quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

INSTINTOS

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

INSTINTOS

O homo sapiens e os animais são regidos pelos instintos, não sobreviveriam caso não seguissem seus ditames. Uma característica fundamental, que nos diferencia dos animais é que, além dos instintos, nosso cérebro – a maravilha do universo conhecido – tem a capacidade de ultrapassar os limites impostos pela natureza. Assim não fora, este ser praticamente indefeso (não tem força física, agilidade, couraça epidérmica e outros tantos que tais) não sobreviveria no ambiente diverso que o rodeava.

Nossa capacidade de inventar armas – defensivas para enfrentar seres mais bem dotados fisicamente e ofensivas para caçar brutamontes fornecedores de proteínas – representa um fator importante. Também construímos abrigos seguros para, isoladamente ou em agrupamentos, garantir uma sobrevivência relativamente tranquila.

Herbívoros dependem dos alimentos que a natureza lhes fornece e quando o meio ambiente desanda, perecem pela falta. Os carnívoros, dependentes de outras espécies para predar, também têm sua sobrevivência jungida às condições favoráveis do meio ambiente.

Este é o instinto de alimentação e sobrevivência, outros, o da propagação da espécie no topo, completam o conjunto.

Referi-me acima à dependência absoluta ao meio ambiente que os animais não podem evitar, a migração é o único meio de que dispõem para sobreviverem na ocorrência de desastres climáticos ou catástrofes. O homo sapiens tem capacidade para modificar condições ambientais a seu talante, por vezes o faz abusivamente e com falta de regulamentação adequada aos limites, como, por exemplo, na excessiva produção e dispersão de gás carbônico (C02) ameaça própria existência da vida como a conhecemos.

Coletador de vegetais foi o primeiro estágio, conjugado à caça, nômades não podiam agir de outra forma.

Paulatinamente, com o aumento substancial da população, surgiram problemas a serem resolvidos. Constatou-se a necessidade de uma liderança (alguns animais, gregários, também a tem) para harmonizar o trabalho e contornar as divergências. Pode ser laico ou um líder religioso assumindo as duas funções. Surgiram os primeiros profissionais encarregados de garantir a defesa, inclusive contra grupos rivais. Aldeias, prenúncio das futuras cidades estabeleceram a derrocada do nomadismo.

Pastoreio e agricultura vieram concomitantemente para garantir a subsistência alimentar.

Especialização nas atividades levou ao comércio, inicialmente através do escambo (troca de produtos), posteriormente o dinheiro facilitou tudo.

Animais foram domesticados para pastoreio, transporte, alimentação e convivência. A roda civilizatória adquiriu velocidade crescente e hoje somos o que somos.

No decorrer do tempo experiências com cruzamentos entre espécies compatíveis – transgênicos mais recentemente – para obter resultados melhores, mais acessíveis e de melhor rendimento. Vegetais seguiram a mesma rota, as colheitas se tornaram mais abundantes e resistentes às pragas, inclusive com a adoção de defensivos agrícolas e adubos.

A necessidade de armazenamento para enfrentar os “anos de vacas magras” teve como corolário a indústria de conservação dos alimentos, evitando a perda por deterioração.

E a roda do tempo girou inclinando sua direção para a criação de alimentos sintéticos e, agora, timidamente, mas com futuro promissor, PROTEÍNAS SINTÉTICAS, A CARNE DE LABORATÓRIO, que eliminará o perigo do desabastecimento e o sacrifício de incontáveis vidas animais.

Será o mote da nossa próxima coluna.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


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