“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CÉLULAS TRONCO
Em coluna anterior abordei uma falácia: “Antigamente era melhor”.
Estou consciente que os argumentos foram convincentes
e dificilmente encontraríamos alguém disposto a retornar a um mundo sem
vacinas, antibióticos, ANESTESIA, medicamentos eficazes para minorar as
consequências e os sofrimentos resultantes.
Nesta coluna pretendo abordar um dos projetos destinados
a abordar um tratamento para males que nos afligem e contra os quais ainda não
podemos afirmar que os dominamos por inteiro. No futuro, a curto-prazo alguns,
a médio ou longo prazo outros tantos serão combatidos com eficácia,
paulatinamente.
Passemos aos fatos. Em termos práticos podemos afirmar
que células tronco são células que
têm o potencial de recompor tecidos danificados e, assim, auxiliar no
tratamento de doenças como o câncer, o Mal de Parkinson, o Alzheimer,
recuperação de lesões na medula, controle da dor, doenças degenerativas
cardíacas, doenças autoimunes, entre outras. É um campo já vasto e os
horizontes se ampliam diariamente.
Qual a diferença entre células tronco com as demais que constituem o nosso organismo?
Usemos um exemplo simples, porém elucidativo. Tijolos, simples tijolos podem
ser usados para construir uma casa, um hospital, uma fábrica, um templo para
cultuarmos religião e também uma casa de tolerância. Os tijolos são os mesmos,
o resultado é que difere.
A pele, os rins, órgãos dos mais diversos e até o
cérebro, o mais nobre, sofrem lesões ao longo da vida e, quando as
consequências beiram um desastre total ou o cérebro é posto em xeque, antes de
sobrevir o xeque-mate o organismo recorre a elas, que são células
indiferenciadas e podem se transformar em qualquer tipo das que compõem o nosso
corpo. Mal comparando, podem, como os tijolos, construir um templo ou um
hospital. As células tronco podem
reparar um rim, a coluna vertebral e o próprio cérebro. Estão aí, à disposição
do organismo. Estamos iniciando a longa jornada que nos levará a utilizá-las
para regenerar os estragos que a natureza sozinha não poderia.
O uso de células
tronco faz parte do campo da medicina regenerativa, surgido há duas
décadas. Na medicina regenerativa as células e os fatores de crescimento do
próprio organismo são usados para reparar tecidos e restaurar sua função.
Vários produtos e terapias celulares já foram aprovados pelos órgãos
reguladores de vários países e estão em uso como, por exemplo, substitutos da
pele para tratar queimaduras, para reparar incisões cirúrgicas. Produtos
derivados do sangue do cordão umbilical para tratar algumas doenças e
transtornos sanguíneos. Tem potencial para revolucionar o tratamento de doenças
nas próximas décadas.
Vemos um futuro em que a medicina regenerativa será
uma especialidade médica como a cardiologia e a neurologia diz o Dr. Shane
Shapiro da clínica Mayo, na Flórida, Estados Unidos.
Há limites para tudo, alguns tratamentos melhoram a
qualidade da vida, muitas são terapias que não curam. O diabetes, e o
colesterol alto, doenças que são tratadas e não existe cura para elas,
continuarão assim, porém, com mais eficácia e menores efeitos colaterais.
Há charlatães que pegam carona em tratamentos em fase
experimental e afirmam curar coisas como a disfunção erétil e demência, sem
provas genuínas nem experimentos prévios.
Ainda decorrerão vários anos antes de tudo ser
testado, aprovado e disponibilizado, porém, o simples fato de avanço acelerado
nesse tipo de terapia já abre uma luz no fim do túnel e estamos convictos que o
futuro nos trará contínuos e esplendorosos resultados. Assim como o advento das
vacinas, antibióticos e outros que tais, o nível de vida dará m salto de
qualidade.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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