“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
XENOTRANSPLANTES
Na natureza apenas seres da mesma espécie podem se
reproduzir e continuar com a possibilidade de perpetuação. Um fator
determinante é a necessidade de as células reprodutoras, espermatozoide e óvulo
terem o mesmo número de cromossomos a fim de permitir a formação de pares
isonômicos. Desde priscas eras a humanidade tem feito cruzamento de animais da
mesma espécie com a finalidade de aprimorar seus predicados e obter uma
descendência conserve esses aprimoramentos genéticos. A pecuária consegue
melhorias e maior produtividade de carne e leite.
Experimentos com cruzamentos híbridos podem ter um
sucesso relativo, a mula, o cruzamento de um cavalo com uma jumenta ou égua com
um jumento. Como esses animais pertencem a espécies diferentes, mas são do
mesmo gênero, há possibilidade de cruzamento, porém não geram proles férteis,
as mulas são estéreis.
Na natureza as leis nem sempre são obedecidas de
maneira absoluta, exceções ocorrem e os resultados podem surpreender.
Abordemos as QUIMERAS. O quimerismo é uma condição
genética rara, determinará que o indivíduo possua dois tipos distintos de DNA
em seu corpo, pode ocorrer em humanos e acontece quando dois óvulos fecundados
se fundem antes do quarto dia de gestação, misturando as informações genéticas
sem que o indivíduo sofra grandes mutações. Se a fusão ocorrer após o quarto
dia eles produzirão gêmeos siameses.
TRANSGÊNICOS são organismos que receberam um ou mais
genes de um organismo doador de outra espécie. Essa alteração no seu DNA
permite que mostre características que não possuía antes.
Pessoas que nasceram com doenças genéticas graves podem
receber o gene que falta no seu genoma e se livrar da doença.
Utilizando as técnicas da transgenia, genes de animais
podem ser inseridos em humanos e mesmo órgãos de animais podem ser
transplantados em humanos. A ciência evoluiu e esses transplantes deixam de ser
coisa de ficção científica.
Em janeiro de 2022, o coração de um porco foi
transplantado em um americano de 57 anos. Bateu no peito do receptor durante
oito semanas antes de parar. Não foi por rejeição, mas em consequência de uma
infecção oportunista.
Realizado na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, foi o
primeiro transplante em que um ser humano recebeu órgão doado por um animal
(xenotransplante). Considerando que órgãos de outra espécie, quando
transferidos para seres humanos são reconhecidos como corpos estranhos e
começam a ser rejeitados em minutos, oito semanas são considerados uma
eternidade.
Centenas de transplantes foram realizados em animais
de espécies diferentes antes de se tentar em humanos.
Os porcos são os preferidos por terem os órgãos com
dimensões e anatomias semelhantes às nossas. O animal que doou o coração para o
primeiro transplante foi submetido previamente a dez manipulações: quatro de
seus genes foram modificados e seis genes humanos introduzidos em seu genoma
para induzir tolerância imunológica.
A aprovação de xenotransplantes em seres humanos
depende de agências reguladoras internacionais (FDA e Agência Europeia).
Transplante de células e órgãos de porcos transgênicos
para seres humanos deixaram de serem considerados ficção científica.
“Até uma jornada de mil milhas começa como primeiro
passo”. (Lao Tzu)
Comentário do colunista: “A evolução técnica e
científica promovida pelo homo sapiens pode se comparada a uma escada rumo ao
infinito. Galga-se subindo um degrau de cada vez e o final não se vislumbra.
Durante o trajeto aproveitamos os avanços e nossos descendentes já partem do
ponto em que paramos. E assim sucessivamente”.
Em tempo: Alguns dos dados do primeiro transplante
foram obtidos a partir de uma coluna escrita pelo Dr. Drauzio Varella médico,
cientista e escritor. (drauziovarella.com.br”, Zero Hora, 17/12/2022)
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado