terça-feira, 23 de dezembro de 2014

NATAL




PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NATAL!
Há cerca de dois mil anos o mundo transpôs um portal: Iniciou a era d.C. e até a contagem do tempo inverteu sua direção. A partir dessa data segue em ordem cronológica ascendente, para o anterior estipula-se o inverso. Pode-se inferir que a própria jurisprudência, moralidade, costumes... inicia um redirecionamento de 180°.  Antes: a “Pena de Talião”, o “Olho por olho, dente por dente”, a partir de então, paulatinamente, o humanismo e o respeito aos direitos alheios rejeitando os princípios estratificados do “Dura lex sed lex” (a lei é dura mas é lei).
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma,  e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças, este é o primeiro mandamento. E o seguinte, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30-31)
A trajetória civilizatória encetada há 200.000 anos na mãe-África – sim, somos todos afrodescendentes – prossegue numa escalada não linear, muito menos uniforme. Além da coordenada do tempo, a distribuição geográfica influi decisivamente nos regimentos éticos, morais, jurídicos e de convivência. Para nós, por exemplo, os direitos dos homens e mulheres estão equalizando, em outras bandas até o apedrejamento por adultério ainda é lei vigente.
Apesar de toda esta descoordenação, com avanços e recuos chegamos onde estamos, mais evoluídos que nos primórdios porém distantes do ponto que pretendemos atingir. O   faremos no devido tempo.
A todos os leitores que nos acompanham em Litoralmania, meus votos dum FELIZ NATAL, que o próximo ano transcorra numa curva ascendente e, principalmente, muita PAZ!




  
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

FELICIDADE




Felicidade – Por Jayme J. de Oliveira



Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

“Só quem sabe formular corretamente a pergunta consegue obter as respostas que podem auxiliá-lo. Numa discussão, percebemos sempre que aquele que faz as perguntas apropriadas faz o diálogo avançar e, em geral, contribui para a solução”. (Anselmo Grün).
Felicidade significa estar “de bem” consigo mesmo. Como somos idiossincráticos, a felicidade de um não representa necessariamente a de outro, depende, intrinsecamente, de como encaramos a vida e o que desejamos que ela nos proporcione. Pode ser o desafogo financeiro, a saúde, o convívio harmonioso com nossos afins, uma sociedade justa e, principalmente, a harmonia em compatibilizar o que preconizamos com aquilo que realizamos. Nunca chegaremos à plenitude, contudo é nosso dever lutar para nos aproximarmos. Uma consciência tranquila é o melhor travesseiro.
Devemos trabalhar em prol da nossa felicidade. Há momentos em que as circunstâncias parecem coadjuvar, é a hora de aproveitá-las. Lembremos que podem não se repetir e uma vez desperdiçada, a oportunidade pode não retornar. Quando, ao contrário, o infortúnio se acercar, uma doença, um negócio mal resolvido, a perda de um ente querido, urge desdobrarmos os esforços para superar, sempre tendo em mente que, na vida tudo é passageiro e após a borrasca o sol ressurge para iluminar o ambiente.
A tendência natural é ficarmos satisfeitos após atingirmos objetivos, afinal de contas, não era para isso que tanto lutamos? Fujamos dessa armadilha solerte. Uma pessoa satisfeita, estanca. Para que continuar a jornada, por vezes árdua, se atingimos o que consideramos o topo?
A humanidade, desde o primórdio, e isso a diferencia dos demais seres vivos, foi, é, e sempre será espicaçada por dois sentimentos indissociáveis: a curiosidade e a insatisfação. A primeira não se conforma com o incógnito, o mistério. A outra não permite desistir antes de encontrar a solução. E então, ao encontrar a resposta, vislumbra o quanto ainda lhe resta saber.
“Para cada resposta que obtemos nos surgem dez novas questões, mas o que nunca vai acabar é a procura do homem pelo conhecimento”. (Jayme J. de Oliveira)
Jayme José de Oliveira
Capão da Canoa – RS – Brasil
(51)98462936 – (51)81186972
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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O GRANDE ESCOADOURO




PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

O GRANDE ESCOADOURO
Ao deparar com a coluna de Rogério Mendelski no Correio do Povo (23/11/2.014) relacionando os financiamentos que o Brasil concedeu nos últimos anos a países estrangeiros para empreiteiras brasileiras executarem: portos, hidrelétricas, metrôs, estradas, aquedutos, pontes, barragens, aeroportos, BRTs, purificação de água, aviões, ônibus, etc. ... alguns com remotas chances de pagamento, fico imaginando o quanto seriam úteis essas obras se realizadas no Brasil. Ah, as empresas encarregadas de realiza-las poderiam fazê-lo aqui, proporcionando milhares de empregos para brasileiros. As probabilidades de calote também seriam minimizadas.
Lembrei uma declaração de Lênio Streck, procurador aposentado do RS e professor da Unisinos, São Leopoldo:
Só não sabemos se  o governo não se esforça porque sabe que a sociedade não cobra ou se a sociedade não cobra porque sabe que o governo é lento”.
OBRAS FINANCIADASPELO BRASIL E EXECUTADAS POR EMPREITEIRAS BRASILEIRAS... NO EXTERIOR.
Porto Mariel (Cuba): U$ 957 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica de San Francisco (Equador): U$ 243 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica Manduriacu (Equador): U$ 124,8 milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica Chagila (Peru): U$ 1,2 bilhão – Odebrecht;
Metrô cidade do Panamá (Panamá): U$ 1 bilhão – Odebrecht:
Autopista Madden-Colón (Panamá): U$ 152,8 milhões – Odebrecht;
Aqueduto Chaco (Argentina): U$ 180 milhões – OAS;
Soterramento do Ferrocarril Sarmiento (Argentina): U$ 1,5 bilhão – Odebrecht;
Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas (Venezuela): U$ 732 milhões – Odebrecht;
Ponte sobre o rio Orinoco (Venezuela): U$ 1,2 bilhão – Odebrecht;
Barragem de Moamba Major (Moçambique): U$ 460 milhões – Andrade Gutierrez;
Aeroporto de Macala (Moçambique): U$ 200 milhões – Odebrecht;
BRT da capital Maputo (Moçambique): U$ 220milhões – Odebrecht;
Hidrelétrica de Tumarín (Nicarágua): U$ 1,1 bilhão – Queiroz Galvão;
Projeto Hacia el Norte-Rurrenalbaque-El-Chorro (Bolívia): U$ 199 milhões – Queiroz Galvão;
20 aviões (Argentina): U$ 595 milhões – Embraer;
127 ônibus (Colômbia): U$ 26,8 milhões – San Marino;
Com valores não informados:
Abastecimento de água na capital peruana – Projeto Bayovar (Peru): Andrade Gutierrez
Renovação de gasodutos em Montevidéu (Uruguai) – OAS;
Via Expressa Luanda-Kifangongo (Angola): Queiroz Galvão.
Acresçamos a esses montantes os perdões às dívidas de países africanos e obras posteriormente realizadas, financiadas pelo BNDES.
O “Petrolão” é a “cereja do bolo”, não admira que não consigamos honrar o compromisso com o superávit primário.
Já dizia que é uma rede que extrai da nação tudo o que pode. E a sociedade submissa se adapta”. (Raimundo Faoro, presidente da OAB de 1.977-1.979, em “Os Donos do Poder”)
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

