A SUPERMÁQUINA
– 14/05/2.016
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
A
SUPERMÁQUINA
Suponhamos
nos defrontarmos com uma supermáquina capaz de feitos incríveis, beirando o
mirabolante, o inconcebível. Se fosse um computador, os que conhecemos seriam
tão primitivos quanto o ábaco – aquela máquina de calcular composta por contas
(dez) enfileiradas em fieiras (dez), permitindo efetuar operações aritméticas –
comparando-a com um notebook.
Esta
máquina existe, não é ficção. É você, sou eu, somos todos nós. Desdobremos as
potencialidades:
Locomove-se
autonomamente; executa tarefas que conhece; aprende outras necessárias,
convenientes ou prazerosas; comunica-se com as demais; inventa para progredir;
armazena a energia necessária, se recarrega facilmente e o faz espontaneamente;
decide entre várias opções pela mais conveniente; trabalha isolada, em conjunto
ou com emprego de ferramentas que produziu; etc.
É
muito? É só o início.
Quando
lesionada tem a capacidade de se autorregenerar.
Quando
atacada por agentes patológicos seu sistema imunológico providencia defesas
contra o agressor e ao fazê-lo aprende a identificá-los, para numa próxima
ocasião reagir com rapidez e eficiência. Chamamos de mitridatismo. Seu
processador (o cérebro) descobre maneiras de fabricar medicamentos que auxiliam
na cura e cirurgias que substituem, reparam ou descartam; vacinas que previnem
doenças e soros que curam. Resumindo, desenvolveu a ciência médica.
Louis
Pasteur descobriu a vacina; Joseph Lister a antissepsia para prevenir as
infecções pós-cirúrgicas; Ignez Semmelweis dedicou a vida para difundir a ideia
de higienizar as mãos a fim de evitar a infecção cruzada em parturientes, a
temida e fatal febre puerperal – se hoje as maternidades são uma segurança,
naquela época eram a antecâmara da morte; Christian Barnard nos levou aos
transplantes do coração. Estes e tantos outros compõem uma plêiade que nos
abriu os olhos aos mistérios da vida, sua gênese, conservação e cura.
Tudo
isso se referia ao produto final, o ser vivo.
Mendel,
Lamark e Darwin incursionaram na genética, a vida antes de ser vida. James D.
Watson decifrou o genoma e deu o impulso definitivo ao decodificar o DNA.
O
clímax da supermáquina: se reproduz, e com prazer.
A
ciência é dinâmica. Até então os estudos se circunscreviam ao ser vivo
pós-parto. Agora, a equipe de pesquisa Mercedes Gomez de Aguero, da
Universidade de Berna (Suíça), descobriu e publicou na revista científica
americana Science:
MICRÓBIOS
DA MÃE AJUDAM IMUNIDADE DO BEBÊ NO ÚTERO
“Mães
e pais tentam proteger seus filhos de micróbios assim que eles nascem, mas uma
nova pesquisa mostra que o cuidado maternal contra os micro-organismos é ainda
mais precoce: surge antes do parto, embora seja inconsciente. Os micróbios do
corpo da gestante ajudam a moldar o sistema de defesa da futura criança ainda
no útero. O estudo foi feito em camundongos.
Mamíferos
costumam ter no organismo, especialmente no intestino, comunidades de micróbios
variados, chamados microbiótica. São micróbios em geral benéficos que ajudam
prevenir infecções.
Bebês
logo adquirem sua própria microbiótica. Mas só com esse novo estudo se notou
que a microbiota materna já tinha começado a moldar o sistema de defesa do
filho bem antes do nascimento.
O
principal experimento do estudo envolveu infectar temporariamente fêmeas
prenhes de camundongo com uma bactéria modificada geneticamente, uma linhagem
da comum “Escherichia coli”, que não permaneceria todo o tempo no intestino.
Demonstrou-se
que o sistema de defesa dos filhotes foi afetado pela bactéria, mesmo sem
ter tido contato direto com ela. Os autores concluíram que não foram os
micróbios, mas sim os anticorpos das mães que os atacaram, e restos das moléculas
desses anticorpos ativam o sistema de defesa do feto”.
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