Coluna publicada em "www.litoralmania.com.br"= 06/05/2.017
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“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
O
ASSASSINATO DE JÚLIO CÉSAR – 06/05/2.017
No dia
15 de março de 44 a.C., Júlio César foi morto no senado romano, apunhalado por
cerca de 60 senadores, entre eles seu protegido Marco Júnio Bruto. Jurista,
escritor, político, general, descendente da deusa Vênus, amante de Cleópatra,
Caio Júlio César foi um líder brilhante. Cultivou, ao mesmo tempo, o cinismo e
a clemência, a crueldade e a cortesia, a hipocrisia e a civilidade, a esperteza
e a sinceridade, a modéstia e o orgulho. A versão mais popular para suas
últimas palavras é “Até tu, Brutus?, mas que, na verdade, foi uma frase criada
por Shakespeare para sua peça Júlio César.
Atualmente,
sabe-se a derradeira frase de César foi pronunciada em grego: “Até tu, meu
menino?”, como bem mostra o trecho de Júlio César, livro da série Biografias
L&PM:
Nesse
instante, Túlio pega a toga de César com as duas mãos e descobre seus ombros, o
que para os conjurados é o sinal de ataque. Casca, que se encontra atrás de
César, saca o punhal e desfere o primeiro golpe junto ao ombro, mas o ferimento
é superficial. A mão de Casca certamente tremeu. César pega imediatamente o
punho que acaba de golpeá-lo e exclama em latim: “Pérfido Casca, que fazes?”, e
Casca grita em grego: “Meu irmão, socorro!”. Os senadores, que em sua maioria
não fazem parte do complô. Impotentes e
imóveis assistem à sequência e veem César cercado de conjurados armados de
punhais e facas que o golpeiam nos olhos e no rosto. César defende-se, diz
Plutarco, “como um animal feroz encurralado por caçadores e tenta afastar estas
mãos armadas”. Todos, é fato, querem desferir um golpe para provar que
participaram deste assassinato de modo pessoal e eficaz. Neste momento, todos
consideram César uma vítima maléfica que deve ser sacrificada para que viva a
República. São tão numerosos e acham-se tão amontoados que acabam, como
tubarões, despedaçando a presa, logo se cobrem de sangue. Bruto, que se
aproxima de César tem a mão ferida, mas pode ainda desferir contra seu
protetor, contra seu pai adotivo, o golpe de misericórdia, apunhalando-o na
virilha. Ao vê-lo, César exclama, não em latim, como sempre se pensou, mas em
grego, segundo numerosos testemunhos: “Até tu, meu menino?” (e não meu filho,
como é admitido), testemunhando sua trágica incredulidade. É então que, diante
da última traição, César abandona a luta, cobre o rosto com uma aba da toga e
entrega-se às lâminas dos assassinos que acabam por transpassar seu corpo sem
vida.
DISCURSO
DE MARCO ANTÔNIO NO FUNERAL DE JULIUS CESAR
O
magnífico texto do discurso de Marco Antônio foi extraído da peça Júlio César,
de Shakespeare.
Amigos,
romanos, cidadãos deem-me seus ouvidos. Vim para enterrar César, não para
louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos, que seja assim com
César. O nobre Brutus disse a vocês que César era ambicioso. E se é verdade que
era, a falta era muito grave, e César pagou por ela com a vida, aqui, pelas
mãos de Brutus e dos outros. Pois Brutus é um homem honrado, e assim são todos
eles, todos homens honrados. Venho para falar no funeral de César. Ele era meu
amigo, fiel e justo comigo.
Mas
Brutus diz que ele era ambicioso. E Brutus é um homem honrado. Ele trouxe
muitos prisioneiros para Roma que, para serem libertados, encheram os cofres de
Roma. Isto parecia uma atitude ambiciosa de César? Quando os pobres sofriam
César chorava. Ora a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto,
Brutus diz que César era ambicioso. E Brutus é um homem honrado.
Vocês
todos viram que na festa do Lupercal, eu, por três vezes, ofereci-lhe uma coroa
real, a qual ele por três vezes recusou. Isto era ambição? Mas Brutus diz que
ele era ambicioso, e Brutus, todos sabemos, é um homem honrado. Eu não falo
aqui para discordar do que Brutus falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu
sei. Vocês todos já o amaram e tinham razões para amá-lo. Qual a razão que os
impede agora de homenageá-lo na morte?
"Neste
momento Marco Antônio faz uma pausa no discurso, e as pessoas do povo começam a
refletir sobre o que ele disse, e a questionar se César tinha afinal merecido a
morte que teve. Passado este interlúdio retorna Marco Antônio a falar."
Ontem,
a palavra de César seria capaz de enfrentar o mundo, jaz aqui morto. Ah! Se eu
estivesse disposto a levar os seus corações e mentes para o motim e a
violência, eu falaria mal de Brutus e de Cassius, os quais, como sabem, são
homens honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro
falar mal de mim e de vocês do que destes homens honrados.
Mas,
eis aqui, um pergaminho com o selo de César. Eu o achei no seu armário. É o seu
testamento. Quando os pobres lerem o seu testamento (porque, perdoem-me, eu não
pretendo lê-lo), eles se arrojarão para beijar os ferimentos de César, e molhar
seus lenços no seu sagrado sangue.
"O
povo reclama de Marco Antônio e exige que ele o leia."
Tenham
paciência amigos, mas eu não devo lê-lo. Vocês não são de madeira ou de ferro,
e sim humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de César vão se
inflamar, ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros
de César! Pois se souberem... o que vai acontecer? Então vocês vão me obrigar a
ler o testamento de César? Então façam um círculo em volta do corpo e deixem-me
mostrar-lhes César morto, aquele que escreveu este testamento.
Cidadãos.
Se vocês têm lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos conhecem este
manto. Vejam, foi neste lugar que a faca de Cassius penetrou. Através deste
outro rasgão, Brutus, tão querido de César, enfiou a sua faca, e, quando ele
arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de César
escorreu. E Brutus, como vocês sabem, era o anjo de César. Oh! Deuses, como
César o amava. O golpe de Brutus foi, de todos o mais brutal e o mais perverso.
Pois,
quando o nobre César viu que Brutus o apunhalava, a ingratidão, mais que a
força do braço traidor, parou seu coração. Oh! Que queda brutal meus
concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto esta
sanguinária traição florescia sobre nós. Sim, agora vocês choram. Percebo que
sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto do nosso
César despedaçado.
Bons
amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que
praticaram este ato são honrados. Quais queixas e interesses particulares os
levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas são sábios e honrados e tenho
certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus
corações. Eu não sou um bom orador como Brutus. Sou um homem simples e direto,
que amo os meus amigos.
"Seguem-se
novamente comentários das pessoas, já agora lamentando o assassinato e
condenando os assassinos. Volta Marco Antônio”.
Aqui
está o testamento, com o selo de César. A cada cidadão ele deixou 75 dracmas.
Mais, para vocês ele deixou seus bens. Seus sítios neste lado do Tibre, com
suas árvores, seu pomar, para vocês e para os herdeiros de vocês e para sempre.
Este era César. Quando aparecerá outro como ele?
"
Revoltada a massa sai rumo às casas dos conspiradores para vingar César,
O
assassinato de Júlio César 7min18seg
Discurso
de Marco Antônio – 8min24seg
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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