“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
FICÇÃO CIENTÍFICA NÃO É FICÇÃO
A HISTÓRIA, como a conhecemos, iniciou com a
descoberta da escrita. Os dados coletados puderam ser arquivados para futuras
consultas de maneira segura e não sofriam as deformações inevitáveis na
divulgação oral (quem conta um conto aumenta um ponto).
Escribas possuíam grande destaque social, eram os
repositórios da cultura, inclusive da religião. Não é por outro motivo que aos
monges copistas se entregou a tarefa da produção dos manuscritos que
preservaram a civilização.
A descoberta dos tipos móveis por Gutemberg, em 1542
permitiu a impressão do primeiro livro, a Bíblia, da qual restam 48 exemplares.
Foi o primeiro passo da literatura, que se expandiu até se transformar no que
hoje conhecemos.
A ficção científica foi considerada durante muito tempo
uma literatura de segunda classe, coisa de visionários quando, na realidade,
foi uma grande impulsionadora do progresso da ciência. Lembro Júlio Verne
(1828-1905) em seu pensamento que se revelou profético: “Tudo o que um homem
pode imaginar outros homens poderão realizar”.
O telefone celular era considerado ficção. O capitão
Kirk de Star Trek (Jornada nas Estrelas), quem não lembra? “Vinte Mil Léguas
Submarinas”, o submarino Nautilus (Júlio Verne) era movido a energia atômica
quando sequer se conhecia a fissão do átomo. “Da Terra à Lua” (1865), foguetes apenas
eram usados como fogos de artifício, propulsores de veículos aéreos? Ficção de
“lunáticos”. Etc. (Júlio Verne previu, NO
SÉCULO XIX, viagens espaciais e motores de fissão quando nem se tinha como
supor possível. A verdade seguiu os passos da ficção e JAMAIS deixará de
fazê-lo).
Cito dois expoentes:
Arthur C. Clarke, lembram a série Cosmos? “A única
maneira de se definir o limite do possível, é ir além dele, para o impossível”.
Foi o inventor dos satélites geoestacionários, que permanecem sempre no mesmo
ponto da superfície da Terra, acompanhando sua rotação. Base de toda a
comunicação via satélite, inclusive a internet.
Isaac Asimov (1920-1992), o maior de todos. Apaixonado
pela noção dos robôs, esse americano nascido na Rússia criou em 1942 as famosas
Três Leis da Robótica, que exorcizaram o temor de que os robôs se revoltassem
contra o homem, seu criador, e o relegassem a um segundo plano ou, até, o
destruíssem. 1ª
Lei – Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser
humano sofra algum mal. 2ª Lei – Um robô deve
obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto em casos em
que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei.
3ª Lei – Um
robô deve proteger a sua própria existência desde que tal proteção não entre em
conflito com a primeira ou a segunda lei.
É possível, SIM, introduzir num cérebro positrônico
essas salvaguardas, tão possível como delimitar as funções dos atuais
computadores. Uma vez feito isso, ninguém poderá remanejar um robô de modo
transformá-lo num combatente sem freios. Só construindo tudo e novo, com outros
parâmetros, uma obra que, esta sim, se situa no âmbito ficcional.
A ficção científica realiza a proeza de refletir as
preocupações da época em que é escrita, e, ao mesmo tempo, antecipa situações
do futuro – situações que, com frequência impressionante, se transformam em realidade.
O próximo passo, o sistema 5G, logo mais o 6G e, mais adiante... difícil imaginar o limite.
HÁ LIMITE?
Se isso não é literatura de primeiríssima linha, não
sei mesmo o que é.
P.S.: Alguns dados desta coluna foram compilados na
revista Superinteressante, março de 2020.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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