“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
EU VOU ME CUIDAR PORQUE TE AMO
Seres vivos instintivamente protegem suas crias, mesmo
sacrificando a própria vida para tanto.
O homo sapiens ultrapassa este parâmetro – a descendência -, criou a
ética, um sentimento de solidariedade que estende este proceder a todos da
espécie, mesmo a estranhos que jamais irá conhecer.
O livre arbítrio – uma característica exclusiva nossa
– permite agirmos mesmo contra o senso comum e esta idiossincrasia explica as
atitudes irresponsáveis típicas de pessoas que seguem a conhecida “Lei de
Gerson”: levar vantagem em tudo, mesmo que ocasione adversidades à comunidade.
Egoístas não levam em consideração o próximo e, por vezes, esta atitude tem
efeito bumerangue e acaba atingindo o próprio irresponsável.
A Covid-19 nos permite analisar o fato supracitado de
maneira inequívoca. Manter distanciamento social representa um sacrifício que
muitos não aceitam: “danem-se os outros, não vou permitir que a ameaça de uma
“gripezinha” (SIC) me force a usar máscara, impeça que socialize minha vida,
admita prejuízos econômicos ao restringir atividades, em suma, prejudique meus
interesses pessoais imediatos.
Sou atleta, passarei incólume pela pandemia, no máximo
um desconforto passageiro. Será? Muitas vezes a UTI de um hospital responde à
provocação e até um cemitério poderá ser o endereço final. Milhares, principalmente
jovens, descobrem tarde demais o engano fatal.
“Eu vou me cuidar porque eu te amo” é um texto que
recebi de um anônimo e aqui reproduzo.
Vale refletir.
EU VOU ME CUIDAR PORQUE EU TE AMO.
Essa é a frase que resume o momento que vivemos.
É agora que a gente vai saber o que fala mais alto em uma
comunidade.
O meu problema ou a nossa proteção.
Já ficou mais que provado que para cerca de 80% dos pacientes de
coronavírus, a doença nada mais é que uma gripe que nós, ranhentos do sul que
passamos o inverno todo gripados tiramos de letra.
Mas não é o momento de pensar nos 80%.
É hora de pensar nos 20% não inclusos nessa turma resistente. Na sua avó
que neste momento está com a saúde fragilizada por diabetes.
Na sua amiga que neste momento passa por uma quimioterapia.
No seu pai que tem problemas respiratórios. Para estes e outros pertencentes aos grupos de risco não é uma
gripezinha, é uma ameaça séria de morte.
Porque eu te amo, vou cuidar de nós.
Se hipoteticamente duas mil pessoas se contaminarem em minha cidade e,
dessas duas mil, cem precisarem de atendimento hospitalar ao mesmo tempo, vão
faltar leitos.
Vai atingir pessoas frágeis nas filas de atendimento médico. Vai virar
um caos.
Pelos outros, eu vou me cuidar. Pelos outros eu vou procurar o sistema
de saúde somente se apresentar sintomas e ter circulado por áreas de risco.
Pelos outros eu vou ficar em casa, isolado se eu for um caso suspeito.
Pelos outros eu vou me privar de sair pelas ruas onde houver livre
circulação do vírus.
Vou evitar festas e grandes eventos.
Vou lavar minhas mãos, vou evitar compartilhar o chimarrão, vou evitar
abraços e até mesmo os apertos de mão.
Pelos outros eu vou fazer minha parte.
E quando cada um faz sua parte, todos ganham.
O coronavírus estimula um
exercício real de empatia.
E empatia é igual a leito de UTI, não é em todo o lugar que a gente
encontra.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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