quinta-feira, 30 de setembro de 2021

BINA

 


PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

BINA

O Brasil que vivemos atravessa uma fase de uma História que não nos orgulha, não nos infla o peito, pelo contrário, nos deprime e nos causa um imenso desconforto.

Atravessamos duas ditaduras que até hoje, depois de passados anos, ainda nos deixam ressaibos amargos e lembranças que causam pesadelos.

Amargamos inflações catastróficas, a última delas atingiu inimagináveis 2.477,15% ao ano. Sarney – lembram os fiscais do Sarney passando pente-fino nos supermercados que remarcavam preços diariamente (quando não duas vezes)? – Fernando Collor de Mello e o confisco da poupança que até hoje não foi plenamente ressarcido?

Planos econômicos foram elaborados para derrotar a inflação: Plano Cruzado (1986); Plano Bresser (1987); Plano Verão (1989); Plano Collor (1990). Todos fracassaram.  Finalmente, em 1º de julho de 1994, Itamar Franco (PMDB) e seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, mobilizaram nomes consagrados da economia nacional brasileira para elaborar o Plano Real que pôs fim à fase de instabilidade e descontrole de preços. Na época a inflação pelo INPC atingia inimagináveis 2.477,15% pelo IPC. Quando Lula assumiu, o Plano Real havia reduzido a inflação para 12,53% ao ano.

Aos trancos e barrancos Lula, Dilma, Temmer e Bolsonaro nos conduziram até aqui e aquilo que o Plano Real nos deixava vislumbrar na fímbria do horizonte, um futuro ascendente, foi sendo paulatinamente frustrado. A Covid-19 foi a pá de cal.

Temos também muito para nos orgulhar entre nossos representantes de proa que permitem crer no futuro. Xô para figuras que nos enxovalham. Lembremos Oswaldo Cruz, César Lattes, Santos Dumont, Thaisa Bergmann, Mayza Zatz, Marcelo Gleiser, Marcelo Viana e tantos mais.

 Vou abrir um espaço para Nélio José Nicolai, engenheiro eletrotécnico inventor do BINA, sistema que identifica chamadas de telefones, aquele número que permite sabermos com quem estamos falando e evita trotes tão costumeiros, inclusive golpes.                                                       

Passou 35 anos lutando na Justiça para receber os royalties da tecnologia. Morreu aos 77 anos, em 11 de outubro de 2017, sem receber o merecido. Nicolai desenvolveu o sistema em 1977, quando trabalhava na Telebrasília, operadora local da Telebras. Em 1990 adaptou o aplicativo para celulares. Lutou para ser reconhecido como inventor, no entanto, nunca recebeu o direito de explorar comercialmente a tecnologia.   Nicolai chegou a ganhar três ações em primeira instância e uma em segunda. Em 2012 recebeu da operadora Vivo um valor irrisório.  Se vencesse os recursos ganharia R$ 10,00 por cada um do mais de 300 milhões de celulares ativos no Brasil.

O BINA tem um certificado e uma medalha de ouro do World Intellectual Propriety Oganization, que reconhece e recomenda a patente, além de um selo da série de Invenções Brasileiras concedido pelo Ministério de Comunicações.

Nicolai tem outras 40 patentes registradas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com as mais variadas funções, desde leitores óticos para deficientes visuais até sistemas de proteção contra clonagem de cartões de rédito. (Dados colhidos no Google)

Sim, temos na nossa História inúmeros representantes que nos enchem de orgulho, lembremo-nos deles para contrabalançar os que, egoisticamente, nos aproximam do abismo. Não merecemos, somos um povo merecedor de mais respeito.



Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado


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