terça-feira, 13 de outubro de 2015

GENI


GENI





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


Quando a corrupção corre solta, a sonegação campeia, leis permissivas desoneram grandes empresas de impostos, empreiteiras financiam campanhas de partidos políticos para se adjudicarem os melhores contratos, os “mais iguais” recebem “pixulecos” sem tamanho, benefícios sociais são concedidos sem a menor consideração com as possibilidades do erário, a dívida nacional é catapultada de maneira irresponsável transformando-se em compromissos impossíveis de serem honrados, surgem  todos os corolários correlatos... surge uma Grécia para servir de exemplo a não ser seguido.
Em Geni e o Zepelin de Chico Buarque podemos ler:
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade,
Resolvi tudo explodir.
A cidade apavorada
Se quedou paralisada,
Pronta pra virar geleia. 
A operação Lava-Jato apontou políticos e empresários para o STF. Num primeiro momento, 4 partidos foram elencados e jornalistas dos mais expressivos se manifestaram:
·        “Transformados em quadrilha desde o governo Lula da Silva, os três partidos (e antes o PSDB, no tempo de Fernando Henrique) criam o caminho perverso de desacreditar os políticos e a política ao forjar um conluio sórdido com grandes empresas privadas. A cegueira torna-se ultrajante quando nenhum dirigente dos três partidos diretamente implicados repudiou a roubalheira”. (Flávio Tavares – Zero hora, 15/03/2.015)
·        “As pessoas têm que respeitar as regras que elas próprias estabeleceram para viver em sociedade. Essas regras são a lei. Se a lei não é boa, lute-se para modificá-la, mas sempre dentro da lei, não fora. E, se a lei, mesmo injusta não for cumprida, é preciso haver punição”. (David Coimbra – Zero Hora, 16/03/2.015)
·        “Estou convencido que a maior contribuição do Brasil à humanidade no momento é o aperfeiçoamento da corrupção legal sem abrir a mão da ilegal. As propinas ilegais da Petrobras foram, em parte, distribuídas como contribuição de campanha aos partidos políticos. Coisa de gênio. Quer um contrato? Repassa uma parte para nós. Que parte? Uma que vamos acrescentar no preço que vocês cobrarão da nossa empresa pelos serviços que TALVEZ PRESTEM. Talvez nunca a corrupção tenha sido tão engenhosa”. (Juremir Machado da Silva – Correio do Povo, 16/03/2.015)
Não busquemos apenas nos personagens sob os holofotes da ribalta os culpados do caos que se instalou. Lembremos que, sem o aval de quem tem poderes para tanto, os descaminhos... descaminham. Repetidas vezes ao longo dos dois períodos de governo o presidente Lula se sentiu desconfortável com a legislação que o obrigava à prestação de contas e não se furtava de proclamá-lo:
·        “Não é fácil governar com a poderosa máquina de fiscalização e a pequena máquina de execução”.
·        Inconformado com a vigência da Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações e Contratos, no dia 9 de maio de 2.008, em discurso no município de Salvador, Bahia, ressaltou a importância de alterá-la pois as regras nela insertas estariam atrasando o cronograma de obras do PAC, permitindo um controle excessivo nos procedimentos licitatórios e obrigando à prestação de contas. (sic)
·        Em 2.009 o TCU sugeriu parar obras da PETROBRAS. O presidente Lula vetou dispositivos da lei orçamentária aprovados pelo Congresso que impediam os repasses e permitiu que fossem liberados R$ 13,1 bilhões. Para refinaria Abreu Lima, 6,1 bilhões, embora auditorias tenham detectado superfaturamento e outras irregularidades.
Consequências imediatas após a divulgação parcial dos nomes de políticos supostamente envolvidos foram manifestações populares: Em favor do governo, no dia 13/04/2.015, promovidas por movimentos sociais, sindicatos e partido político. No dia 15 multidões desfilaram se contrapondo à situação, alguns inclusive propondo impeachment da presidente. Em dois pontos houve convergência: os movimentos decorreram pacificamente e ambos conclamavam pelo fim da corrupção vigente, a maior já detectada no país em todos os tempos. Sem nominar, para não discriminar uns e outros, volto a citar o grande Chico:
Ele fez tanta sujeira,
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado.
As autoridades do executivo e legislativo discordam visceralmente quanto aos culpados da situação calamitosa que atravessa o Brasil e promovem uma verdadeira “guerra de bugios” que não aponta a mesma “Geni” para servir de alvo.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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