“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
A LUZ NO FIM DO TÚNEL
Desde a mais remota antiguidade a ciência médica se
dedica a combater as doenças e o faz de diversas maneiras. Um dos esteios
consiste em aparelhar o organismo para resistir aos ataques patogênicos, sejam
quais forem, de maneira que recupere a saúde.
Mitrídates VI, rei do Ponto, Anatólia (120 a.C. – 63
a.C.) viu seu pai ser envenenado num banquete. Temeroso de ser a próxima vítima
procurou se imunizar tomando doses crescentes (mas nunca letais) dos venenos
conhecidos, até ser capaz de tolerar doses mortais.
Na medicina este procedimento é conhecido como
mitridatismo, base das vacinas e soros. Ressaltemos: vacinas e soros combatem
agressões de micro-organismos e patógenos, partindo do mesmo princípio, porém,
são distintos tanto no efeito como na época de aplicação.
VACINAS - Para provocar a imunização os
micro-organismos são atenuados (há diversas técnicas para tanto) de maneira a
não provocarem doenças e ensinarem o organismo a resistir através do
mitridatismo. As vacinas são aplicadas no organismo ANTES de ser exposto ao patógeno
e leva algum tempo para produzir os anticorpos (ao redor de 20-30 dias) e se
tornar efetivo. NÃO SÃO USADAS PARA TRATAMENTO, apenas como preventivo
específico.
SOROS – O princípio é similar, porém, o antígeno que
provoca a reação orgânica, é aplicado em doses crescentes num animal
intermediário (geralmente um cavalo) até que se torne imune e resistente. Soros
não possuem poder de prevenção, apenas esperança de cura. O produto a ser aplicado
em nosso organismo contém anticorpos, não sendo necessária a produção pelo
infectado, o que demandaria um tempo excessivo. Em virtude dessa
característica, dizemos que se trata de uma imunização passiva.
Para a produção de soro é necessária a intermediação
de outro animal, sendo o cavalo o preferido. Inocula-se o antígeno no animal,
após alguns dias são retirados alguns litros de sangue e separa-se o plasma que
será purificado. Esse plasma contém os anticorpos. Depois do processo o
material é levado para o controle de qualidade e, depois de certificado pela
Anvisa, está pronto para o uso. As hemácias não utilizadas são devolvidas ao
animal.
Os soros tanto podem ser usados para combater os
efeitos de venenos e peçonhas (como o soro antiofídico, contra os efeitos das
peçonhas de serpentes) como para uso contra micro-organismos (tétano, gripe,
tuberculose, etc.).
Este prolegômeno para reverberar o título da coluna: A
LUZ NO FIM DO TÚNEL. Nos traz alento e escorraça o turbilhão que nos atinge há
um ano. Ressaltamos enfaticamente que podemos enfrentar calamidades com soros e
vacinas. Vacinas como prevenção e soros como terapêutica, após instalada a
doença. Cloroquina tinha a pretensão de atuas nos dois setores, como preventiva
e como curativa. CÁSPITE!
A ciência vem em socorro, é confiável, ao contrário
dos fármacos inadequados, benzeduras e água-benta.
Nossos cientistas conseguem mais um feito que, se
aprovado, nos projetará mundialmente:
BUTANTAN ENVIA À ANVISA PEDIDO PARA TESTAR SORO
ANTI-COVID EM HUMANOS
Soro deve amenizar sintomas
Instituto tem 3 mil frascos prontos
Estima autorização na próxima semana
O Instituto Butantan enviou à Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) pedido de autorização para realizar um estudo
clínico (testes em humanos) de soro desenvolvido pelo instituto para o
tratamento da covid-19.
A Anvisa recebeu o pedido na 3ª feira, 2 de março.
Segundo a agência, os documentos já estão em análiseO soro tem
grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados
pela covid-19.
Feito em parceira com a Universidade de São Paulo,
os estudos clínicos do soro estão sendo conduzidos pelo infectologista Esper
Kallás, da USP, e pelo nefrologista José Medina, integrantes do Centro de
Contingência do Coronavírus do governo estadual.
Em teste com ratos infectados pelo vírus vivo, o
soro conseguiu diminuir a carga viral e a inflamação, os animais também
apresentaram preservação da estrutura pulmonar.
Após a aprovação da Anvisa para o início dos
testes em humanos, caso apresente a eficácia esperada, o soro poderá ser usado
para tratar pacientes infectados com sintomas, visando bloquear o avanço da
doença. O soro é feito a partir de um vírus inativado por radiação, em
colaboração com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e
aplicado em cavalos que produzem anticorpos do tipo IgG, extraídos do sangue e
purificados com uma técnica usada há décadas no Butantan.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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