“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
REQUIEM DA LAVA JATO
“É evidente como a história recente do Brasil
(décadas) vem demonstrando que o empreguismo desmesurado contribui para a
ineficiência e a corrupção”.
São raros os eleitos que cumprem suas promessas de
campanha de seguirem a cartilha que permita uma governança direcionada ao
progresso do país e excludente do toma-lá-dá-cá nefasto.
O Ministério da Economia, a pedido do jornal O Estado
de São Paulo, esclarece que o total de cargos e funções no executivo federal
ultrapassa os 90 mil.
É compreensível que os eleitos escolham para seus
assessores diretos pessoas comprometidas com seu projeto político, ninguém
seria insensato a ponto de colocar inimigos na trincheira. Porém, convenhamos,
é inconcebível que não encontrem elementos capacitados, honestos,
incorruptíveis, entre os que apoiaram nas campanhas. Não podemos nos conformar
que sejam preteridos pelos áulicos (puxa-sacos) ou predispostos a labutarem
direcionando seus esforços para a consecução de projetos pessoais ou do agrado
dos “donos da caneta”. Lembro, a propósito, a resposta de Getúlio Vargas a um
repórter que o inquiria sobre a capacidade de seus ministros: -“Alguns são
incapazes mesmo, outros são capazes de tudo”.
Este preâmbulo se faz necessário antes de adentrar no
labirinto representado pela mixórdia que caracterizou as últimas décadas da
nossa História.
Duas ditaduras de extrema ferocidade e desrespeito à
nossa condição de cidadãos ansiosos por uma vida sem estarmos a mercê de uma
ressurgida “Espada de Dâmocles”. Numa delas, a de Getúlio Vargas, na qual o
simples fato de alguém se atrever a falar em alemão ou italiano, língua
aprendida com seus antepassados era punida drasticamente com prisão, sem
defesa, sem recursos jurídicos de qualquer espécie. A liberdade era concedida
ao livre arbítrio de uma “otoridade” do mais ínfimo escalão.
Na segunda, a ditadura de 1964, autodenomimada como
“Revolução Redentora”, prisões a granel, torturas e desaparecimentos. É bem
verdade que o outro lado também não se constrangia em cometer excessos,
inclusive assassinatos e conspirar para “cubanizar o Brasil”. Tempos duros,
preso por ter cão, preso por não ter cão.
Uma luz no fim do túnel: “Diretas já” possibilitou o
retorno da Democracia, contudo, acompanhada pela corrupção endêmica que
culminou em dois processos de impeachment, de Fernando Collor de Melo e Dilma
Rousseff. Seguiram-se o Mensalão, o Petrolão, as obras faraônicas executadas no
exterior (América Latina e África) que catapultaram nossa dívida a alturas
inimagináveis. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF) encerra 2022
entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.
E sobreveio a Covid-19. Em 31 de dezembro de 2019 a
Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia
na cidade de Wuhan, República Popular da China. Era uma cepa (tipo) de
coronavírus nunca antes identificado em seres humanos. Em 11 de março de 2020
chegou ao Brasil.
E aqui a consideraram uma “gripezinha”. O Kit-Covid,
conjunto de medicamentos comprovadamente sem eficácia foi distribuído pelo
governo Bolsonaro e seus adeptos. As vacinas foram desdenhadas. Se bem que
nenhuma vacina proteja 100%, é a única arma que o mundo tem para controlar a
pandemia. O resultado dessa decisão foi catastrófico, 694 mil mortes.
Nem
tudo são trevas, os presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso implantaram
o Plano Real que reduziu o cenário de uma inflação, em 1º de julho de 1994, no acumulado em doze meses chegou a
4.922%, às vésperas do lançamento da nova moeda. Finalmente, após os fracassos
dos planos anteriores o monstro foi domado e até o momento permanece sob
relativo controle.
Houve também uma tentativa de impedir o
recrudescimento da corrupção: a Operação Lava Jato. Infelizmente, quando
começou a aparar as garras de “figurões”, o caldo entornou. Era muita audácia
investir contra os “mais iguais” acostumados a “forrar o poncho” às custas do
erário público. Como se atreveram a investigar, julgar, condenar e prender
“Ilustres figuras”?
A defesa assacou as mais esdrúxulas alegações,
até foram admitidos, para ANULAR PROVAS, erros de CEP. Um acinte inominável, a
Lava Jato foi extinta em 1º de fevereiro de 2021, depois de ter condenado mais
de 100 réus que agora riem a bandeiras despregadas. O povo brasileiro lamenta e
veste luto.
Urge que os novos governos – Executivo e
Legislativo – regulados pelo Judiciário nos reconduzam à senda que infelizmente
abandonamos.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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