Coluna publicada em "www.litoral,mania.com.br" em 27/07/2018.
http://www.litoralmania.com.br/o-preco-do-populismo-jayme-jose-de-oliveira/
PONTO E CONTRAPONTO - por
Jayme José de Oliveira
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
O PREÇO DO
POPULISMO
Enquanto
nem pagando mensalidades extrapoladas o brasileiro pode confiar que receberá em
contrapartida atendimento médico-hospitalar a que faz jus, os serviços de saúde
particular receberam o direito de se ressarcirem em até 40% dessas despesas, o
mundo vira de cabeça para baixo.
Num
período de plantão a ministra do STF Carmen Lúcia suspendeu provisoriamente a
resolução maquiavélica da Agência Nacional de Saúde (ANS) que havia autorizado
o descalabro. “A saúde não é mercadoria. A vida não é negocio. Dignidade não é
lucro”. Destacou ainda que as mudanças pretendidas não teriam o respaldo
constitucional, além de não terem sido discutidas no Congresso. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – autora da ação acolhida pela
ministra – tem debatido o papel das agências reguladoras que, para seu
presidente, Cláudio Lamachia, se tornaram parceiras das empresas que deveriam
fiscalizar, em detrimento da defesa do consumidor. Agravando
o quadro, e desta vez atingindo todos os brasileiros, a irresponsabilidade
fiscal e o populismo ocorrem a todo o momento nos legislativos, federal,
estaduais e municipais. Merece especial destaque a lei das diretrizes
orçamentárias para 2019, da Câmara Federal, que pode gerar um incremento na
despesa pública de R$ 100 bilhões. O pior é que esta aprovação torpedeia o teto
para as despesas públicas e tem interesses eleitorais como causa.
O Brasil está se encaminhando para uma situação de insolvência, como a
Grécia, a Venezuela e outros países que permitiram o delírio populista. Na caça
os votos – desavergonhada – acabam por penalizar os eleitores de maneira
draconiana. Se não podemos mudar os comportamentos
escandalosos dos parlamentares, tenhamos em mente que não podemos reeleger os
que agem de maneira tão inescrupulosa.
No
sistema eleitoral que praticamos, o tempo de televisão “gratuita” é
proporcional ao número de parlamentares do partido e isso gera uma desesperada
e interesseira busca de coligações. O perfil ideológico e programático é
desprezado por partidos completamente antagônicos que se unem nesses conchavos
espúrios. Como admitir, por exemplo, que partidos de extrema esquerda se
amancebam com outros de direita, igualmente sectários e como bois de canga se
esmerem em puxar a “carroça” lotada de compromissos que nada tem a ver com os
interesses dos eleitores. Zero
Hora de 18/07/2018 publica na pg. 10: “O PR (Partido da República) está
dividido entre apoio a Lula ou Bolsonaro”. Em 19/07/2018 complementa: “mas a
última informação de seu cacique,
Valdemar da Costa Neto é de que o PR quer seguir o chamado do “blocão”, que
reúne DEM, PP, PRB e Solidariedade. Esse grupo está dividido entre Geraldo
Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), mas é possível que rache e que cada partido
escolha o concorrente que achar mais conveniente”. Se você ficou tonto, espere
até o encerramento das convenções para ver o que os partidos farão em matérias
de alianças de ocasião.
O
STF também contribuiu para a manutenção e até o agravamento do despautério,
derrubou, por unanimidade, a cláusula de barreira aprovada pelo Congresso em
1995 para ter validade em 2006 que excluiria dos benefícios monetários os que
não atingissem um mínimo de votos, por considera-inconstitucional, com o
argumento de prejudicar os pequenos partidos. Poderiam até perder os registros
no TSE. Resultados: partidos nanicos proliferam sem ideologia e respaldo
popular, já existem 35 e outros tantos esperando registro. Recrudescimento do
toma-lá-dá-cá e ingovernabilidade foram o resultado.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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