O QUE É BOM PARA O JOÃO É BOM PARA O JOAQUIM
– 20/10/2.015
“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
O QUE É BOM PARA O JOÃO É BOM PARA O JOAQUIM
Há cerca de três décadas, logo após a
redemocratização, estabeleceu-se um debate muito acirrado entre “viúvas da
ditadura” e “simpatizantes dos guerrilheiros”.
- Vocês prenderam, torturaram, mataram, até
políticos como Rubens Paiva.
- E vocês? Sequestraram, roubaram, assassinaram. O
tenente Alberto Mendes Júnior foi covardemente morto a coronhadas quando estava
indefeso, amarrado.
- Tínhamos que nos defender, arrecadar fundos e
libertar companheiros presos.
- Evitamos a cubanização e o caos em andamento.
Não tinha fim o quiproquó e não se vislumbrava a
menor chance de consenso. Em nada. Adversários eram diabos, correligionários
anjos.
Em dado momento, farto, larguei a pérola:
- “O que é bom para o João é bom para o Joaquim”.
- “O que é bom para o João é bom para o Joaquim”.
Fez-se um silêncio aturdido, aproveitei para
arrazoar:
- “O que elogiamos nos afins, temos o dever de admitir nos adversários; o que condenamos nos adversários, temos de execrar nos afins.”
- “O que elogiamos nos afins, temos o dever de admitir nos adversários; o que condenamos nos adversários, temos de execrar nos afins.”
Simples, não? Mas como é difícil...
Atualmente o quadro se repete. “Coxinhas” e
“petralhas” apontam o indicador acusadando, mas não admitem os próprios
malfeitos, deslizes, irresponsabilidades. Lúcifer se transmuta em Belzebu com a
maior naturalidade e desfaçatez.
“O que é bom para o João é bom para o Joaquim”?
Lástima poucos quererem admitir e, principalmente, aplicar.
Eduardo Cunha, devido às contas na Suíça deveria
renunciar à presidência da Câmara Federal. Petistas de todos os escalões,
também acusados, são vítimas de “perseguição política” ou seguem lépidos e
fagueiros?
Desvios de verbas ora são crime, ora
imprescindíveis para a manutenção de obras sociais, como se desviar recursos ao
arrepio da lei merecesse elogios. Desvio de verba é desvio de verba, seja como
e para que for.
Ao admitir as “pedaladas” a presidente Dilma
desafia:
- “Eu me insurjo contra o “golpismo” e suas ações
conspiratórias. Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa para
atacar minha honra? Quem”? (Zero Hora, 15/10/2.015)
Devagar com o andor que o santo é de barro. Para
denunciar ações ilícitas não se exige reputação ilibada, é indispensável FALAR
A VERDADE. Só isso, nada mais. As próprias organizações policiais
disponibilizam telefones através dos quais recebem denúncias anônimas e muitos
casos são assim elucidados. A delação premiada parte de acusados por
prevaricações que utilizam esse subterfúgio PARA DIMINUIR A PENA, NÃO TEM
REPUTAÇÃO ILIBADA NEM MORAL LIMPA.
“Recorrer ao rótulo de golpismo não é o suficiente
para isentar a presidente de responsabilidade pela situação calamitosa em que o
país se encontra. Não é a “oposição golpista” que está investigando as
irregularidades: são instituições responsáveis, como a Polícia Federal, o
Ministério Público e o Tribunal Superior Eleitoral”. (Zero Hora, 15/10/2.015)
“O que é bom para o João é bom para o Joaquim”.
Políticos corruptos de diversos partidos,
empresários, intermediários, “laranjas” e inclusive quem, mesmo não se
favorecendo, permitiu o tsunami - não é uma marolinha, não – são culpados por
ação ou omissão por tudo que ocorreu e continua ocorrendo. Não posso crer em
ignorância. Seria igualmente inadmissível não enxergar o que ocorria e ocorre
bem debaixo do nariz.
Um detalhe agravante: Corrupção individual se
limita a milhões, o que já é muito, corrupção institucional inicia na casa dos
bilhões e pode levar um país ao debacle. Vejam a Grécia.
Lula , espertamente, tenta cooptar e aglutinar
grupos sociais mediante a ameaça do fim das políticas de apoio aos mais pobres
caso o indispensável ajuste fiscal seja executado: “E quais eram as coisas que
a Dilma tinha de pagar? Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família. Ela
fez as pedaladas para pagar a Minha Casa Minha Vida”. (Zero Hora, 14/10/2.015)
Então, segundo o ex-presidente, pode-se infringir a
lei, vangloriar-se disso e admitir o fato sem ruborizar.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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