quinta-feira, 4 de julho de 2019

KEYNES&ADAMS






PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.


KEYNES x ADAMS

A economia mundial se dicotomiza, a grosso modo, entre as teorias que advogam o socialismo  ou o capitalismo. Quando seguidas à risca, ambas levam a resultados catastróficos. O socialismo tipo soviético induz à formação de um regime que leva a uma “nomenklatura” com dirigentes nababos e acaba, sempre, em ditadura. O capitalismo, dito selvagem segue rumo semelhante apesar de pregar a democracia. Haverá solução? Os países escandinavos tentam e têm obtido progressos estimulantes ao procurar um regime simbiótico, onde se conjugam objetivos socialistas voltados ao bem-estar do povo com o dinamismo, proficiência e progresso tecnológico do capitalismo.                                                                                                                                                
As democracias se valeram de dois economistas que agregam simpatizantes. Quando se conjugam seus acertos e se desprezam suas deficiências (como nos escandinavos), surge uma luz no fim do túnel: economia sólida, avanços consistentes no nível de vida. O tempo dirá se nossos descendentes usufruirão uma vida digna de ser vivida, com conforto e liberdade conjugados.

“Se o governo administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia”. (Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia - 1976)
Não há dúvidas de que Adam Smith foi um dos economistas mais importantes da história, era um grande defensor da liberdade. O livre mercado era apenas uma consequência disso. A premissa básica de seu pensamento era a de que o governo não precisa interferir na economia, é base da teoria do liberalismo.                                                                                                                                   “Ao perseguir seu próprio interesse, o indivíduo frequentemente promove o da sociedade da forma mais eficaz e nenhuma nação pode florescer e ser feliz enquanto grande parte de seus membros for formada de pobres e miseráveis.”                                                                            
Em contrapartida, John Maynard Keynes, economista britânico cujas ideias mudaram fundamentalmente a teoria e prática da macroeconomia, bem como as políticas econômicas instituídas pelos governos, defende uma organização político-econômica oposta às concepções liberais. Fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável no controle da economia, com objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. Aponta a possibilidade de uma sociedade se desenvolver proficuamente, ou não.                                                                                 Defende a intervenção estatal na economia, principalmente em áreas onde a iniciativa privada não tem capacidade ou não deseja atuar e preceitua políticas voltadas para o protecionismo econômico. O livre mercado se volta, preferencialmente, para os interesses individuais e empresariais.                                                                                                                                                                  Vale ressaltar que Keynes era contrário à estatização da economia, como havia ocorrido nos países socialistas após a Revolução Russa de 1917. Ele defendia o sistema capitalista, porém acreditava que deveria haver ações e medidas de controle por parte do Estado.                                                                             Um sistema econômico equilibrado se baseia em ter uma poupança equivalente aos empreendimentos a serem executados. Quando isso não ocorre, torna-se necessário pedir emprestado a terceiros, com o consequente ônus do pagamento de juros e amortizações que trarão dificuldades aos tomadores e, possivelmente, às gerações futuras. Isso se o montante for superior à capacidade de pagamento em curto prazo.

Este desequilíbrio ocorre no Brasil a partir de 2002. Nesse ano, nossas dívidas, interna mais externa, somando as em nível federal, estadual e municipal alcançava o montante de R$ 852 bilhões, acumulados durante 180 anos, desde a proclamação da Independência (1822). Atualmente (abril de 2019) atinge a estratosférica soma de R$ 5,479 trilhões, 78,8% do Produto Interno Bruto (PIB) (Correio do Povo, 04/06/2019). Calculando pela taxa Selic (6,5%), os juros anuais alcançam a descomunal importância de R$ 356,135 bilhões, R$ 975,712 milhões diariamente. Em 16 anos, sextuplicamos a dívida que fora acumulada desde a Independência.
Estamos, seguramente, numa sociedade não mais equilibrada e se a situação perdurar, o nosso endividamento chegará ao ponto de que grande parte da renda arrecadada será destinada para honrar os juros e amortizar nosso débito. Sobrará muito pouco para todas as demais despesas, tanto as obrigatórias como as destinadas a investimentos. Aliás, o Brasil investe pouco porque se tornou refém de suas dívidas, em consequência oprime a população, inclusive nossos filhos e os filhos dos nossos filhos.
Para enfrentar esses déficits foi implementada a PEC do Teto de Gastos, cortando investimentos e até despesas precipuamente destinadas à educação, segurança, saúde e infraestrutura.

A quem ou a que devemos debitar esta situação escabrosa? Não existe causa única, é multifacetada e, entre outras, podemos elencar:
A corrupção que conluia empresas inescrupulosas com governantes sequiosos de enriquecer e com eles seus afiliados. Os bancos não ficam atrás, o ex-presidente Lula, em discurso na avenida Paulista (18/03/2016) disse que os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como no governo dele.
https://tvuol.uol.com.br/video/nunca-ganharam-dinheiro-como-no-meu-mandato-diz-lula-sobre-banqueiros-04020D183666C0C15326                                                                                                                       Obras superfaturadas são financiadas por verbas oficiais – no caso o BNDES – nos quatro cantos do mundo, principalmente no exterior. Enquanto porto de Mariel (Cuba), metrô de Caracas (Venezuela) avançam e são concluídas rapidamente, no Brasil, andam a passos de tartaruga, não são concluídas por falta de verbas ou sequer iniciadas. (Ponte do Guaíba, metrô de Porto Alegre, modernização do porto de santos, sistema rodoviário, etc.). Países latinos e africanos são primordialmente agraciados.                                                                                                                                 A Previdência acumula déficits e mais déficits (dados apresentados pelo governo federal revelam que o déficit do INSS é de mais de 180 bilhões) e quando se fala em reforma, a revolta se generaliza “querem tirar os direitos dos humildes a uma velhice tranquila”. “Reforma da Previdência vai privilegiar bancos e prejudicar mulheres”, afirma economista Marilane Teixeira (13 março de 2019).                                                                                                                                         Considerando que, atualmente, a previdência paga entre R$998,00 (mínimo) e R$5.839,00 (teto) para os aposentados incluídos no quadro geral e o valor do último salário para funcionários do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, aos militares e não obedece ao teto, não é preciso ser nenhum especialista para constatar a não veracidade do argumento. Os que, atualmente recebem acima do teto terão suas aposentadorias reduzidas quando a reforma da Previdência for implementada. E muito.                                                                                                                                                Temos que, impreterível e urgentemente estancar o crescente endividamento público, para isso, medidas drásticas se impõem e elas NÃO PODEM TARDAR.
O Brasil está, atualmente em situação similar a um cidadão que estourou seu cartão de crédito, afundou no cheque especial e se vê na contingência de continuar o endividamento. Nesta hora é preciso repensar os gastos para evitar o colapso financeiro, momento em que entrará numa espiral descendente que o levará à impossibilidade de honrar seus compromissos. Se fosse uma empresa, a falência seria inevitável, um país não entra em falência, descamba para uma situação calamitosa em que o cotidiano dos cidadãos cai a um nível em que nem os alimentos são acessíveis, por inexistência nos supermercados. O resto, educação, saúde, segurança, lazer...  Grécia e Venezuela são exemplos recentes, a Alemanha pós-guerra lembrança mais antiga. Com muito trabalho, perseverança, sacrifícios e cooperação de todos, conseguiu emergir do caos e hoje é uma superpotência.
UM EXEMPLO A SER IMITADO. MELHOR NÃO CHEGAR LÁ.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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