sábado, 4 de julho de 2020

A OITAVA PRAGA






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

A OITAVA PRAGA – 04/07/2020

Citados na Bíblia como a OITAVA PRAGA que assolou o Egito, as nuvens de gafanhotos não são muito recorrentes, quando acontecem se tornam marcos históricos.

Não há uma única explicação que comprove as dez pragas do Egito, no livro “Êxodo” um relato:
Dirigiu-se o Senhor a Moisés:
- “Vai novamente fazer o teu pedido ao Faraó e obter permissão para os hebreus saírem do Egito e diga: deixa seguir o meu povo para que me adore. Se recusares, amanhã cobrirei toda a nação com um espesso bando de gafanhotos”.

Quarenta anos foi o tempo que o povo de Israel esteve no deserto após sair do Egito até tomar posse da Terra Prometida, chamada Canaã. Esta história está relatada na Bíblia, no livro do Êxodo. O Senhor fez o povo dar a volta pelo deserto seguindo o caminho que leva ao Mar Vermelho em vez de atravessar a península do Sinai de apenas 200 quilômetros de largura.

Os gafanhotos que assolam a Terra em períodos diversos pertencem à espécie Schistocerca Cancellatta e teve a primeira referência na América do Sul em 1700. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia e Paraguai sofreram infestações entre 1872 e 1952, a partir de 1950 foram controlados com a utilização de produtos químicos aspergidos de avião. Devido ao impacto ambiental que este procedimento causa foi questionado dois anos após.

A atual nuvem se formou no Paraguai, atravessou regiões da Argentina rumo à fronteira com o Brasil. Percorre até 150 quilômetros por dia com vento favorável, frio e chuva obstaculizam em parte o deslocamento. Podem atingir o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Uma nuvem pode conter 40 milhões e os integrantes por quilômetro quadrado, se alimentam de qualquer tipo de vegetal deixando na sua passagem um solo completamente devastado, incluindo pastagens, cana de açúcar, árvores frutíferas, o que houver de verde. Cada inseto pode devorar até seu peso diariamente.

Além do clima, predadores (sapos, pássaros, fungos, bactérias) e agrotóxicos vão os dizimando até que o avanço seja detido. O período de vida é de até três meses, fato que também contribui para o gradativo rareamento das nuvens.

A Secretaria do Rio Grande do Sul e o Ministério firmaram (24/6/2020) uma parceria com o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) para a utilização de 426 aviões, a frota aeroagrícola do Estado no combate aos insetos. Ações deste tipo foram desenvolvidas, por exemplo, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para atuação na África.

Tenho lembranças vívidas da nuvem de gafanhotos que, em 1948, devastou o Rio Grande do Sul. Na época, estudante em regime de internato no Ginásio São José, Lajeado, dirigido pelos Irmãos Maristas, convivemos com insetos que literalmente cobriam todos os espaços, inclusive os pátios onde realizávamos nossos lazeres em períodos sem aula. Adolescentes, sempre prontos a aprontar... aprontamos. Enchemos saquinhos de papel – me incluo entre os partícipes – e, à noite, no dormitório (era coletivo, as camas enfileiradas), os libertamos. Podeis imaginar como e quanto os gafanhotos infernizaram os que pretendiam dormir. Quanto a nós, responsáveis pelo “sucesso” da folia, assistimos tudo de camarote. A façanha foi motivo de comentários por largo tempo. Maravilhosos tempos em que o máximo de traquinagem era um espalhar “inocente” de famintos gafanhotos.
Em tempo, devoram tudo o que lembre, mesmo remotamente, vegetais. São completamente inofensivos para humanos e animais socializados.

Núvem de gafanhotos destrói plantações – 59 segundos




Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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