“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
VELHICE É DOENÇA? 1
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu incluir,
a partir de 1º de janeiro de 2022, o termo “velhice” na 11ª versão do Código
Internacional de Doenças (CID). O CID é uma das principais ferramentas no
dia-a-dia dos médicos. Classifica as doenças que existem, padroniza sua
nomenclatura e cria um código para cada uma delas. Como é um código de validade
internacional, os documentos assinados pelos médicos têm de usá-los em seus
documentos oficiais, inclusive nos atestados de óbito.
Parlamentares e especialistas protestaram contra a
inclusão de “velhice” pela OMS na mais recente atualização da CID. A avaliação
é que o novo item pode relacionar velhice com doença, impedir o registro
correto das causas das mortes e aumentar a discriminação contra a população em
idade avançada. É longa a lista dos que protestaram, individualmente ou através
de entidades. Citamos algumas.
Vânia Heredia, da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (SBGG); Ivete Berkenbrock, da Associação Médica Brasileira (AMB),
destaca o cuidado que devemos ter para acrescentar um código novo no CID; Dr. Frederico Patriota (MG),
presidente da Comissão do Idoso vai formalizar pedido para que a OMS reveja a
inclusão; O
geriatra Alexandre Kalache sugeriu a formação de um comitê com a participação d
governo e da sociedade civil e lembrou que a morte recente do príncipe Philip,
da Inglaterra, aos 99 anos, foi registrada como velhice no atestado de óbito
assinado pelo médico da Família Real, sir Huw Thomas;
O
Conselho Nacional da Saúde é contrário.
É um assunto que certamente será alvo de múltiplos
debates até a data da promulgação, 1º de janeiro de 2022.
Na próxima coluna abordaremos a velhice em diversos
aspectos. Médicos, legislação, Previdência, religiosos, costumes. Daremos
especial ênfase à eterna busca da vida eterna. Aasverus, o judeu errante, a
Fonte da Juventude procurada por Ponce de Leon e outros registros. As religiões
usam um atalho para incluir a imortalidade no imaginário dos fiéis. Como a vida
é finita, agregaram ao corpo a alma, esta eterna e imortal. A ciência médica
tem expandido o tempo médio de vida nos humanos. Graças à descoberta de
medicamentos, VACINAS, técnicas apuradas de tratamentos, incluindo cirurgias,
transplantes e muitos mais.
A velhice, passo-a-passo, foi se distanciando do
anátema: “ser inútil, consumidor que não colabora mais, esperando a morte”,
transformando esta fase em que a experiência adquirida permite voos amplos rumo
a uma vida digna e produtiva. Quantos progressos, inclusive científicos foram
protagonizados por vetustos personagens? Edison, o inventor da lâmpada elétrica
e do fonógrafo, do microfone e do projetor de cinema, para citar apenas as de
maior repercussão entre as literalmente mil – e – tantas utilidades que ele
criou manteve-se ativo até os 84 anos.
Quantos de nós continuamos em pleno vigor após
ultrapassar a “provecta idade”?
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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