“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
ATINGINDO O CLÍMAX – 14/03/2021
Nas democracias consolidadas, um parâmetro para nos
guiar pode ser a análise das opiniões expandidas por jornalistas idôneos.
Quando editoriais de jornais diversos e díspares - alguns até antagônicos –
convergem sem maiores discrepâncias, exalam confiabilidade. Quando, ao
analisarem situações de extrema relevância, concordam em tese e cerram fileiras,
podemos crer que a verdade está implícita.
O trabalho executado pela Lava-Jato está sendo
solapado, em breve será coisa do passado e não haverá mais nenhum delinquente
atrás das grades. Aliás, era de se esperar uma solerte campanha de descrédito
quando figurões passaram a ver o sol quadrado, eram muitos e oriundos de várias
procedências.
A técnica de “melar” para tudo voltar à estaca zero se
revelou eficiente quando delinquentes que antes eram inimigos figadais se
uniram para salvar a pele.
A anulação de julgamentos que se vislumbra ao dobrar
da esquina será a pá de cal na esperança de que o Brasil poderia, finalmente
mudar e a Justiça venceria o infindável arsenal de recursos e filigranas
jurídicos para reverter condenações e abortar futuras.
A possível reabilitação de corruptores condenados,
muitos ladrões confessos dispostos a devolver parte do surrupiado a fim de se
livrar das penas, é desanimadora.
“A Odebrecht comprometia-se a pagar, em valores
corrigidos por baixo, mais de oito bilhões de reais”. (Juremir Machado da Silva
- Correio do Povo, 19/02) Se
comprometia a pagar? Ipso facto
admitia ter havido o crime de corrupção. Para quem? A única dúvida a ser
caracterizada.
“Não surpreende o desânimo d quem confiou que o Brasil
havia mudado. A impunidade e o jeitinho são brasileiros e não desistem jamais”.
(Marcelo Rech – Zero Hora, 20/02)
Após citar esses dois jornalistas de credibilidade
ilibada, impolutos a toda prova, alicerço meu arrazoado em um nome acima de
qualquer dúvida, que não pode ser contestado por políticos de nenhuma facção.
Os de esquerda lembram Flávio Tavares que, nos “anos de chumbo” foi militante
da esquerda partidária da luta armada contra a ditadura. Foi um dos presos políticos
trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick e exilado no
México. Após a Anistia Geral e Irrestrita passou a fazer parte de Zero Hora,
onde refulge com suas colunas, independentes de ranços ideológicos, representam
o que há de melhor na imprensa brasileira. São dele os excertos que reproduzo:
“A expansão da pandemia é tão alarmante que, agora,
inunda a política. De um lado, regredimos à eleição de 2018, quando a maioria
confiou, de boa-fé, nas palavras de Bolsonaro que hoje se revelam reles
fantasias”.
“O mais daninho, porém, é desacreditar – ou exterminar
– a operação Lava-Jato, tal qual propõe o ministro Gilmar Mendes, do STF,
relator do pedido dos advogados de Lula da Silva de declarar “suspeição” do
então juiz Sérgio Moro. Aceitar essa tese é destruir a investigação que revelou
como grandes empresários e políticos se juntaram num sórdido conluio cujo único
fim era a rapina”.
“O efeito colateral da “suspeição” de Moro leva a
pandemia à política e ao sistema judicial. O juiz não cerceou a defesa do réu,
só quis ir ao cerne da trapaça. Mas, agora, o Supremo Tribunal pode, talvez,
transformar o juiz em réu, invertendo a ordem natural da Justiça!”.
OREMOS!
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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