Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br" em 08/08/2017
http://www.litoralmania.com.br/acidente-de-tchernobil-jayme-jose-de-oliveira/
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ACIDENTE DE TCHERNÓBIL
Os impactos do acidente em Tchernóbil ainda
preocupam autoridades e ambientalistas.
No ano de 1986, os operadores da usina
nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, realizaram um experimento com o reator 4. A
intenção inicial era observar o comportamento do reator nuclear quando
utilizado com baixos níveis de energia. Contudo, para que o teste fosse
possível, os responsáveis pela unidade teriam que quebrar o cumprimento de uma
série de regras de segurança indispensáveis. Foi nesse momento que uma enorme
tragédia nuclear se desenhou no Leste Europeu.
Entre outros erros, os funcionários envolvidos no episódio interromperam a circulação do sistema hidráulico que controlava as temperaturas do reator. Com isso, mesmo operando com uma capacidade inferior, o reator entrou em um processo de superaquecimento incapaz de ser revertido. Em poucos instantes a formação de uma imensa bola de fogo anunciava a explosão do reator rico em Urânio-235, elemento químico de grande poder radioativo. O que de fato aconteceu? “Não se encontravam palavras para os novos sentimentos e não se encontravam sentimentos para as novas palavras”. (SveItlana Aleksiévitch, autora de “VOZES DE TCHERNÓBIL”, Prêmio Nobel de Literatura – 2015) Transcrevo alguns trechos do livro premiado:
Entre outros erros, os funcionários envolvidos no episódio interromperam a circulação do sistema hidráulico que controlava as temperaturas do reator. Com isso, mesmo operando com uma capacidade inferior, o reator entrou em um processo de superaquecimento incapaz de ser revertido. Em poucos instantes a formação de uma imensa bola de fogo anunciava a explosão do reator rico em Urânio-235, elemento químico de grande poder radioativo. O que de fato aconteceu? “Não se encontravam palavras para os novos sentimentos e não se encontravam sentimentos para as novas palavras”. (SveItlana Aleksiévitch, autora de “VOZES DE TCHERNÓBIL”, Prêmio Nobel de Literatura – 2015) Transcrevo alguns trechos do livro premiado:
“O átomo militar era Hiroshima e
Nagasaki, o átomo da paz era o da lâmpada elétrica acesa em cada casa”.
Ninguém imaginava que ambos os átomos fossem gêmeos. Tchernóbil não envenenou
só a água e a terra. Os gatos não comiam os ratos mortos que se amontoavam, de
certo modo, intuíam o perigo. A morte se escondia por toda a parte, mas era um
tipo diferente de morte, com uma nova máscara. Com aspecto falso. A radiação
não se vê, não tem odor nem sabor. É incorpórea. Passamos a vida inteira nos
preparando para a guerra, tão bem conhecida, e, de súbito, isso! A imagem do
inimigo se transformou. Surgiu diante de
nós outro inimigo... A relva ceifada, o peixe pescado, a caça aprisionada, as
maçãs... O mundo à nossa volta, antes amistoso, agora infunde pavor. As pessoas
olham para o céu e dizem: “O sol está brilhante, não se vê fumaça nem gás. Como
isso pode ser uma guerra? Soldados em formação ao redor da zona, com armas
novinhas em folha. Em quem poderiam atirar ali? De quem se defender? Da física?
Das partículas invisíveis? Metralhar a terra contaminada ou as árvores? Agora em vez das frases habituais de consolo,
o médico diz à esposa do marido moribundo: “Não se aproxime! Você não deve
beijá-lo! Não deve acaricia-lo! Ele já não é a pessoa amada mas um elemento que
deve ser desativado. Uma de minhas heroínas (grávida naquele momento) nunca deixou de se aproximar do
marido e beijá-lo, não o abandonou até a morte. Por essa ousadia ela pagou com
a saúde e com a vida da filha ainda não nascida”. Antes de tudo, em
Tchernóbil se recorda a “vida depois de tudo”: objetos sem o homem, paisagem
sem o homem. Estradas para lugar nenhum. Você se pergunta: o que é isso,
passado ou futuro? Eu vi como o homem pré-Tchernóbil se
converteu no homem de Tchernóbil.
