“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
VELHICE É DOENÇA? 2 – 06/11/2021
A VIDA é o maior espetáculo do Universo, pode-se até
dizer que é a razão da sua existência. A vida é um processo dinâmico, o
nascimento dá o “start” da viagem, infância, juventude, fase adulta, velhice e
morte são as etapas. Cada uma tem a sua finalidade, seus picos de relevância e
os escolhos que ameaçam o sucesso da jornada.
Desde sempre o tempo que medeia entre o nascimento e a
morte foi uma preocupação fundamental, a imortalidade um sonho aparentemente
inatingível. Os humanos sempre procuraram por todos os meios contestar o que
parece ser irrecorrível.
Matusalém, um patriarca bíblico presente no judaísmo, no cristianismo e
no islamismo teria vivido 969 anos.
Aasverus, o Judeu Errante, empurrou e ofendeu Jesus quando o Salvador se
dirigia ao Calvário para ser crucificado. Jesus, como resposta, teria lhe
condenado à eterna penitência de esperar seu regresso vagando pelo mundo sem
descanso, sem nunca morrer, até o fim dos tempos. Ponce de Leon, em 1493, sai da
Espanha rumo à América, acompanhando Colombo em sua segunda expedição. Procurou
a Fonte da Juventude perseguindo uma lenda que se revelou irreal.
Outras lendas e crenças houve, nenhuma comprovada.
A velhice, considerada universalmente como o declínio
irreversível da existência será, caso não haja sucesso na empreitada dos que a
contestam, classificada como “doença” na Classificação Internacional de Doenças
(CID), em 1º de janeiro de 2022. Protestos retumbam em todos os cantos. Mas,
afinal de contas, qual é o limite da vida humana para que possamos localizar a
velhice?
Na época de Cristo, poucos ultrapassavam os 40 anos.
Em 1900, nos países mais ricos da Europa e nos Estados
Unidos a perspectiva de vida era 50 anos.
Nos Estados Unidos, as mulheres passaram a viver 79
anos em 1995.
As francesas, 80 anos em 1987; as japonesas, 83 anos.
No Brasil e nos países em desenvolvimento, saltou de
40 para 70 anos.
Aqui vale ressaltar que o conceito de sexo frágil
atribuído às mulheres não encontra justificativa biológica, o organismo
feminino foi desenvolvido para durar mais, basta verificar que há um número
maior de viúvas. Em todos os países a vida média dos homens é, pelo menos, dois
ou três anos inferior ao das mulheres.
Em 2009, Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack
Szostak foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da
enzima TELOMERASE que permite regenerar os TELÔMEROS encurtados nas divisões
celulares por mitose. Qual a importância disso? Em cada divisão celular por
mitose, as extremidades dos cromossomos que são protegidos por proteínas – como
os cadarços dos tênis, por extremidades plásticas – perdem parte dessa
estrutura. Após uma série de divisões os telômeros se esgotam, os cromossomos
não podem mais se multiplicar e a célula morre. Antes disso passa por um
processo de envelhecimento, facilmente verificável na pele das pessoas
idosas.
A telomerase repõe os telômeros perdidos e os cromossomos recuperam sua
capacidade de multiplicação. Teoricamente este fato pode permitir a
multiplicação infinita das células sem que envelheçam e... abre a possibilidade
da vida eterna. Na prática espera-se estender a vida média dos humanos até
120-150 anos nas próximas décadas.
ISTO NÃO É FICÇÃO, é um primeiro passo, não podemos
prever até onde chegaremos. “Uma jornada de mil milhas inicia com o primeiro
passo”.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Nenhum comentário:
Postar um comentário