“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
INSTINTO, TOTALITARISMO, DEMOCRACIA
Humanos
e animais têm as mesmas necessidades básicas: conviver harmoniosamente com seus
semelhantes e, também, com as outras espécies, caso contrário as disputas por
território e alimentos culminariam numa luta interminável e catastrófica. Como as necessidades são díspares, cada espécie traça a sua rota, resta
delimitar a convivência entre os indivíduos afins. Nos animais o instinto
estabelece as regras. Nas
alcateias o lobo alfa elege uma loba também alfa para procriar enquanto os
demais componentes são acessórios, com diversas funções. Leões também vivem em
grupos, o acasalamento dura de dois a quatro dias e as fêmeas ovulam de duas a
três vezes por hora. Nesse período a cópula pode ocorrer diversas vezes e com
diferentes machos do bando, o que pode gerar uma ninhada com diferentes
pais. Outros tipos de comportamento existem e a harmonia se estabelece desde
que seja obedecida a hierarquia.
O
homo sapiens orbita em outra escala, a sociedade evoluiu do sistema paternal,
onde um líder comanda o grupo não muito numeroso, familiar de preferência, para
organizações mais complexas e compostas por um número bem mais expressivo,
milhares, quiçá milhões. Reis, líderes religiosos, imperadores e outros que
tais atravessaram séculos exercendo uma liderança inconteste, autoritária,
geralmente com sucessão hereditária.
A
Democracia Ateniense foi um regime político criado e adotado na Grécia
Antiga. Ela foi essencial para a
organização política das cidades-estados gregas, sendo o primeiro governo
democrático da história. O poder não estava mais concentrado nas mãos da
aristocracia, todos os cidadãos livres, maiores de 18 anos e nascidos em Atenas,
poderiam participar das Assembleias que regiam os destinos das cidades,
embriões dos futuros países. Um detalhe: mulheres, estrangeiros e escravos
estavam excluídos. Muitos séculos decorreram antes de se consubstanciar uma
democracia plena.
Uma
luta extenuante para se aperfeiçoar um regime equipolente, onde TODOS têm o
direito de votar e de serem eleitos, sem receio de contestações por líderes
carismáticos frustrados com o resultado das apurações e que se consideram “mais
iguais”. Esses, inconformados com a igualdade de direitos e deveres, amiúde
subvertem o regime e dão origem a ditaduras, todas execráveis, imorais e
retrógradas. Atualmente cognominadas de ”esquerda” ou de “direita”, devem ser
sepultadas a uma profundidade inalcançável.
Lenin-Stalin
derrubaram o regime czarista e instituíram o regime comunista na Rússia,
em1917. Não foi um avanço, foi uma mudança do ruim para o pior.
Hitler, na
Alemanha, inconformado com as extorsões protagonizadas pelos aliados da 1ª
Guerra Mundial no Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, que
impôs a “Paz dos Vencedores” se insurgiu. Escandalosamente arbitrárias e indigeríveis
pela Alemanha os termos duríssimos e draconianos protagonizaram a 2ª Guerra
Mundial (1939-1945) que deixou como saldo 40 milhões de civis e 20 milhões de
soldados mortos. Deveria ter sido um anátema para execrar as guerras, as
tiranias, as ditaduras e todas as coisas que separam os humanos comuns dos que
se julgam “mais iguais”.
NÃO FOI! Até
hoje persistem as ditaduras, algumas mascaradas por artifícios ignóbeis.
Infelizmente os humanos ainda elegem “ídolos com pés de barro”, relembrando
Nabucodonosor e o profeta Daniel.
Um
longo caminho já foi percorrido e muito resta a ser trilhado antes de
alcançarmos a JUSTIÇA e o equilíbrio de oportunidades para atingir o bem-estar
social.
Líderes
carismáticos, que podem ser representantes de religiões, do poder econômico, de
ideologias e outros mais, ainda encantam multidões, criam adeptos convictos
ferrenhos e os aliciam em proveito próprio, prometendo mundos e fundos e retribuindo
apenas com sonhos que serão descumpridos. As maiorias assim enganadas se
debatem numa subvida enquanto os “mais iguais” e seus áulicos se refestelam no
BEM-BOM.
Uma
luz insiste em brilhar no fim do túnel e se origina nos países em que a
social-democracia tenta se consolidar. O progresso técnico, o bem-estar proporcionado
pela riqueza em ascensão nas democracias de fato, aliados ao compartilhamento
dos benefícios para toda a população ativa (os que não podem se sustentar por
motivos diversos são amparados por fundos específicos que o Estado financia,
retirando verbas dos impostos arrecadados da comunidade). Evidentemente, regras
devem ser respeitadas, não tem cabimento a comunidade sustentar pessoas que não
têm o mínimo interesse em contribuir com sua parte, todos devem participar do
esforço conjunto, desde que estejam aptos para tanto.
Nem
capitalismo selvagem, que só visa o lucro, nem ditaduras cruéis chefiadas por
ditadores, de esquerda ou de direita, ambas detestáveis e desumanas.
Países
como a Noruega, a Suécia, a Finlândia, para citar alguns, estão tateando e
parecem rumar ao equilíbrio tão almejado. Estão avançando rumo à JUSTIÇA SOCIAL
COM PROGRESSO ECONÔMICO E DEMOCRACIA, cada cidadão faz parte de um todo
harmônico, onde os dirigentes se comportam como líderes de fato e de direito,
eticamente corretos. CHEGAREMOS LÁ QUANDO? QUANDO
A JUSTIÇA PREPONDERAR SOBRE A GANÂNCIA.
Para
finalizar: inútil o sonho utópico de Thomas Morus, criador da “UTOPIA” que
jamais se tornará realidade. Não somos abelhas nem formigas que seguem o
instinto e não podem almejar progredir graças ao esforço e talento para tal. Como
disse Jesus: “Sempre tereis pobres entre vós”
(Mc 14,7) ... “Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem
quando quiserdes. Mas a mim não tereis.
POSFÁCIO:
De
repente, não mais que de repente, em 23/02/2022, Vladimir Putin, no alto de sua
arrogância e desprezo pela opinião e direito de quem quer que seja, invade a
Ucrânia e inicia um confronto que sabemos como iniciou e não podemos imaginar
quais serão suas consequências.
IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) - O secretário-geral da Otan (aliança militar
ocidental), Jens Stoltenberg, concedeu entrevista nesta quinta-feira (24) para
falar sobre os ataques da Rússia na Ucrânia.
Ele chamou o governo russo de mentiroso e disse que o ataque é um
"ato brutal de guerra". Voltou a falar que a agressão é "o novo
normal para nossa segurança, e nós temos de responder".
Naturalmente, sem ameaçar nada militarmente, dado que Kiev não é parte
da aliança. Isso tende a cair em ouvidos moucos no Kremlin.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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