“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura
UMA PESCARIA INESQUECÍVEL – 16/12/2.015
Reproduzo
a coluna que publiquei em 16/12/2015. Não tenho o hábito de reprisar, porém, na
atualidade brasileira ela se encaixa como uma luva. Preconizar atitudes
consentâneas com a ética e o respeito às leis devem ser aplaudidas de pé
O autor é
James P. Lenfestey, confira e reflita.
Ele tinha
onze anos e, a cada oportunidade que surgia ia pescar no cais próximo ao chalé
da família numa ilha que ficava em meio a um lago.
A
temporada de pesca só começaria no dia seguinte, mas pai e filho saíram no fim
da tarde para pegar apenas peixes cuja captura estava liberada.
O menino
iscou e começou a praticar arremessos provocando ondas coloridas na água, logo
elas se tornaram prateadas pelo efeito da lua nascendo sobre o lago. Quando o
caniço vergou, soube que havia algo enorme no outro lado da linha.
O pai
olhava com admiração enquanto o garoto habilmente e com muito cuidado erguia o
peixe exausto da água. Era o maior peixe que já tinha visto, porém a pesca só
era permitida na temporada. O garoto e o pai olharam para o peixe, tão bonito,
as guelras movendo para trás e para frente.
O pai,
então, acendeu um fósforo e olhou para o relógio. Pouco mais de dez da noite...
Ainda faltavam quase duas horas para o início da temporada. Em seguida, olhou
para o peixe e depois para o menino, dizendo:
- Você
tem de devolvê-lo, filho!
- Mas,
papai, reclamou o menino.
- Vai
aparecer outro, insistiu o pai.
- Não tão
grande como este, choramingou a criança.
O garoto
olhou à volta do lago. Não havia outros pescadores ou embarcações à vista.
Voltou novamente o olhar para o pai. Mesmo sem ninguém por perto sabia, pela
firmeza de sua voz, que a decisão era irrevogável. Devagar, tirou o anzol da
boca do enorme peixe e o devolveu à água escura. O peixe movimentou rapidamente
o corpo e desapareceu. Naquele momento, o menino teve certeza que jamais
pescaria um peixe tão grande como aquele.
Isso
aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje o garoto é um arquiteto bem sucedido. O
chalé continua lá, na ilha em meio ao lago e ele leva os filhos para pescar no
mesmo cais. Sua intuição estava correta. Nunca mais conseguiu pescar um peixe
tão maravilhoso como o daquela noite. Porém, sempre vê o mesmo peixe todas
as vezes que se depara com uma questão de ética. Porque, como o pai lhe
ensinou, a ética é simplesmente uma questão de CERTO e ERRADO.
Agir
corretamente, quando se está sendo observado, é uma coisa. A ética, porém, está
em agir corretamente quando ninguém nos está observando. Esta conduta só é
possível quando, desde criança, se aprende a DEVOLVER O PEIXE À ÁGUA.
Ah! Se
cada um de nós souber devolver seu peixe na hora da tentação, o mundo em geral,
o Brasil em particular e, principalmente, cada um de nós será, não apenas
melhor, mas poderá ao fim da noite repousar a cabeça no travesseiro. E ISSO É O
MAIS IMPORTANTE NA VIDA!
Cada um
de nós tem a oportunidade de, amiúde ver-se na contingência de optar entre
devolver ou recolher um peixe fisgado de maneira ilegal. Os que abdicam do
proveito imoral e veem os circunlóquios que políticos utilizam para alcançar
objetivos a qualquer preço estão estarrecidos com o que se escancara em Brasília.
O pior, infelizmente verdadeiro, é que ambos os lados se esmeram em segurar o
peixe sem o menor resquício de dúvida, hesitação. Remorso? Honorabilidade?
Essas palavras não constam no dicionário deles.
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