“ALGUMAS VEZES,
PARECE QUE ESTOU ESCREVENDO O FUTURO”...
Comentário do colunista:
Mais uma vez, o maior inimigo do homem é o
menor. Um vírus, só visível no microscópio eletrônico é mais mortal que uma
fera; um átomo radioativo, mais que um exército. Mata mais, com mais
eficiência, crueldade. Durante centenas... milhares de anos.
Agora, que tivemos um débil vislumbre
da catástrofe de Tchernóbil, lembremos também Three Mile Island e Fukushima
Daiichi:
DESASTRE NUCLEAR EM THREE MILE ISLAND
Three Mile Island é uma usina localizada na
Pensilvânia, nos Estados Unidos. Em 28 de março de 1979, a unidade passou por
um grave acidente nuclear.
Na ocasião, gases radioativos começaram a evaporar num dos dois reatores da usina próxima à cidade de Harrisburg, capital do estado norte-americano da Pensilvânia.
O acidente contaminou uma área de aproximadamente 16 quilômetros em volta de Three Mile Island, e, ainda assim, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam próximo à área foi evacuado. Apenas dois dias depois do acidente, o então governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes, começando por gestantes e crianças.
Depois de dias de preocupação, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão na usina foi afastado.
No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente havia sido causado por falha humana.
Na ocasião, gases radioativos começaram a evaporar num dos dois reatores da usina próxima à cidade de Harrisburg, capital do estado norte-americano da Pensilvânia.
O acidente contaminou uma área de aproximadamente 16 quilômetros em volta de Three Mile Island, e, ainda assim, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam próximo à área foi evacuado. Apenas dois dias depois do acidente, o então governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes, começando por gestantes e crianças.
Depois de dias de preocupação, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão na usina foi afastado.
No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente havia sido causado por falha humana.
O ACIDENTE NUCLEAR NA CENTRAL DE
FUKUSHIMA DAIICHI
No
dia 11 de março de 2011 o Nordeste do Japão foi atingido por um terremoto de 9
graus na escala Richter. O epicentro foi bem próximo ao litoral e a poucos
quilômetros abaixo da crosta terrestre. Foi o maior terremoto de que se tem
registro histórico a atingir uma área densamente povoada e com alto
desenvolvimento industrial. Mesmo para um país de alto risco sísmico e cuja
cultura e tecnologia se adaptaram para tornar esse risco aceitável, tal evento,
numa escala de probabilidade de 1 em cada 1.000 anos superou toda capacidade de
resposta desenvolvida ao longo de séculos pelo Japão.
A maior parte das construções e todas as instalações industriais com
riscos de explosões e liberação de produtos tóxicos ao meio ambiente, tais como
refinarias de óleo, depósitos de combustíveis, usinas termoelétricas e
indústrias químicas, localizadas na região atingida colapsaram imediatamente
causando milhares de mortes e dano ambiental ainda não totalmente quantificado.
Mas as 14 usinas nucleares das três centrais da região afetada resistiram às
titânicas forças liberadas pela Natureza. Todas desligaram automaticamente e se
colocaram em modo seguro de resfriamento com diesel-geradores após ter sido
perdida toda a alimentação elétrica externa.
A onda gigante (tsunami) que se seguiu ao evento inviabilizou todo o
sistema diesel de emergência destinado à refrigeração de 4 reatores da Central
Fukushima-Daiichi e os levou ao status de grave acidente nuclear, com perda total
dos 4 reatores envolvidos devido ao derretimento dos seus núcleos e com
liberação de radioatividade para o meio ambiente após explosões de hidrogênio,
porém sem vítimas devido ao acidente nuclear.
A necessidade de remoção das populações
próximas à área da central se tornou imperiosa e todo o plano de emergência
nuclear foi mobilizado num momento em que o país estava devastado. Porém, no
fim de 2011, as restrições de acesso a 5 áreas evacuadas num raio entre 10 km e
20 Km foram canceladas, com a população autorizada a retornar a suas
residências.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Cirurgião-dentista aposentado
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