“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
EVOLUÇÃO POSITIVA
O processo civilizatório não segue uma trajetória
retilínea e uniforme, desde o seu início assemelha-se mais a um gráfico da
evolução de um conglomerado econômico. Tem períodos de progresso que podem
exacerbar num “boom”, entremeados de períodos instáveis, inclusive sujeitos a
debacles como o que atravessamos nesta pandemia. O que ao fim e ao cabo
interessa é o resultado averiguado em períodos prolongados.
Os pessimistas se habituaram a afirmar que estamos
regredindo, nosso padrão de vida vem num decrescendo: “A vida antigamente era
mais tranquila, seguramente melhor e mais suave”. Perguntem a esses inconformados
se optariam voltar aos padrões vividos pelos nossos avoengos. Sem antibióticos,
sem anestesia, sem a disponibilidade dos medicamentos que nos mantém saudáveis
ou, no mínimo, com possibilidades amplas de sobreviver com poucas sequelas,
retornando ao dia a dia confortável e sadio ao qual estamos acostumados.
Têm saudades do tempo em que uma viagem representava
desconforto em vez de um período em que se pode até descansar durante o
deslocamento, mesmo enfrentando grandes distâncias?
Regridamos ao início da Era Cristã, Idade Média e
prossigamos até os dias atuais.
Maravilha o tempo em que a crucificação era pena
imposta a ladrões, escravidão aceitável como regime de trabalho, férias e
descanso semanal um sonho quimérico, aposentadoria e direito trabalhistas uma
utopia, DEMOCRACIA inimaginável.
Estamos, é bem verdade, longe do objetivo final,
levará tempo, mas o tempo é coadjuvante, não empecilho. Chegaremos lá e então
realizaremos a tarefa para a qual o Criador nos trouxe à existência.
Leandro Karnal, historiador, professor da Unicamp,
escritor e conferencista, nos brinda com “As raposas altruístas”.
É muito raro deparar com um livro da área das ciências
humanas, profundamente humanista. “O futuro é melhor que você imagina” de Peter
Diamandis e Steven Rotler é uma exceção que refulge, aborda o mundo se
direcionando para um futuro cada vez mais próspero, abundante e igualitário.
Estamos habituados a considerar o verniz civilizatório frágil e que pode ser
quebrado facilmente. Exemplos como os
bombardeios da IIª Guerra Mundial (o horror de Hiroshima e Nagasaki), os campos
de extermínio que levaram ao Holocausto são tristes exemplos sempre citados.
Resistimos à ideia de que em condições propícias o caminho é percorrido no
sentido do aperfeiçoamento social, ético e intelectual.
Dimitri Belzayaev e a estudante Lyudmila Trot testaram
a raposa-prateada, um animal que jamais fora domesticado e extremamente
agressivo. Poderia originar “cachorrinhos dóceis”? Introduziam as mãos
protegidas por grossas luvas nas gaiolas e selecionavam as menos agressivas.
Após quatro gerações surgiram raposas mais “dóceis”, com filhotes que abanavam
os rabos, felizes com a aproximação dos tratadores. Na sequência brincavam,
mesmo quando adultas e atendiam por nomes.
Estudos posteriores de Brian Hore demonstraram a
sobrevivência dos humanos mais amigáveis, tal como ocorria com as raposas.
Brian foi a fazendas de raposas que já estavam na 45ª geração, fez testes e
descobriu um desempenho superior no item inteligência. A docilidade estimulou
o cérebro das raposas. No estudo de Brian, o
mesmo ocorreu nos seres humanos e ajuda a explicar o porquê os agrupamentos
mais violentos desapareceram enquanto os mais sociáveis prosperaram. Defende a
teoria que no progresso, inclusive intelectual e ético nos desenvolvemos mais,
comprovando a superioridade das pessoas negociadoras sobre as agressivas.
Examinando a História e a Evolução que se processaram ao longo do tempo podemos
nos inclinar para a convicção de sermos bons e não maus por natureza.
Analisemos: admitiríamos hoje que se realizassem
sacrifícios humanos para agradar uma divindade? (Abrahão esteve prestes a
imolar seu filho Isaac); a crucificação era pena admissível e aplicada inclusive
para punir ladrões (Cristo foi crucificado entre dois ladrões); no Far-West
ladrões de cavalos eram enforcados; feiticeiras eram queimadas vivas em
fogueiras sob auspícios da Santa Inquisição; a escravidão foi um regime que
penas recentemente foi abolido; armas químicas usadas na Iª Guerra Mundial: gás de cloro, gás mostarda e gás fosgênio - os nazistas usaram o Zyklon
B e o gás cianídrico no extermínio de judeus.
Haverá ainda alguém que
duvide da evolução positiva, não apenas intelectual, também ética e social,
rumo ao nosso destino final?
POSFÁCIO – O livre arbítrio, opção exclusiva do homo sapiens, permitiu a
existência de líderes carismáticos que só enobreceram a espécie e alavancaram a
civilização em contraponto a tiranos e déspotas sanguinários.
Quando retrocedemos ao passado, quem nos ilumina a mente e nos enche a alma
de júbilo, orgulho e esperança?
Átila, o rei dos Hunos ou Mahatma Gandhi?
Calígula, o mais cruel imperador ou Cristo que nos legou a lição do amor
ao próximo? Ibrahim
Awwad Ibrahim al-Badri , líder do Exército Islâmico ou Nelson Mandela, que
derrotou o apartheid? Joseph-Ignace
Guillotin , inventor da guilhotina, que encharcou de sangue a França ou Abraham
Lincoln, que enfrentou a Guerra Civil Americana para libertar os escravos?
No meu discernimento, a escolha salta
aos olhos.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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