DE PERO VAZ DE CAMINHA AO PETROLÃO


De Pero Vaz de Caminha ao Petrolão

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira
Na “Carta de achamento do Brasil” escrita por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, entre 22 de abril e 2 de maio de 1.500, verificou-se o primeiro episódio de tentativa para influenciar autoridade em benefício próprio ou de familiares, correligionários, etc. Dirigida ao rei D. Manoel I solicitava:
“Eis pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro – o que d’Ela receberei com muita mercê”.
Como vemos, o problema é endêmico e iniciou já no primórdio da nossa História.
Getúlio Vargas se suicidou ao imergir num mar de lama, em 24/08/1.954.
Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília merecem atenção especial.
No período ditatorial (1.964-1.985) a rígida censura obnubilou os descaminhos, a Comissão da Verdade tenta esclarecer.
Fernando Collor de Mello, como sabemos, sofreu impeachment e por sobradas razões.
No governo FHC o procurador geral da república, Geraldo Brindeiro, dos 624 inquéritos policiais que recebeu, engavetou 242 e arquivou 217. Somente 60 denúncias foram aceitas. Por conta disso recebeu o jocoso epíteto de “engavetador-geral da república”. Entre as denúncias que engavetou está a da compra de votos para a aprovação da PEC que instituiu a reeleição para presidente, governadores e prefeitos.
O presidente Lula reiterou ataques à atuação moralizadora do Tribunal de Contas da União (TCU). Após dizer que o Brasil “está travado”, ele defendeu a criação de uma câmara de nível superior, que possa decidir rapidamente sobre a liberação de obras suspensas por liminares da justiça.
“Não é fácil governar com a poderosa máquina de fiscalização e a pequena máquina de execução”.
Inconformado com a vigência da Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações e Contratos, no dia 9 de maio de 2.008, em discurso no município de Salvador, Bahia, ressaltou a importância de alterá-la pois as regras nela insertas estariam atrasando o cronograma de obras do PAC, permite um controle excessivo nos procedimentos licitatórios e obriga a prestação de contas (SIC).
Em 2.009 o TCU sugeriu parar obras da PETROBRAS. O presidente Lula vetou dispositivos da lei orçamentária, aprovados pelo Congresso, que impediam os repasses e permitiu que fossem liberados R$ 13,1 bilhões, embora auditorias tenham detectado superfaturamento e outras irregularidades.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff renegociaram U$ 1,036 bilhão de países africanos, dos quais U$ 717 milhões foram perdoados. O mecanismo de perdão de dívidas é positivo para países endividados pois abre oportunidades de novos investimentos externos. É também para o país que alivia a dívida, que geralmente quer investir no país endividado (as empresas que executarão as obras agradecem).
O Brasil perdoou dívidas e emprestou dinheiro aos seguintes países: Cabo Verde, Cuba, Gabão, Venezuela, Bolívia e diversos países africanos. A irregularidade fica patente porque, de acordo com a legislação vigente, a concessão de benefícios a nações com dívidas atrasadas junto ao Brasil necessita aprovação pelo Senado.
Houve corrupção de tal monta que foi instaurada a Ação Penal 470 junto ao STF a qual resultou na condenação de agentes financeiros, além de proeminentes líderes políticos envolvidos. Quem não fugiu para o exterior cumpriu ou continua cumprindo penas de reclusão.
E VEM A PÚBLICO O TSUNAMIDA PETROBRAS!
Não se sabe ainda quanto e quantos estão envolvidos, o certo é que não se trata de “arraia-miúda”. Diretores da PETROBRAS, políticos de alto coturno – cujos nomes ainda não foram divulgados, dirigentes – inclusive em nível de presidência – das maiores empreiteiras do Brasil. CEOS que jamais supunham pudessem ser sequer citados, foram encarcerados. Desta vez, ao que parece, não apenas os corruptos merecem atenção, os que disponibilizam o numerário, finalmente, “entraram na roda”.
A presidente Dilma Rousseff, da Austrália onde o G20 se reuniu, reiterou seu pronunciamento por ocasião da divulgação do resultado das urnas, combater a chaga, custe o que custar, doa a quem doer.
“O escândalo mudará para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e a empresa privada. A investigação à corrupção da PETROBRAS vai abrir caminho para a apuração e encerramento de outros esquemas ilícitos no Brasil, jogará luz do sol sobre todos os processos de corrupção”.
Atribui-se a Auguste de Saint-Hilaire a frase: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Bem que poderia ser parodiada para: “Ou o Brasil acaba com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil”.
Ai que saudade…
do tijolinho de banana
do meu Autorama
do Cinerama
do Mário Quintana
e da Petrobras pré-lama. (Luís Fernando Veríssimo)
Jayme José de Oliveira
Capão da Canoa – RS – Brasil
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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

DO SPUTNIK AO PHILAE





PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

DO SPUTNIK AO PHILAE
Quando, em 1.954, adentrei na Faculdade de Odontologia da PUCRS pespegaram-me, de cara, um apelido que me assentava como uma luva: “O maluco do satélite artificial”. Era o único, pasmem, que acreditava na possibilidade e não apenas nisso, mas na iminência de conquistarmos o espaço sideral. Onde busquei respaldo para a crença? Em Werner von Braun, o genial alemão idealizador das bombas V1 e V2 que fustigaram Londres a partindo do território germânico.
Ao findar a IIª Guerra Mundial EEUU e União Soviética arregimentaram os principais cérebros do IIIº Reich. Werner von Braun foi para os Estados Unidos onde, através da NRL (Naval Research Laboratory) projetou o foguete Vanguard para por em órbita o primeiro satélite artificial.
Em 4 de outubro de 1.957 o “Sputnik 1” russo realizou antes a façanha. Podeis imaginar que, apesar da surpresa que perpassou o mundo, “lavei a égua” com os que por quase 4 anos tinham praticado o que hoje denominam bullying.
Do ‘Sputnik’ ao ‘Philae’, os grandes êxitos da exploração espacial

