“Por
mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
O FUTURO DA HUMANIDADE
As religiões não podem ser descartadas quando se
projeta o futuro da humanidade, fazem parte intrínseca da civilização desde o
primórdio. Empreguei o plural porque nenhuma deve se sobrepor, todas as que
pregam o bem-estar universal merecem nosso respeito. Podemos incluir neste
círculo virtuoso os ateus que primam por filosofia humanista. Em 13/03/2017 o
Papa Francisco fez um dos seus pronunciamentos que ficarão marcados na sua
trajetória já tão impactante: “Não é necessário crer
em Deus para ser uma pessoa boa. De certa forma, a ideia
tradicional de Deus não está atualizada. Alguém pode ser espiritual, porém não
necessariamente religioso. Não é necessário ir à igreja e dar
dinheiro Para muitos, a natureza pode
ser uma igreja.
Algumas das melhores pessoas
da história não criam em Deus, enquanto que muitos dos piores atos se
praticaram em seu nome”.
O Capitalismo se baseia na maximização do retorno dos
investimentos, que serão destinados a uma minoria. Injustiça social. O Socialismo prega eliminar a propriedade privada
e colocar a economia nas mãos de um governo impessoal e centralizado. Acaba descambando em Gulags hediondos e nas
Nomenklaturas dos “mais iguais”. A
diferença entre o Capitalismo e o Socialismo é se os bens materiais e o poder ficam
concentrados em mãos privadas ou de burocratas. Nem Capitalismo, nem Socialismo, uma terceira via se vislumbra na
fímbria do horizonte: a Social Democracia que desponta nos países escandinavos
- Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia – são os que mais se aproximam desse equilíbrio representado na
conjunção entre a eficiência do Capitalismo com a distributividade do
Socialismo. A meta a ser alcançada.
Nos Estados Unidos, em
1862, um agricultor produzia alimentos para 3½ não agricultores. Com o advento
das técnicas mecanizadas de cultivo e insumos aperfeiçoados – adubos e
defensivos – atualmente produz para 27.
Considerando esses dados estatísticos, os ecologistas extremados que
pretendem uma agricultura-pecuária sem o uso de defensivos, mecanização
intensiva, técnicas que interferem no meio ambiente, etc., estão em confronto
direto com a teoria da bioética,
senão vejamos. Não resta dúvida que a agricultura orgânica produz alimentos
mais saudáveis, porém a custo elevado e, por conseguinte, apenas ao alcance dos
consumidores de alto poder aquisitivo. E os demais, a maioria da população?
Estarão excluídos definitivamente. O efeito colateral: – perverso – uma
agricultura e pecuária como esses ecologistas pretendem aprofunda o fosso de
desigualdade que os bioéticos lutam por diminuir.
A mecanização e, atualmente a cibernética, num primeiro momento
canibaliza empregos, mas, a longo prazo cria um número muito maior, com
salários melhores, porém exige conhecimentos compatíveis com as novas
performances.
Em
1830 o alfaiate francês Barthélemy Thimonnier criou uma máquina de costura
funcional.
Os artesãos, enfurecidos, destruíram a oficina
e as máquinas do inventor, preocupados com a possível perda de empregos. Thimonnier voltou para
Amplepuis e se sustentou novamente como alfaiate enquanto procurava por melhorias
em sua máquina. Ele obteve novas patentes em 1841, 1845 e 1847
para novos modelos de máquinas de costura. No entanto, apesar dos prêmios nas feiras
mundiais e
de ser elogiado pela imprensa, o uso da máquina não se espalhou. A situação financeira de Thimonnier permaneceu difícil e ele
morreu na pobreza aos 63 anos.
Reflitamos, se houvesse prevalecido o desejo
dos artesãos, atualmente não haveria a indústria de confecções e incontáveis
empregos não teriam sido criados. Outro ponto a considerar, usando métodos
puramente artesanais, agulha, tesoura e linha, qual seria o preço duma singela
calça de brim? Estaria ao alcance de quantos? Raciocínios
similares podem ser arrolados às centenas, milhares. Transporte de produtos com
veículos de tração animal? De passageiros? Olhe para tudo que existe, estaria
ao alcance de quantos? O progresso diminui o fosso da
desigualdade, sem ele estaríamos como em 1516 quando Thomas Morus escreveu
“Utopia”. Turnos de 16 horas diárias de trabalho, sem folgas semanais, sem férias,
sem aposentadorias e salários tão miseráveis que toda a família precisaria
trabalhar – inclusive as crianças – apenas para prover a alimentação. Victor
Hugo, em 1816, escreveu “Os “Miseráveis” onde, por roubar um pão, o personagem
foi julgado e condenado. A história é passada na França durante o século XIX,
os cenários são descritos com extrema riqueza de detalhes. O protagonista, Jean
Valjean, é um homem comum que se vê obrigado a alimentar a sua família faminta
e, para tanto, rouba um pão da vitrine de uma padaria. O jovem é condenado a
cinco anos de prisão por furto e arrombamento.
Não
estamos vivendo num mundo ideal onde TODOS têm oportunidades duma vida digna,
com o tempo chegaremos lá. A jornada para tingir o “Nirvana” é semelhante a uma
escada rumo ao infinito, longa, percorrida degrau a degrau. “Até uma jornada de
mil milhas inicia com um pequeno passo” (provérbio japonês).
Na
escalada, a informática abriu campo para uma nova classe de trabalhadores.
Incontáveis empregos altamente remunerados. Exigência? Mais conhecimento.
Compensação: menor desgaste físico, as rotinas laborais serão delegadas às
máquinas, aos robôs (as mais perfeitas e funcionais). Os humanos poderão se
dedicar àquilo que só eles sabem: investigar, criar novas técnicas e
ferramentas, instruírem-se, e... LAZER, a sós ou no convívio de familiares e
amigos.
Jayme José
de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado
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