“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
INSTINTOS
O homo sapiens e os animais são regidos pelos
instintos, não sobreviveriam caso não seguissem seus ditames. Uma
característica fundamental, que nos diferencia dos animais é que, além dos
instintos, nosso cérebro – a maravilha do universo conhecido – tem a capacidade
de ultrapassar os limites impostos pela natureza. Assim não fora, este ser praticamente
indefeso (não tem força física, agilidade, couraça epidérmica e outros tantos
que tais) não sobreviveria no ambiente diverso que o rodeava.
Nossa capacidade de inventar armas – defensivas para
enfrentar seres mais bem dotados fisicamente e ofensivas para caçar brutamontes
fornecedores de proteínas – representa um fator importante. Também construímos
abrigos seguros para, isoladamente ou em agrupamentos, garantir uma
sobrevivência relativamente tranquila.
Herbívoros dependem dos alimentos que a natureza lhes
fornece e quando o meio ambiente desanda, perecem pela falta. Os carnívoros,
dependentes de outras espécies para predar, também têm sua sobrevivência
jungida às condições favoráveis do meio ambiente.
Este é o instinto de alimentação e sobrevivência,
outros, o da propagação da espécie no topo, completam o conjunto.
Referi-me acima à dependência absoluta ao meio
ambiente que os animais não podem evitar, a migração é o único meio de que
dispõem para sobreviverem na ocorrência de desastres climáticos ou catástrofes.
O homo sapiens tem capacidade para modificar condições ambientais a seu
talante, por vezes o faz abusivamente e com falta de regulamentação adequada
aos limites, como, por exemplo, na excessiva produção e dispersão de gás
carbônico (C02) ameaça própria existência da vida como a conhecemos.
Coletador de vegetais foi o primeiro estágio,
conjugado à caça, nômades não podiam agir de outra forma.
Paulatinamente, com o aumento substancial da
população, surgiram problemas a serem resolvidos. Constatou-se a necessidade de
uma liderança (alguns animais, gregários, também a tem) para harmonizar o
trabalho e contornar as divergências. Pode ser laico ou um líder religioso
assumindo as duas funções. Surgiram os primeiros profissionais encarregados de
garantir a defesa, inclusive contra grupos rivais. Aldeias, prenúncio das
futuras cidades estabeleceram a derrocada do nomadismo.
Pastoreio e agricultura vieram concomitantemente para
garantir a subsistência alimentar.
Especialização nas atividades levou ao comércio,
inicialmente através do escambo (troca de produtos), posteriormente o dinheiro
facilitou tudo.
Animais foram domesticados para pastoreio, transporte,
alimentação e convivência. A roda civilizatória adquiriu velocidade crescente e
hoje somos o que somos.
No decorrer do tempo experiências com cruzamentos
entre espécies compatíveis – transgênicos mais recentemente – para obter
resultados melhores, mais acessíveis e de melhor rendimento. Vegetais seguiram
a mesma rota, as colheitas se tornaram mais abundantes e resistentes às pragas,
inclusive com a adoção de defensivos agrícolas e adubos.
A necessidade de armazenamento para enfrentar os “anos
de vacas magras” teve como corolário a indústria de conservação dos alimentos,
evitando a perda por deterioração.
E a roda do tempo girou inclinando sua direção para a
criação de alimentos sintéticos e, agora, timidamente, mas com futuro promissor,
PROTEÍNAS SINTÉTICAS, A CARNE DE LABORATÓRIO, que eliminará o perigo do
desabastecimento e o sacrifício de incontáveis vidas animais.
Será o mote da nossa próxima coluna.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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