Projeto Vanguard

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
"Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade". É provavelmente a frase que melhor resume a conquista do espaço e foi dita por Neil Armstrong na Lua, no dia 20 de julho de 1969. Esses pequenos passos começaram, no entanto, no lado rival. A União Soviética marcou o primeiro tento da corrida espacial (o lado mais amável da Guerra Fria). Seu 'Sputnik 1' tornou-se o primeiro objeto a ser lançado ao espaço e entrar na órbita da Terra. Aconteceu no dia 4 de outubro de 1957. O primeiro grande êxito de uma longa cadeia de achados cujo último grande marco é a aterrissagem da sonda 'Philae' no cometa 67P/Churyamov-Gerasimenko.
Sempre houve cérebros privilegiados que se anteciparam e catapultaram a humanidade ética, cultural e tecnicamente.
Eratóstenes (276 a.C – 194 a.C) calculou a circunferência da Terra 3 séculos antes de Cristo - ver coluna postada em 01/03/2.014;
Galileu Galilei (1.564 – 1.642) em 1.611 teve que ir a Roma abjurar a Teoria do Heliocentrismo, embasada na visão de Copérnico;
Pasteur (1.822 – 1.895) criou a primeira vacina contra a raiva;
Einstein (1.879 – 1.955) o pai da Teoria da Relatividade;
Júlio Verne (1.825 – 1.905) escritor que previu a viajem à Lua antes da invenção dos foguetes propulsores e o submarino Nautilus na época em que a fissão do átomo sequer era cogitada, escreveu: “Tudo o que uma pessoa pode imaginar, outros podem realizar”;
Isaac Asimov (1.920 – 1.992) cientista e escritor de ficção científica, elaborou as “Três Leis da Robótica” e é dele o pensamento: “Mesmo quando era jovem, não conseguia acreditar que, se o conhecimento oferecesse perigo, a solução seria a ignorância. Sempre me pareceu que a solução tinha que ser a sabedoria. Qualquer avanço pode ser perigoso, mas, os humanos não seriam humanos sem eles”.
Atenho-me aqui, impossível reportar todos os gênios que merecem nossa admiração, respeito e gratidão.


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado




CORAGEM E SABEDORIA





sexta-feira, 14 de novembro de 2014

AUTORITARISMO E DEMOCRACIA





Ponto e contraponto - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

Autoritarismo e democracia

13/11/2014
Muitas espécies de seres vivos são gregárias por natureza, cada qual à sua maneira. As alcateias de lobos obedecem ao macho dominante que procria apenas com a fêmea alfa, os demais membros compõem o grupo. Nas colmeias as atribuições são claramente definidas e bem específicas: a rainha tem por finalidade precípua, após ser fertilizada em seu voo nupcial, passara vida reclusa dedicada à reprodução. Apenas um dos zangões se acasala, após o que todos são sumariamente descartados. As operárias, assexuadas, tem por função a manutenção da colmeia e, quando necessário, sua defesa. Sir Thomas Morus (More) em “Utopia” lucubrou uma sociedade humana em muitos pontos similar.

O homem, desde o primórdio se organizou em sociedade que evoluiu através do tempo. Inicialmente o patriarcado, no qual o decano reinava absoluto e o primogênito herdava os bens e o poder (Esaú, Jacó e o prato de lentilhas trocado pela primogenitura).

Seguiu-se o sistema tribal, ainda existente em muitos pontos do planeta. Um conjunto de famílias sob a égide dum chefe.

O aumento populacional forçou o surgimento de nações, regime até hoje vigente. Dicotomizou-se o status do poder, surgiu o autoritarismo, poder absoluto e, recentemente, a democracia, poder delegado ao povo. O autoritarismo por sua vez pode ser laico – o comunismo é sua expressão máxima ou religioso – teocracia como no Irã – com suas variantes.

O comunismo, a versão mais drástica do socialismo é uma doutrina econômica e sociopolítica de cunho revolucionário, elaborada pelos teóricos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, que prevê a superação do capitalismo por meio da luta de classes, o fim da propriedade privada dos meios de produção, a instauração dum partido único e, num último estágio, a supressão do Estado e o estabelecimento de uma sociedade sem classes. Degenerou em todos os países em que vigeu e o aforismo “todos são iguais” transmutou-se em “todos são iguais, porém alguns são mais iguais”, surgiu a “Nomenklatura”.

A democracia, sistema político em que os cidadãos elegem seus dirigentes por meio de eleições periódicas, em que há liberdade de associação e expressão e no qual não existem distinções ou privilégios de classes hereditários. Na prática, em alguns países descambou para o capitalismo selvagem no qual prevalece a lei do mais forte, mais rico, mais agressivo. A plebe perdeu muitos de seus direitos igualitários.

Hodiernamente o socialismo se interpõe para dar um viés mais equânime, na prática resulta numa simbiose com o capitalismo. Aproveitando a superior eficiência do capitalismo na obtenção de resultados tecnológicos e econômicos graças à livre iniciativa e agregando uma consciência mais justa e distributiva – saúde, segurança e educação patrocinados pelo governo, por exemplo – sinaliza a rota a ser seguida daqui por diante. Países como a Suécia estão avançando em passos largos para socialdemocracia, regime que, no meu entender, escoimará os deletérios malefícios dos regimes antagônicos (comunismo – capitalismo selvagem).

Nada poderemos encontrar mais contrastante com a progressista social democracia que o regime chinês. Agrega o desumano extraído do regime comunista que se notabilizou nos goulags siberianos, com o egoísta capitalismo selvagem. Centenas de milhões de “cidadãos” trabalham em regime de semiescravidão, sem direitos trabalhistas nem respeito pela pessoa humana – direitos humanos? O que é isso camarada? – para usufruto duma “Nomenklatura” miliardária.

Aos que ainda tem resquícios de confiança na utopia socialista monolítica sugiro comparar o contraste tonitroante quando os sistemas antagônicos coexistem lado-a-lado: Alemanha Oriental - muro de Berlim - Alemanha Ocidental; Coreia do Norte-Coreia do Sul.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se esboroou e, constantemente, procura aglutinar o imiscível.

Em 05/01/1968 Alexander Dubcek tentou humanizar o comunismo. A “Primavera de Praga” foi sepultada em 21 de agosto quando a União Soviética e os membros do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia.

Depois do fim da União soviética um grupo de líderes da Chechênia tentou a independência. Entre 1.994 e 2.003 os conflitos armados custaram aproximadamente 150.000 mortos.

Os conflitos nos Balcãs, dos quais a Croácia é o exemplo mais recente, consubstanciam os problemas, aparentemente insolúveis, de aglutinação dos países da ex-URSS.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

IGREJAS DESSACRALIZADAS



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

IGREJAS DESSACRALIZADAS

Transformar locais sagrados em moradias, hotéis, bares, livrarias, lojas, etc. é, no mínimo, estranho. Em várias cidades do mundo, sobretudo na Europa, igrejas dessacralizadas são reformadas e assumem espaços culturais diversos. A cada semana dois templos são fechados para sempre. Igrejas são vendidas por preços na casa de 1 milhão de euros. Bancos de igrejas são colocados à venda por 40 ou 60 euros. Pode-se também comprar pias batismais e órgãos.

“A dessacralização designa o processo pelo qual amplos setores da sociedade e da cultura se subtraíram à autoridade das instituições e dos símbolos religiosos com consequentes reflexos nas mentalidades e consciências”. (Peter Berger)
Quando governantes se locupletam com o erário;
unem-se com ex-adversários figadais em nome da "governabilidade";
assinam contratos suspeitos - ou nem tanto - e aceitam aditivos que multiplicam os lucros das empreiteiras (e deles também);
na política internacional, tendenciosamente, só veem um lado da profligação;
perdoam dívidas sem consultar o Congresso;
entopem as repartições, secretarias, ministérios e o que mais for com "companheiros de luta";
enriquecem com "consultorias" e "conferências"...
Quando eclesiásticos se parecem mais com políticos que difusores da fé;
praticam a pedofilia e, como punição, mudam de paróquia;
dilapidam e não sei mais o que fazem com o dinheiro dos óbolos que deveriam ser sagrados...
Quando juízes acusados de apropriação indébita são aposentados com proventos integrais;
interpretam as leis a seu bel-prazer e chamam isso de "justiça alternativa";
libertam facínoras - inclusive os vândalos - porque prisioneiros têm pressa (Luís Roberto 
Barroso do STF)...
Meliantes comandam do interior dos presídios suas quadrilhas;
são beneficiados com progressão de regime;
não têm seus bens retidos para ressarcir os danos...
Cidadãos, seguindo o "bom exemplo”, lixam-se para as leis e as infringem quando podem e 
pensam escapar impunes;
impera a "Lei de Gerson"...

NÃO ADMIRA AS IGREJAS TEREM QUALQUER DESTINO QUE NÃO SEJA A ORAÇÃO E A ESPIRITUALIDADE.

