Coluna pubicada em www.litoralmania.com.br - 13/05/2.017
http://www.litoralmania.com.br/as-listas-de-schindler-e-de-janot/
AS LISTAS DE
SCHINDLER E DE JANOT
“Poder é quando temos todas as justificativas para
matar e não matamos”.
”Eu odiava a brutalidade, o sadismo, a insanidade
dos nazistas. Eu apenas não podia ficar ali vendo eles destruírem um povo
inteiro sem fazer nada”.
“Eu fiz o que pude fazer, eu fiz o que tinha de
fazer, eu fiz o que minha consciência disse para fazer, apenas isso, nada
mais”. (Oskar Schindler, 1908-1974)
As duas listas, de Schindler e de Janot, têm em
comum o contraditório e similitudes. Ambas abordam autoridades nem tão
imaculadas e indefesos necessitados de apoio para se livrarem das agruras
imposta pelos sátrapas de plantão.
Se os 1.100 judeus, vítimas do nazismo, tiveram em
Oskar Schindler, um candidato a sátrapa que não teve “estômago” para digerir
tantas e tão cruéis atrocidades, nós, até o momento clamamos por um Schindler
tupiniquim. VIRÁ???
Rodrigo Janot tem se esmerado em desnudar a máscara
dos nossos sátrapas. Garimpa fatos escabrosos em meio a milhares de folhas, o
conteúdo de delações premiadas. É uma avalanche que procura soterrar acusações
que o público não apenas intui, tem sobejos motivos para conhecer e execrar.
Tantos malfeitos apareceram num mar, não de lama, de dinheiro mal havido.
Juízes de primeira instância como Moro e Bretas têm
se esmerado em analisar, julgar e condenar personalidades que só merecem nosso
desprezo. E não são figuras de segundo escalão, não! Ex-governador,
ex-presidente da Câmara de Deputados, ex-senador, ex-presidentes, dirigentes de
ponta de empreiteiras, ninguém se sente seguro ao enfrentar esses juízes
intimoratos. Não é por menos que, desesperadamente, procuram o “atalho” (???)
do STF onde os processos se eternizam e,
no mais das vezes, as penas impostas são pífias, ridículas. A única exceção, o
publicitário e empresário Marcos Valério está pagando alto – muitos anos de
prisão – por ter confiado que seu silêncio em acobertar cúmplices mereceria o
mesmo escudo e blindagem que protegeu malfeitores com proteção partidária. Ledo
engano... era e continua sendo um “estranho no ninho”.
Agora, para amenizar e nos lembrar que nem tudo são
patranhas e, mesmo ricos podem ter consciência e arriscar não apenas seu
patrimônio como a própria vida para dar uma contribuição altruísta: “A HISTÓRIA
DA LISTA DE SCHINDLER”.
Oskar Schindler, um antigo militar
polonês, bem relacionado com a SS, progride rapidamente nos negócios ao se
apropriar de uma fábrica de panelas após o decreto que proibia aos judeus serem
proprietários de negócios.
Schindler se valeu de sua fortuna
crescente para "comprar" membros da Gestapo e dos altos
escalões nazistas com bebida, mulheres e produtos do mercado negro. Seu afiado
senso de oportunidade o levou a contratar um contador judeu – mais barato do
que um profissional polonês.
Ele é Itzhak Stern, a mente por trás
do que seria o começo de tudo. Com o argumento de que os trabalhadores judeus
representavam uma lucratividade maior para o negócio ele convenceu Schindler a
fazer destes, 100% da força de trabalho empregada em sua fábrica. Com o tempo,
famílias judias passaram a trocar suas reservas financeiras por postos de
trabalho (que os mantinha longe dos campos de concentração), permitindo que os
negócios crescessem ainda mais.
A guerra avançou e Hitler lançou a
campanha de "Solução Final" que acabaria definitivamente com os
guetos, transferindo toda a população judia para os campos de concentração.
Amon Goeth foi o comandante de um desses campos e um dos amigos mais próximos
que Schindler teve entre os oficiais da Gestapo. Quando os trabalhadores de sua
fábrica começaram a ser transportados para o campo de Plaszóvia Schindler
convenceu Goeth a colocá-los num ambiente separado dos outros, um lugar onde
ficassem mais protegidos.
Numa determinada noite, passeando
perto de um dos parques de Cracóvia, Schindler assistiu à invasão do gueto da
cidade. Dias mais tarde ele acompanhou uma ida de Goeth ao campo de
concentração e assistiu às instruções que este recebeu para cremar os cadáveres
dos mortos no massacre do gueto.
Schindler e o contador passaram a
noite a digitar os nomes das famílias que seriam transportadas para a
Tchecoslováquia em vez de irem para Auschwitz. Para cada um dos 1.100 nomes que
comporiam a lista, Schindler viria a pagar uma boa soma de dinheiro a Goeth,
que tomaria as medidas necessárias para o que o desvio de rota fosse bem
sucedido.
Schindler fundou a fábrica de
utensílios de cozinha Emalia para enriquecer com a guerra. Nela empregou entre
1939 e 1944 muitas centenas de judeus. Eram a sua força de trabalho, empregados
especializados, mesmo que não o fossem, não deixavam de ser escravos. Pensou,
durante algum tempo, que bastava aos seus judeus e aos outros manterem-se
saudáveis para chegarem ao fim da guerra vivos. Percebeu que não, depois percebeu
que iam morrer todos e usou o que ganhara com eles para salvar alguns. Mais de
mil. Schindler escreveu os seus nomes numa lista e deu-lhes vida.
cdjaymejo@gmail.com
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