segunda-feira, 21 de setembro de 2020

DROGAS PSICOATIVAS

 



PONTO E CONTRAPONTO - por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 

DROGAS PSICOATIVAS

Drogas psicoativas entram em ação com efeitos positivos extraordinários para corrigir ou amenizar situações que precisam ser normalizadas. São substâncias químicas que agem principalmente no sistema nervoso central, onde alteram as funções cerebrais e temporariamente mudam a percepção, o humor, o comportamento e a consciência.

Em meados da década de 1970, o laboratório Elli Lilly desenvolveu um antidepressivo que conhecemos com o nome de PROZAC, tinha poucos efeitos colaterais indesejados. Em pouco tempo passou a ser usado por alguns com o objetivo de melhorar o humor e a disposição mental. Essa forma de emprego, que não visa tratar qualquer doença ou desordem mental, visa elevar os padrões da vida normal, teve seu destino desvirtuado, infelizmente.                                                                                                                                 A RITALINA foi sintetizada em 1944 para controlar a Hipotensão Ortostática (vulgarmente conhecida como “pressão baixa”). Na década de 60 passou a ser utilizada para a Perturbação por Déficit de Atenção (PDA). Como se mostrou eficiente para melhorar a atenção e a memória começou a ser utilizada como estimulante mesmo em pessoas que não sofrem de PDA.

O Prozac e a Ritalina são exemplos de medicamentos originariamente desenvolvidos para fins médicos e passaram a ser utilizados para fins não médicos. Alguns psicoestimulantes como o MODAFIL inclusive já foram utilizados com a intenção de aumentar o desempenho físico e podem ser rotulados como dopping. Nesses casos é evidente que não são indicações estritamente médicas.

Num ponto conflitam os defensores do “imperativo moral para o melhoramento humano” com os que temem que a proliferação dessas práticas possa colidir com valores que prezamos como seres dotados de humanidade, não seriam moralmente admissíveis. Inclusive – os que não admitem freios ao desenvolvimento técnico - entram em rota de colisão com lideranças religiosas. Lembremos que no dia 22 de junho de 1633, o cientista italiano Galileu Galilei, cujos conceitos científicos mudaram a Física, Matemática e Astronomia, foi condenado pela Igreja Católica. A condenação foi motivada pelas descobertas que fizera e, segundo o Tribunal da Santa Inquisição, contrariavam as crenças filosóficas e religiosas da época baseadas nos ensinamentos de Aristóteles. Devemos ter um cuidado extremado para não seguir conceitos que não se sustentam quando analisados em profundidade. Lembremos os postulados do nazismo que tentou implantar a supremacia ariana e acabou deflagrando a II Guerra Mundial.

Como vemos, os fundamentos filosóficos propugnam convicções antagônicas. Uns resistem a inovações revolucionárias nos conceitos tradicionais e outros almejam melhorar a sociedade com conceitos até então desconhecidos que, literalmente, pretendem avançar por caminhos não convencionais e de imprevisível resultado. Um debate que não tem data para acabar, ao menos no horizonte visível atualmente.

Crescendo na escalada, a possibilidade de modificar a estrutura dos seres vivos com a manipulação dos genes do DNA acerbou o debate a um nível extremo.                                    Se, por um lado podemos criar drogas transgênicas que evitam doenças ou facilitam a cura, vacinas como a H1N1, contra a gripe e a Insulina, por exemplo, também está aberta a perspectiva para a manipulação de inexistentes agentes patológicos que não possuem antídotos e dos quais se desconhecem processos de cura. Um passo para a guerra biológica, um alento para terroristas e um pesadelo para a humanidade.

Se o arianismo se revelou uma quimera, transgênicos estão sendo elaborados diuturnamente nos laboratórios. Para o bem ou para o mal, como sempre ocorreu. Novos cultivares aditivados como vitaminas e nutrientes – o arroz dourado é um exemplo – podem no futuro próximo amenizar a fome endêmica no mundo e debelar doenças atualmente de difícil ou mesmo impossível cura (lembremos a AIDS). Por outro lado, manipular micro-organismos de modo a transformá-los numa “Espada de Dâmocles” suspensa sobre nós, um pesadelo possível e aterrorizante. Como possuímos o livre arbítrio, cabe a nós a escolha entre utilizar a ciência para elevar o padrão de vida ou degradá-lo a níveis inadmissíveis.

Oxalá Pandora abra pela derradeira vez sua caixa e liberte a Esperança nela aprisionada. Será o início de novos e alvissareiros tempos.

 


Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 


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