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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
IMORTALIDADE II
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE - XVII
A espécie
humana já prolongou sua vida média para 82 anos na atualidade, era de 30 no
tempo do Império Romano. Com os progressos da medicina, genética e estilo de
vida, até onde podemos expandir esse limite?
Para
facilitar o entendimento duma pesquisa em desenvolvimento recorro a um exemplo
de como, mudando um processo podemos extrapolar os resultados.
Em meados
do século XX era de uso corrente, principalmente em escolas, o uso de
mimeógrafos à base de álcool. Numa matriz stêncil se datilografava um texto que
num mimeógrafo ativado a álcool permitia a obtenção de 30-50 cópias. As
primeiras saiam bem legíveis, mas, quanto mais cópias se tirava, menor a
nitidez. Algo parecido ocorre com as nossas células, as jovens são viçosas,
basta olhar um ancião para se perceber a degenerescência. A invenção das
fotocopiadoras, vulgarmente conhecidas como “xerox”, permite que se obtenha um
número infinito de cópias idênticas. Busca-se algo semelhante para a replicação
de células.
TELÔMEROS
Os telômeros são estruturas constituídas por fileiras repetitivas de proteínas e DNA que formam as extremidades dos cromossomos. Sua principal função é manter a estabilidade estrutural do cromossoma.
Cada vez que a célula se divide, os telômeros são ligeiramente
encurtados. Como estes não se regeneram, chega a um ponto em que não permitem
mais a correta replicação dos cromossomos e a célula perde completa ou
parcialmente a sua capacidade de divisão. Como o processo de renovação celular não tolera a
divisão incorreta das mesmas, o organismo tende a morrer num curto prazo de
tempo, no momento em que seus telômeros se esgotam.
Os telômeros
funcionam como um protetor para os cromossomas, assegurando que a informação
genética (DNA) seja perfeitamente copiada quando a célula se duplica, foram
identificados pela primeira vez por Hermann Joseph
Muller, na década de 30 do século XX.
Os telômeros são
sintetizados no final da replicação do DNA pela enzima telomerase.
Telômero como relógio biológico.
Toda vez que a
célula se duplica ela também duplica os cromossomas. Este processo, como já
mencionado, encurta os telômeros das células, portanto, teoricamente pode-se
definir com exatidão a expectativa de
vida de um ser vivo analisando quantos telômeros ainda restam em suas
células, ou seja, quantas vezes as células ainda poderão se duplicar antes do
indivíduo morrer. Assim, os telômeros podem ser considerados sofisticados
relógios biológicos.
Sabe-se que existe
uma relação entre os telômeros e a senescência
celular, mas ainda não se sabe exatamente que relação é essa, é bastante provável
que prevenir o encurtamento dos mesmos seja uma das chaves para a superlongevidade.
TELOMERASE
Telomerase é uma enzima descoberta por Elizabeth Blackburn e Carol Greider em 1.985, que tem como função
adicionar sequências específicas e repetitivas de DNA à extremidade dos cromossomos,
onde se encontra o telômero.
Estudos recentes sugerem ser possível reverter o processo de senescência celular incrementando, de forma
artificial, a quantidade de telomerase nas células uma vez que ela é essencial
para a manutenção do tamanho dos telômeros. A telomerase normalmente só é ativada
nas células germinativas - óvulos e espermatozoides - e nas células-tronco,
mantendo-se "silenciosa" nos outros casos. Em células sadias os telômeros
encurtam em cada geração, levando ao envelhecimento natural.
Nas células cancerosas, a telomerase é reativada
espontaneamente, mantendo o tamanho dos telômeros e permitindo a proliferação
indefinida e caótica destas células, ou seja, iniciando um processo de câncer
suas células tornam-se imortais.
Temos diante de nós duas alternativas:
1. Como a
telomerase é indispensável para a divisão celular, se conseguirmos um processo
que permita neutralizá-la, poderemos paralisar o desenvolvimento das células
cancerosas e, com isso, chegarmos à cura do tumor.
2. Pelo mesmo
raciocínio, se estimularmos a formação de telomerase nas células normais,
propiciaremos a elas se replicarem, aumentando seu ciclo vital. Nesse sentido,
em 1.988 a Gerson Corporation começou a desenvolver técnicas e drogas para
estender os telômeros.
Em muitos procedimentos terapêuticos substâncias tanto
podem proporcionar a cura como a morte do paciente. Depende da dosagem e do
emprego adequado.
Na próxima coluna abordaremos o emprego de células
imortais oriundas dum tumor maligno que, infelizmente causou o óbito da
paciente e, desde então são utilizadas em experimentos na busca de soluções que
de outra maneira seriam impossíveis ou, ao menos, dificultadas ao extremo.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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