“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CONHECE-TE A TI MESMO
Na porta do templo de Apolo, em Delfos, está
escrito “Conhece-te a ti mesmo” As dificuldades de convivência derivam do fato de que dificilmente as
pessoas se conhecem a si mesmas, quanto mais aos outros, suas necessidades e
anseios.
Não desejar os excessos é tão incongruente para a
maioria que os exageros abundam. Pensam: por que devo me privar das coisas que
me dão prazer se labutei por elas? Quando alcançar uma estabilidade econômica
que permitirá satisfazer os anseios com os quais sonhei nos tempos de privações
sinto-me no direito de usufruir.
Cumpre aqui estabelecer o que são excessos
incompatíveis com um relacionamento harmonioso. Proporcionar uma vida
confortável para si e os dependentes não é um ato extravagante. Esbanjar em
festas suntuosas para tripudiar e esnobar jamais atrairá a admiração, inclusive
dos participantes convidados para a esbórnia.
Vivemos numa sociedade estratificada muito bem
representada pela figura de uma pirâmide que desnuda um conjunto de
desigualdades que atingem grupos de pessoas, separando-as de alguma forma. Este
é um fato histórico bem representado quando Jesus estava na casa de Simão e
entra uma mulher que derrama sobre a sua cabeça um perfume precioso e caro –
valor do salário de um trabalhador. Alguns presentes, entre os quais Judas, o
traidor, ficaram indignados e consideraram o fato um desperdício de dinheiro.
Deveria ser destinado aos pobres.
A resposta de Jesus, “os pobres sempre tendes
convosco. Mas a mim em tereis sempre” (Mc,14/7).
Atentem para: “podeis fazer-lhes o bem quando
quiserdes”. É uma realidade que a distribuição do dinheiro gasto seria uma
panaceia paliativa por um tempo. O verdadeiro sentido da caridade é proporcionar
melhoria de vida permanente.
Diz o ditado que “é melhor ensinar
a pescar do que dar o peixe” quando se quer ajudar ao próximo, mas devemos
atentar que nem sempre poderá ser assim, pois, às vezes, precisa-se dar
primeiro o peixe para que o ser humano carente não morra de fome antes de conseguir
aprender a pescar.
Resumindo, devemos labutar para
melhorar a situação de penúria com políticas de emprego com salário justo, com
moradia digna, educação, acesso à saúde pública, etc. Distribuir R$600 reais
representa entregar um peixe, ascensão social para que possa prover o sustento
próprio e dos dependentes equivale a ensinar a pescar.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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