“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
PANDEMIAS
Em seus deslocamentos pelo planeta Terra através dos
tempos o homem levou com ele germes virulentos que se disseminaram. Não
possuindo imunidade, estas comunidades propagaram epidemias como a peste
bubônica, a varíola, a cólera, a hanseníase (lepra), a tuberculose e muitas
outras. Atualmente a Covid 19 é a
pandemia da vez.
O surgimento e disseminação dentro de conteúdos
socioeconômicos característicos, não é consequência de maldições divinas como
supunham nossos ancestrais e como muitos admitem ainda hoje.
Uma doença infecciosa que inicia em poucas pessoas
pode provocar milhares, milhões de mortes, circunscritas em áreas restritas
(epidemias) ou grassarem no planeta inteiro (pandemias).
Com o passar do tempo epidemias ativam as defesas do
organismo e se transformam em doenças crônicas, com menor índice de letalidade,
tornam-se endêmicas, aptas a serem disseminadas para outras regiões, como
ocorreu com a sífilis, trazidas pelo comandante da Pinta, uma das caravelas de
Colombo, que contraiu a doença em relações sexuais com as indígenas da ilha
Hispaniola (atual Haiti e República Dominicana).
A sífilis foi
descrita pelo médico Ruy Dias de Isla, que trabalhava em Barcelona, após o
retorno dos espanhóis da América, em 1493. Disseminou para outras cidades da
Espanha e da Itália. Os europeus passaram a conhecer a nova doença.
Anteriormente o comercio já se intensificara na Europa
e expandiu para o Oriente. A harmonia foi quebrada em 1347 quando os tártaros atacaram
a cidade de Kafka, sede comercial dos genoveses. Durante essa beligerância,
disseminou-se no acampamento dos tártaros uma doença infecciosa letal, a peste
bubônica. O contágio dos genoveses foi o passo seguinte. As pulgas dos ratos
que proliferavam nos locais de armazenagem dos alimentos eram os vetores do
bacilo que seria responsável pela maior calamidade vista na Europa até então, a
peste bubônica (Yersinia Pestis). A “peste negra” se alastrava e as cidades
viam os habitantes sucumbirem à doença em proporções nunca imaginadas. Ao todo
a Europa perdeu um terço dos seus habitantes, estima-se que a peste bubônica
tenha vitimado 20 milhões de pessoas em apenas dois anos.
Como depreendemos desses episódios, o trânsito de
pessoas para locais distantes é o meio pelo qual as epidemias se alastram. A
Covid 19 segue o mesmo diapasão, com um agravante: as viagens aéreas encurtam o
tempo de deslocamento e fazem disparar a velocidade do contágio. Transformar um
surto em epidemia e esta em pandemia ocorre num vapt-vupt.
Existem três meios eficazes para conter uma pandemia
como a Covid 19 e sua aplicação determina o ritmo em que se alastra:
1. Contenção.
Só funciona se for adotada no início do surto. Nela a população é testada e os
infectados completamente isolados para evitar que o vírus se espalhe. Esta
técnica foi usada com sucesso na contenção do Ebola que surgiu em 1976 em
surtos em Nzara, no Sudão e em Yambuku, na República Democrática do Congo.
2. Mitigação.
Quando não há mais possibilidade de conter s doença, começam as medidas de redução
do contágio e controle do avanço. Recomenda-se o distanciamento social, uso
de máscaras, higiene rigorosa (álcool gel a 70%), cancelamento de atividades
não essenciais e restrição às aglomerações de público.
3. Supressão.
Essa é a forma mais rigorosa, denomina-se “lockdown” e proíbe qualquer
atividade que não seja absolutamente indispensável. Serviços de saúde são
ativados e todos os demais sofrem restrições extremas. Comércio apenas por tele
entrega.
O fato de países não
adotarem as medidas de maneira uniforme e o rigor necessário é um dos
componentes que atrasam a erradicação e os resultados catastróficos se
prolongam por tempo indefinido. O Brasil não pode ser apontado como exemplo de
conduta consentânea com a gravidade da Covid 19.
Uma pandemia inicia com
um número pequeno e pessoas afetadas e isso representa um surto que, se forem
aplicadas as medidas apropriadas, “morre na casca”. Não foi o que ocorreu com a
Covid 19, surgida na cidade chinesa de Wuhan.
Em 11/3/2020,Tedros
Adhanon Ghebreysus, diretor da OMS declarou estado de pandemia após a
verificação de 118 mil casos em 114 países. O surto, iniciado em Wuhan já
ultrapassara o estágio de epidemia e se transformara na pandemia que todos
sofremos atualmente.
Vítimas fatais no Brasil,
em 30/07/2021: 534.497 e continuarão numa escalada sem freios se não
empreendermos uma vacinação até atingirmos a população. NÃO HÁ OUTRA FORMA DE
CONTENÇÃO.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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