“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
OS MAIS
IGUAIS – 08/02/2021
“Animal Farm” (A Revolução dos Bichos), romance
satírico do escritor inglês George Orwell, publicado no Reino Unido em 1945 foi
incluído pela revista americana Times na lista dos 100 melhores romances da
língua inglesa e permanece com uma atualidade incrível até hoje. Reedições se
sucedem e são avidamente disputadas por leitores à procura de entendimento do
que se passa.
Os que se consideram “mais iguais” não se cansam de
demonstrar a veracidade do axioma: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns
são mais iguais”.
O pedido enviado em 30 de novembro à Fiocruz pelo STF,
para que sejam reservadas 7.000 das vacinas contra o coronavírus aos servidores
do tribunal e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) desencadeou uma série de
pronunciamentos que se sucederam, uns contradizendo outros. O que se depreende
é que foi um episódio beirando o nonsense.
Ao final prevaleceu o bom senso e o presidente do STF,
Luiz Fux, no dia 27/12 encerrou o assunto, porém restaram sequelas.
“Nesses 11 anos no STF, nunca realizei nenhum ato
administrativo sem a ciência e a anuência dos meus superiores hierárquicos”.
(Mário Polo Dias Freitas, agora ex-secretário de Serviços Integrados de Saúde
da Corte, demitido pelo presidente Luiz Fux).
Pode ser agregado como correlato um pronunciamento do
repórter Marcelo Rech (Zero Hora, 2/1/2021):
“Como repórter
esquadrinhei Cuba e União Soviética, duas sociedades socialistas com razoável
equidade social e elevado índice de educação, mas um grau de privilégios e
corrupção impensável até para padrões brasileiros”. Mais adiante:
“Não é exclusividade dos abonados, os pobres
também apresentam sua faceta menos digna quando ignoram o motorista agonizante
na cabina para saquear a carga do caminhão tombado. Completam a cadeia de maus
espíritos que assombram o país há séculos”.
Incompreensível que a Inteligência Artificial (IA) em
vez de ser saudada universalmente como a luz no fim do túnel que nos permite
vislumbrar uma crescente melhoria no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
seja vilipendiada por muitos, inclusive de alto nível intelectual. Intelectuais
“progressistas” despudoradamente afirmam que a História se encaminha para um
aprofundamento que separa as elites da “plebe ignara”. Ignoram (ou fingem
ignorar) que, no início, os melhor aquinhoados usufruem o progresso, porém, ao
longo do tempo os benefícios se capilarizam e permitem aos pobres e distantes
os benefícios inacessíveis sem a ciência.
Exemplos, como a Zipline, empresa americana que
realiza entregas por drones levando vacinas, medicamentos e plasma congelado em
Ruanda, trazendo vida e saúde para 12 milhões de habitantes e muitas empresas
mais mundo afora asseguram que o nível de vida está num crescendo multilateral
onde diversos países regulam trocas de produtos e serviços inexequíveis de
outra forma.
Sim, a ciência melhora a vida de TODOS. Imagine uma
população sem vacinas, medicamentos, transporte, empregos estáveis, lazer
barato ao alcance? No Brasil, sem o acompanhamento médico-hospitalar
proporcionado pelo SUS?
Sim, a sociedade apresenta aspectos diferenciados que
nos permitem observar o quanto ainda nos resta avançar. Ideologias políticas e
interesses eleitorais, porém, desnudam este “calcanhar de Aquiles”. O
“toma-lá-dá-cá” useiro e vezeiro nas confabulações sempre que se tenta ajustar
parâmetros ou distribuir cargos e benesses, deveriam envergonhar os partícipes.
A última eleição para presidente da Câmara e do Senado foram exemplos execráveis
dessa afronta.
Finalizando: o que precisamos, urgentemente, é eliminar
a possibilidade de “os mais iguais” se considerarem merecedores de usufruir o
que deve ser universal enquanto os outros... ora, pensam, os outros que se
danem.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
Nenhum comentário:
Postar um comentário