“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
VOX POPULI,
VOX DEI – 09/08/2020
Esta alegoria já era conhecida pelos gregos antes da
era cristã. Tito Livio (59 a.C. – 17 d.C.), historiador romano, em sua obra “Ab
Urbe Condita”, a História de Roma a citava. Nicolau Machiavelli de Florença em sua obra mais famosa, “O Príncipe”,
aconselhava os poderosos como ganhar e preservar o poder. Etc.
É uma falácia e, num debate com quem usava o argumento
para coonestar despautérios de governos recentes contestei:
“Se a voz do povo é a voz de Deus Pilatos agiu corretamente ao libertar
Barrabás e mandar crucificar Jesus”.
Esta falácia é paradigmática, um enunciado falso que, entretanto, simula
a verdade. Um sofisma.
Em 2002 a dívida externa+interna do Brasil (federal,
estadual e municipal) era de R$ 852 bilhões, acumulada em 180 anos, desde a Independência
do Brasil. Em 2018, catapultou para R$ 4,25 trilhões, (Zero Hora, 28/02/2020). O
AUMENTO EXTRAPOLADO SE VERIFICOU EM 16 ANOS. Se “vox populi, vox Dei”
exprimisse o correto este fato que remete às futuras gerações um ônus
exorbitante seria admitido sem tergiversações nem revolta. O recrudescimento da
inflação (que tanto tempo nos esgoelou) está à vista logo adiante, será um
efeito secundário e terrível da irresponsabilidade nefasta.
Bolsonaro, o presidente atual, afirmou (um dia após
apoiar as manifestações pedindo o retorno do AI-5) ter sido eleito pelo povo e,
portanto, representa a Constituição (???).
Vire a página e reflita comigo sob um ângulo peculiar:
“A maior dificuldade em decidir ocorre quando ambos os lados têm razões
indiscutíveis”. Lembro uma passagem de um livro de Paulo Coelho “Na Busca da
Verdade” (não sou fã dele):
Andavam pelo deserto Maomé e um discípulo quando
avistaram, ao longe, um vulto largar algo na beira do caminho. Curioso o
discípulo perguntou:
- Mestre, quem é e o que está fazendo? - É o diabo e espalha fragmentos da verdade. - Então ele não é tão mau assim. - Engano seu, é o que ele quer sugerir. Largando esparsos fragmentos da
verdade, cada vez que alguém encontrar um deles ficará convicto que possui o
todo e defenderá com empenho a sua VERDADE, repelindo e combatendo os que
recolheram outros fragmentos. O contraponto será rejeitado com intensidade e
não haverá acordo possível. Cada um
defenderá seu fragmento e não haverá acordo possível, o caos se
estabelecerá.
Mutatis
mutandis, é o que ocorre no Brasil no momento atual.
Primeiro fragmento da verdade:
a Economia não pode parar senão o país soçobra. Segundo:
o isolamento social é necessário para impedir a propagação da catástrofe
provocada pelo vírus.
Com quem ficamos? A quem dar ouvidos e fé?
Os latinos já tinham a resposta: “in médio stat virtus”, no meio está a virtude. Não podemos
paralisar todas as atividades, seria determinar o caos econômico, muito menos
permitir aglomerações irresponsáveis... a vida é o bem maior.
A AUTORIDADE (assim mesmo, com letras maiúsculas) com
a “caneta”, discernimento e inteligência saberá dosar as providências. E, para
ser justo, imparcial, coerente, estabelecerá a quantia certa para cada caso. O
mesmo critério não poderá ser aplicado para São Paulo e para municípios de
baixa população e sem recursos. Os parâmetros de população com risco de
contágio, comportamento dos populares, etc., são díspares. Portanto... É neste
momento que se conhece “quem tem farinha no saco”, sabedoria e, acima de tudo,
coragem para adotar providências, mesmo que amargas e impopulares.
“Um político pensa na
próxima eleição; um estadista, na próxima geração”- James Clarke
Jayme José de Oliveira
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
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