QUANDO O
INVEROSSÍMIL ACONTECE
Quando nos deparamos com o inverossímil, beliscamo-nos
para ter certeza de que não estamos sonhando.
Por mais que o façamos, desta vez, apenas colecionaremos hematomas e um
sentimento de impotência ante o que parecia inimaginável. Sabemos que o
pesadelo não é um sonho.
Abrindo a Zero Hora de 13/03/2.017 me deparei com
texto de Túlio Milman: “Dizer que doação oficial de campanha não pode ser
corrupção é o mesmo que apresentar um cheque COM fundos e garantir que o
dinheiro, seja qual for a origem, é legal. A questão é só uma: de onde
veio a verba e com o que o beneficiário se comprometeu, ou já deu em troca?” O difícil, no caso dos políticos, é provar.
Há casos que demonstram ser evidentes desmandos e,
imediatamente, sofismas vêm à tona para tentar explicá-los ou justificá-los. No
mais recente: o Senador Valdir Raupp (PMDB-RO) se tornou réu após ser acusado
de receber propina por meio de doações registradas no Tribunal Superior Eleitoral
(STE) por intermédio do Caixa 1. Mas os Ministros deste Tribunal, de forma
exemplar para futuros desmandos, não consideraram esta manobra legal.
Gravado em Paris e veiculado no Fantástico de
17/06/2.005, Lula defendeu o PT pelo uso do Caixa 2 para financiar campanhas, o
tesoureiro Delúbio Soares confirmou. Textualmente o então Presidente declarou:
“O que o PT fez, no ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil
sistematicamente.”
O Presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse em
entrevista à BBC Brasil que empresas fazem “opção” de doar para campanhas por
meio do caixa 2 (fora da contabilidade oficial) para evitar serem “achacadas”
por outros políticos, principalmente na esfera governamental.
Luciano Feldens, Advogado de Marcelo Odebrecht
afirmou que COLABORAÇÃO PREMIADA É REMÉDIO TARJA PRETA, indicando que há riscos
maiores à saúde do consumidor se forem remédios ou, por similaridade, ao
sistema eleitoral como é o caso. Inclusive, seu uso pode provocar dependência.
Continua: “não podemos estabelecer uma relação – Caixa 1: não há lavagem, não
há corrupção; Caixa 2: há lavagem, há corrupção, existem situações cruzadas. Há
claramente a possibilidade de usar o Caixa 1 para pagar propina como favor
pessoal ou para o Partido. No momento que se viabiliza essa quantia, seja no
Caixa 1, seja no Caixa 2, trata-se de propina. E a propina sempre pressupõe
ressarcimentos futuros”.
Desde que a Lava-Jato começou a desmontar o círculo
vicioso: financiamento de campanha (benesses futuras) geralmente contratos para
obras de altíssimo custo e superfaturadas, no Brasil ou no exterior, políticos
e empresários viram-se enredados com a Lei e, muitos foram parar atrás das
grades. Outros estão sob a iminência de se tornarem réus. As listas do
Ministério Público Federal (MPF) tiram o sono (será?) dos que se locupletaram,
quer recebendo propinas, quer açambarcando contratos.
Ramiro Barcelos, referindo-se a políticos da época
escreveu o poema satírico “Amaro Juvenal”. Vergastava os que não os que não
mereciam respeito por abusarem da autoridade ou, como atualmente, utilizavam
seus postos para fins menos nobres.
Voltando à Lava-Jato, depois de serem trazidos a lume
os dantescos malfeitos que (parecia
impossível) rebaixaram a maior empresa brasileira, a Petrobrás, da 12ª posição
no ranking internacional para a 120ª, em pouco mais de uma década. Patrocinaram, via BNDES, vultosas obras no
exterior: pontes, portos, ferrovias, metrôs, hidrelétricas, etc, no valor de
muitos bilhões de dólares, enquanto no Brasil, por alegada falta de verbas
obras não eram concluídas, sequer iniciadas. O povo agora se pergunta: o que
seria melhor para o Brasil: metrô em Porto Alegre ou em Caracas; modernizar
portos como o de Santos ou construir Mariel em Cuba; Hidrelétricas na África ou
aproveitar nosso potencial hídrico; ferrovias em vários países ou construir e
remodelar as nossas (nem a Norte-Sul foi concluída); ponte do Guaíba ou sobre o
rio Orinoco?
Parece que, finalmente, o povo está acordando e não
quer mais “lamber a canga” nem “tornar-se amigo dela” como nos versos de Amaro
Juvenal:
O povo é como boi manso, Quando novilho
atropela, Bufa, pula e arrepela, Escrapeteia e se zanga; Depois, vem lamber a canga
E torna-se amigo dela, Home é bicho que se doma Como qualquer outro bicho; Mas logo larga de mão, Vendo no cocho a ração, Faz que não sente o rabicho.
E torna-se amigo dela, Home é bicho que se doma Como qualquer outro bicho; Mas logo larga de mão, Vendo no cocho a ração, Faz que não sente o rabicho.
NUNCA É TARDE PARA ESTANCAR A SANGRIA!
TODO O TIPO E ORIGEM DE SANGRIA!
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