Quando o Cardeal Jorge Mario Bertoglio foi ungido Papa e adotou o nome Francisco, o protetor dos pobres e dos animais, iniciou uma luta sem quartel contra os descaminhos da pedofilia, da utilização do Banco do Vaticano para fins menos ortodoxos, erigiu pontes para outras religiões pregando o ecumenismo na prática e não apenas na palavra, vislumbrou-se uma luz no fim do túnel. Radiosa e sinalizadora. Passará para a História como o primeiro que teve a audácia de enfrentar tabus centenários.
Quando a presidente Dilma, no discurso que proferiu logo após ser proclamado o resultado do pleito disse:
-“Terei um compromisso rigoroso com o combate à corrupção, fortalecendo as instituições de controle e propondo mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade que é a protetora da corrupção. Ao longo da campanha anunciei medidas que vão ser muito importantes para que a sociedade brasileira e o pais como um todo enfrentem  a corrupção e acabem com a impunidade”.
Se, como o fez o Sumo Pontífice, não hesitar em assestar as baterias mesmo que atinjam correligionários, também sairá merecedora da nossa admiração e gratidão.



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado






















quinta-feira, 30 de outubro de 2014

AS CAVALARIÇAS DE ÁUGIAS



Ponto e contraponto - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

As Cavalariças de Áugias

27/10/2014
“O analfabeto político é tão burro que estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. (Bertold Brecht)

Os problemas brasileiros não devem nem podem ser debitados a uma grei em particular. Todos contribuíram, em maior ou menor parcela, para o descalabro que hoje nos aflige.

Do livro de Monteiro Lobato que versa sobre o 6º trabalho de Hércules: “As Cavalariças de Áugias”, nas palavras de Emília, a boneca de pano tagarela: “se as cavalariças exigem um Hércules para limpá-las, então este tal de Áugias tem cavalos que não acabam mais”.Pode ser tomado como parâmetro e, mais do que nunca, procure-se um Hércules contemporâneo para efetuar a higienização dos nauseabundos malfeitos sedimentados pelos que os deixaram acumular ao longo da história, desde o Estado Novo, sucessivas camadas de lama pestilenta deslustrando suas biografias e desmerecendo nossos sufrágios. 

Áugias, rei da Élida (Grécia), filho do deus Hélio, era proprietário de grandes rebanhos de cavalos. Como não limpava os estábulos, um dos motivos era o fato de serem carnívoros e, inclusive, se alimentarem com os que ousavam se aproximar para higienização,ao longo dos anos uma quantidade imensa de esterco foi se acumulando e exalava um cheiro insuportável. Hércules, encarregado de efetuar a limpeza, desviou os rios Alfeu e Peneu que, apenas num dia, com suas fortes correntezas carregaram todo o estrume acumulado.

No Brasil, dificultando a tarefa, além de desinfestar e desinfetar há que se procurar minimizar os prejuízos e reencaminhar o país à trilha do progresso por tantas vezes interrompido ou retardado.

Após a proclamação do resultado, dois pronunciamentos sinalizam, se forem respeitados, uma luz no fim do túnel:

Aécio, ao acatar sem ressabios e indicativos duma oposição raivosa e intransigente, que apenas acirraria os ânimos a um extremo insustentável.

Dilma afirmando alto e bom som que não compactuará com a corrupção endêmica que assola o país no discurso pronunciado logo após a proclamação do resultado das urnas: “Terei um compromisso rigoroso com o combate à corrupção, fortalecendo as instituições de controle e propondo mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade que é a protetora da corrupção. Ao longo da campanha anunciei medidas que vão ser muito importantes para que a sociedade brasileira e o país como um todo enfrentem a corrupção e acabem com a impunidade” (SIC). Neste desiderato enfrentará uma tarefa tão hercúlea quanto à da limpeza das cavalariças de Áugias. Apenas obterá êxito com o desvio das límpidas águas dos rios Moralidade e Pertinácia, sem tergiversar ou aplicar panos quentes para não ferir suscetibilidades dos que não merecem o olvido de suas prevaricações.

Nunca é tarde para iniciar a varredura, mas quanto antes, menos penosa a tarefa. Se não o fizermos estaremos nos encaminhando, inevitavelmente, para uma sociedade anômica, desesperançada e dessacralizada.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


»Comentários
Um texto límpido, enxuto, de tamanha envergadura intelectual e sobretudo imparcial, só poderia ser da lavra do cronista Jayme de Oliveira. Parabéns. E que muitos leitores se atentem e lembrem o "juramento" feito pela reeleita.