“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
DROGAS
PSICOATIVAS
Drogas psicoativas
entram em ação com efeitos positivos extraordinários para corrigir ou amenizar
situações que precisam ser normalizadas. São substâncias químicas que agem
principalmente no sistema nervoso central, onde alteram as funções cerebrais e
temporariamente mudam a percepção, o humor, o comportamento e a consciência.
Em meados da década de 1970, o laboratório Elli Lilly desenvolveu um
antidepressivo que conhecemos com o nome de PROZAC, tinha poucos efeitos colaterais indesejados. Em pouco tempo
passou a ser usado por alguns com o objetivo de melhorar o humor e a disposição
mental. Essa forma de emprego, que não visa tratar qualquer doença ou desordem
mental, visa elevar os padrões da vida normal, teve seu destino desvirtuado,
infelizmente.
A
RITALINA foi sintetizada em 1944
para controlar a Hipotensão Ortostática (vulgarmente conhecida como “pressão baixa”).
Na década de 60 passou a ser utilizada para a Perturbação por Déficit de
Atenção (PDA). Como se mostrou eficiente para melhorar a atenção e a memória
começou a ser utilizada como estimulante mesmo em pessoas que não sofrem de
PDA.
O Prozac e a
Ritalina são exemplos de medicamentos originariamente desenvolvidos para fins
médicos e passaram a ser utilizados para fins não médicos. Alguns
psicoestimulantes como o MODAFIL
inclusive já foram utilizados com a intenção de aumentar o desempenho físico e
podem ser rotulados como dopping. Nesses
casos é evidente que não são indicações estritamente médicas.
Num ponto conflitam
os defensores do “imperativo moral para o melhoramento humano” com os que temem
que a proliferação dessas práticas possa colidir com valores que prezamos como
seres dotados de humanidade, não seriam moralmente admissíveis. Inclusive – os
que não admitem freios ao desenvolvimento técnico - entram em rota de colisão
com lideranças religiosas. Lembremos que no
dia 22 de junho de 1633, o cientista italiano Galileu Galilei, cujos conceitos
científicos mudaram a Física, Matemática e Astronomia, foi condenado pela
Igreja Católica. A condenação foi motivada pelas descobertas que fizera e,
segundo o Tribunal da Santa Inquisição, contrariavam as crenças filosóficas e
religiosas da época baseadas nos ensinamentos de Aristóteles. Devemos ter um cuidado extremado para não seguir
conceitos que não se sustentam quando analisados em profundidade. Lembremos os
postulados do nazismo que tentou implantar a supremacia ariana e acabou
deflagrando a II Guerra Mundial.
Como vemos, os
fundamentos filosóficos propugnam convicções antagônicas. Uns resistem a
inovações revolucionárias nos conceitos tradicionais e outros almejam melhorar
a sociedade com conceitos até então desconhecidos que, literalmente, pretendem avançar
por caminhos não convencionais e de imprevisível resultado. Um debate que não
tem data para acabar, ao menos no horizonte visível atualmente.
Crescendo na
escalada, a possibilidade de modificar a estrutura dos seres vivos com a
manipulação dos genes do DNA acerbou o debate a um nível extremo. Se, por um lado podemos criar drogas transgênicas que evitam doenças ou
facilitam a cura, vacinas como a H1N1, contra a gripe e a Insulina, por
exemplo, também está aberta a perspectiva para a manipulação de inexistentes
agentes patológicos que não possuem antídotos e dos quais se desconhecem
processos de cura. Um passo para a guerra biológica, um alento para terroristas
e um pesadelo para a humanidade.
Oxalá Pandora abra
pela derradeira vez sua caixa e liberte a Esperança nela aprisionada. Será o
início de novos e alvissareiros tempos.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado