“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CHARLES DARWIN 2
Quando nos reportamos a fatos históricos, como A
Origem das Espécies, faz-se necessário dar atenção aos ditames vigentes na
época.
A Santa Inquisição que regia os costumes e a Justiça
em vigor entre os séculos XIII e XIX d.C. impunha obediência incondicional,
inclusive usando a força e a intimidação mais cruel: morte na fogueira aos que
caiam em desgraça.
Giordano Bruno, teólogo, foi queimado vivo em 17 de
fevereiro de 1600 por defender o conceito de que a VERDADE deve prevalecer
sobre as VONTADES e CRENÇAS.
Nicolau Copérnico e Galileu Galilei foram julgados e
condenados por defenderem a teoria do Heliocentrismo em contraposição ao
Geocentrismo defendido pela Igreja Católica e criada por Ptolomeu, cientista
grego que viveu na Alexandria no início do século II a.C.
Ipso
facto vanguardeiros viam-se confrontando riscos mortais ao
defenderem teorias que desafiavam o status
quo.
Charles Darwin apareceu com o que poderia ser
considerada a maior heresia, confrontava a Bíblia no tocante à origem e
propagação da vida, do homem e de todos os seres vivos. A Teoria da Evolução
desafiava o Criacionismo baseado no Gênesis, até então indiscutível, e, portanto,
tinha de ser combatida de todas as formas.
O Criacionismo tomado ao pé da letra afirma que TODOS
OS SERES VIVOS FORAM CRIADOS POR DEUS com a forma definitiva. Isso não admite a
EVOLUÇÃO natural e gradual para se adaptar às mudanças do meio ambiente. Aliás,
as mudanças que ocorrerem devem o ser pela interveniência direta do Criador.
Apesar de todos os protestos a teoria do darwinismo se
impôs no meio científico. As provas apresentadas eram tão consistentes que não
podiam ser contestadas: variação, seleção, estabilização da seleção e admitia também
o acaso como fator coadjuvante.
A teoria da evolução da vida no mundo, na qual Darwin
trabalhou durante 20 anos, tornou-se um best-seller
da noite para o dia; os primeiros 1.250 exemplares impressos se esgotaram
em menos de 24 horas.
Darwin resumidamente afirmava que as espécies são
criadas e exterminadas a partir do “princípio da tentativa e erro”; seres vivos
superiores desenvolvem-se dessa maneira, a partir de formas mais simples. A
evolução, que tem por base este princípio, foi também considerada válida para
os seres humanos.
“Considerando as afinidades mútuas, sua distribuição
geográfica, a sucessão de fatores geológicos e outros semelhantes, tudo
leva-nos a crer que as espécies não foram criadas independentemente, mas
descendem de outras espécies que foram se aperfeiçoando paulatinamente. As que
não conseguiram se adaptar extinguiram-se com a mesma naturalidade que outras
prosperaram”.
Essas regras produzem modificações diminutas e podem
exigir milhares de gerações para se concretizarem.
Num determinado momento ocorreu um salto de qualidade
quando o homo sapiens libertou-se do jugo absoluto dos instintos e passou a
reger pelo raciocínio. Continua a obedecer as leis da Natureza, porém não mais
se restringe a elas. Possui o livre arbítrio que lhe permite, inclusive,
modificar o meio ambiente, para o bem ou para o mal. Atualmente estamos à beira
de uma catástrofe porque insistimos em adaptar o mundo aos nossos desígnios,
sem medir as consequências. O aquecimento global que provocamos
irresponsavelmente exacerba aquilo que a natureza faz desde o início do
surgimento da Terra. Pode transformar o Paraíso que pretendemos no Báratro que
acabará nos destruindo.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Nenhum comentário:
Postar um comentário