, humildemente, pediu aos fiéis que
lotavam a praça São Pedro e adjacências: -“Rezem por mim que sou um pecador”.
Que exemplo a ser seguido por todos os homens de boa vontade,
consciência de sua finitude e fragilidade humana. O
Criador nos concedeu o livre arbítrio. Podemos usá-lo para nos elevarmos ou para
a degradação. Escolhamos a primeira opção, que não é fácil e exige contínua
luta para superar nossas inconsistências.
Ao nos depararmos com o ambiente caótico que atravessamos a
tendência é apontar, cheios de razão, os despautérios que a “novilíngua”
denomina “malfeitos”. São tantos, tão significativos, catastróficos e com
reflexos tão generalizados que não podem ser desconsiderados. Pelo contrário.
Mas não só eles. Pertencem à alçada das “elites” que fazem e acontecem e nada
lhes acontece. Nada lhes acontecia. Recentemente parece que os ventos mudaram e
furacões assolam sítios nunca dantes imaginados.
A Lava-Jato não se adstringe aos “ladrões-de-galinha”, não se intimida
ao defrontar mesmo deuses do nosso Olimpo, e, como numa sequência de peças de
dominó, as quedas prosseguem em ritmo ininterrupto e cada vez mais avassalador.
Zeus, Minerva, Apolo, Chronos e outros de igual magnitude ainda se sentem
intocáveis? Não perdem por esperar. Alguém poderia imaginar Sarney indicado
pelo Procurador Janot para usar tornozeleiras eletrônicas e Lula ao alcance do
Juiz Moro?
Tudo isso está sendo divulgado, comemorado por uns enquanto
provoca choro e ranger de dentes a outros. Decorridos alguns dias e os papéis
se invertem, e mais uma vez... e outra... e outra... Conclusão: Não há anjinhos
na parada. Na mitologia grega, nas pálpebras dos mortos se colocavam moedas
destinadas ao pagamento da passagem para o além. Caronte, o barqueiro, os
transportava través do rio Aquedonte ao Reino de Hades onde podiam adentrar nos
Campos Elíseos (céu) ou serem jogados no Tártaro (inferno). A mitologia grega
cai como uma luva quando observamos os mortos-vivos que perambulam pelos
escalões da política. Certamente a maioria seria confinada no Tártaro.
Retornando ao rés-do-chão, olhemos para o nosso umbigo.
Desdenhamos, vituperamos os que praticam “malfeitos grandiloquentes”. E nós?
Quantos podem se eximir de fazer companhia aos supracitados? Quantos se
sentirão isentos de culpa e convencidos que podem “atirar a primeira pedra”
conforme a provocação de Cristo aos que se dispunham apedrejar a pecadora Maria
Madalena? Quantos não pecam, diariamente em pequenos delitos como atravessar um
sinal vermelho, furar uma fila, pagar para driblar burocracia, LEVAR VANTAGEM
EM TUDO? Repito:
QUEM SE CONSIDERE INOCENTE, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA!
Queremos um pais DECENTE? Comecemos por nós.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Cirurgião-dentista aposentado
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