“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
INESQUECÍVEL BIDU
Na coluna anterior (Evolução positiva) defendi a tese de
que os humanos estão numa trajetória ascendente. Tanto técnica como eticamente
estamos progredindo rumo a uma civilização em que as diferenças paulatinamente
diminuirão e nos tornaremos irmãos na realidade, não na utopia impossível.
Impossível porque não saímos de uma linha de montagem que produz indivíduos
indistinguíveis. O livre arbítrio permite e conduz a uma diversificação que
Cristo já admitia como irreversível: “Pois sempre tereis convosco pobres, mas a
mim nem sempre tereis” (João, 12).
O livre arbítrio permitiu o surgimento de Mahatma
Gandhi, o que foi um alento e, também, Stalin e Hitler, que protagonizaram o Gulag
e o Holocausto, desastres de dimensões colossais.
No dia a dia ele também interage e afeta nossa vida.
Sádicos sentem prazer em provocar dor e sofrimento. Animais indefesos são
vítimas potenciais, a gata Bidu sucumbiu pela ação de um desses monstros. Morreu
envenenada.
Em fevereiro de 2018, para fugir da sanha de quem não
pode ser considerado humano refugiou-se debaixo de um carro estacionado na
Avenida Rudá, em Capão da Canoa - RS. Quiseram os fados que uma alma caridosa a
acolhesse e assim pudemos adotá-la e protegê-la no princípio. A Sra. Vera, Zeladora
do Edifício Viña de Mar a acolheu posteriormente e mesmo após mudar de endereço
continuou a dedicar-lhe amor e proteção... até o dia 2 de julho, seu último.
A pergunta que não quer calar: por que um energúmeno
preparou e ofertou uma isca envenenada que ceifou a vida da Bidu? Que instinto
endemoniado o levou a agir assim? Sadismo puro e simples? Repito: como
classificar o gesto insano que privou as pessoas que amavam a Bidu do afeto que
lhe dedicavam e eram retribuídas pelo meigo animalzinho, tanto assim que
procurou abrigo e proteção assim que sentiu a dor, o sangramento bucal e a
dificuldade de respirar que culminaram no seu fim. Merece ser considerado
humano?
Resta-nos, que tínhamos uma afeição indescritível, a
SAUDADE.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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